As 10 figuras do ano são 4.
(A escolha das figuras tristes fica para outra vez, porque é preciso ser prudente. Seriam muitas mais.)
Em 1º lugar Jean-François Chougnet, o director do Museu Colecção Berardo de Arte Moderna e Contemporânea - o Museu Berardo do CCB.
Desconhecido antes, discreto depois, transformou uma grande mas heteróclita colecção num museu atraente e concorrido, inaugurando-o com uma brilhante montagem. Com compromissos vários, com novas aquisições notáveis e tb com opções pontuais discutíveis, como é natural, mas também com sinais bastantes de grande inteligência crítica, informação e eficácia visual. Já fizera uma estreia bem interessante e com muito humor na apresentação das esculturas da Colecção Berardo na AR e pôs de pé no CCB um programa de exposições temporárias que tem sido uma surpresa. (Berardo ele próprio poderia ficar para figura nacional do ano.)
2º Jorge Calado: com a exposição "INGenuidades, Fotografia e Engenharia 1846-2006" coroou o programa comemorativo dos 50 anos da Gulbenkian e abriu (voltou a abrir) os horizontes da fotografia em todas as suas direcções.
Com uma montagem excelente (em contradição com os designs preguiçosos para espectadores apressados, que por aí abundam) e um grande catálogo de mais de 600 páginas, foi tb uma exposição de exportação (em Bruxelas a mostra e com distribuição internacional da Thames & Hudson o livro).
E em Paris, na outra Gulbenkian que cá não chega, JC apresentou a primeira mostra antológica do inglês Mark Power (em associação com o Paris-Photo e os 60 anos da Magnum - mais um óptimo catálogo), depois de ter mostrado David Stephenson em 2006 e enquanto se prepara para expor as fotografias portuguesas de Thomas Weinberger em 2008. Continuou a trazer para o Expresso mensalmente informações sobre as fotografias lá de fora.
Em 3º lugar e ex-aequo, a uma distância considerável (para haver noção de escala): o Luís Trindade da P4 Photography e o António Júlio Duarte, na K Galeria, que vieram mudar os circuitos da fotografia em Lisboa.
O primeiro com os leilões de fotografias e de outras obras ou objectos, que dão projecção e viabilidade ao projecto de uma empresa com várias vertentes de actuação (também galeria, edições e circulação on-line), e em especial pela promoção do coleccionismo, num sector que tem sido subordinado aos equívocos e ignorâncias dos compradores de "arte contemporânea". A galeria nas suas novas instalações na Lapa inaugurou-se a 3 de Outubro com "Atlas", uma mostra de Carlios M. Fernandes, João Mariano e Rui Fonseca (até 10 Jan.) p4photography
Quanto ao António Júlio Duarte, além da comparência como artista, manteve na Kgaleria ao longo de todo o ano uma programação excelente, também por ser original e com sucessivas surpresas. Por lá passaram em especial fotógrafos desconhecidos - e é isso o que se precisa para mudar o ambiente claustrofóbico (e também grandes conhecidos, claro - mas aí são outros que não cumprem as suas responsabilidades). A Margarida Medeiros fez no Ípsilon/Público de 29 de Dez. um registo desse programa e continuam em exposição as magníficas fotografias de Rodrigo Amado, tb músico e crítico de jazz, a última das "revelações" propostas por AJD (ainda de 9 a 26 de Jan. - a seguir a programação da galeria do colectivo Kameraphoto será da responsabilidade de Sandra Rocha e Pauliana Valente Pimentel). kgaleria