Em ante-estreia na Cinemateca, dia 11 *de Julho*, o filme EDUARDO LUIZ RETRATO DO ARTISTA DESAPARECIDO, de Victor Candeias produzido por Mediterrânea, 2006 - 55 min. Documenta a vida e obra do pintor Eduardo Luiz (1932-1988), “um homem que escolheu a pintura como ofício e cujo perfeccionismo originou uma obra escassa” e que “no seu exílio voluntário prosseguiu obstinadamente um percurso isolado dos movimentos artísticos contemporâneos e à margem da opinião crítica”. Também segundo a inf. para a imprensa, com a participação de personalidades ligadas às artes plásticas e narração de Rogério Samora e Adriano Luz.
Auto-retrato póstumo, 1984, o/t 100x50cm
É uma oportunidade para fazer reaparecer o "artista desaparecido", ou desconhecido, segundo outras vozes.O realizador optou por uma aproximação quase policial, procedendo a uma investigação sobre as circunstâncias e as causas da tal suposta desaparição - se por desaparição se refere algo mais do que a morte (em 1988). Talvez por isso o realizador tenha optado por substituir a documentação fotográfica tradicional por efeitos de trucagem ou animação (?) enquanto as obras (usando as reproduções acessíveis) são sujeitas a manipulações gráficas. Tais processos, que podem incomodar os puristas, fazem do filme uma obra acessível e comunicativa, muito diferente da generalidade dos filmes de arte sobre artistas, que são pretenciosos e chatos, a funcionarem só como escape para frustrações cinéfilas.
A opção por Paris, a dedicação exclusiva à pintura (ao contrário das habituais vidas de amadores jeitosos de que gostam certos críticos), a extrema ambição da obra, a luta inglória e amargurada pelo reconhecimento crítico e institucional, são tópicos que o filme segue como balizas certas.
Faço parte do pequeno grupo que tem o pintor em alta estima, e, sem gostar de me ver no ecrã, acho que a chamada crítica (parte dela) aparece em cena a mostrar o seu pior lado, a recusa de quem escolhe o seu caminho, a cegueira perante o que escapa aos estilos colectivos e às alegadas marcas do tempo.
O filme passará na tv (*), e o Centro de Arte de Algés - Colecção Manuel Brito vai expor as 15 ou obras que possui sw Eduardo Luiz em Setembro. Haverá oportunidades para voltar a ver e voltar a falar do pintor.