UM BESTIÁRIO, DUAS GRAVURAS IMPRESSAS, DOIS POSTAIS PUBLICADOS, DUAS REPRODUÇÕES DIGITAIS:
Um dos núcleos da exposição agora apresentada no Atelier-Museu é dedicada ao bestiário do artista, que na área da estampa, ou da obra gráfica (printmaking) começa a nascer em 1952, com o Elefante reproduzido em cima, gémeo de um Javali, também exposto.
dois postais: imagens digitais de duas reproduções tipográficas de dois originais gravados. Elefante, 1951, linogravura (14,5x17cm), e em baixo está Touro, de 1959, água-forte a duas cores.
Neste caso, os dois animais são o tema único da estampa (uma linogravura, de que se expõe também a matriz, o elefante), e daí a ideia de bestiário, porque, de facto, em diálogo com personagens humanos os animais surgem na segunda estampa do autor (O galo morto, 1948, linóleo), e aparecem os touros e cavalos nas duas Tauromaquias de 1950, litografias, e as pombas (obviamente da paz - ao tempo da Guerra Fria) em três litografias com meninas de 1951 - duas estão expostas. Os seguintes bichos serão já de 1957, passando-se à gravura em cobre (Gnu ou Boi-cavalo, dois buris, e um Porco-Espinho, idem, contemporâneos do Burro e do Perú, ambas águas-fortes e ambas expostas).
A série continua, e os animais (Os Animais Sábios - o nome aparece nas esculturas em barro da individual de 1950 ) prolongam-se até ao presente.
Em ambos os casos as obras expostas são gravuras/impressões/estampas originais (são originais e múltiplos como é próprio da gravura ou obra gráfica de autor) e foram agora reproduzidas tipograficamente como postais, foram multiplicados como reproduções, de pequeno formato e acessíveis: aqui na página reproduzem-se digitalmente (scanner) as reproduções. São três modos muito diferentes da existência, da condição material e do fabrico de imagens. Estas técnicas em que a mão se alia a uma impressão mecânica foram precedidas no Ocidente pela iluminura, que era um original pintado manualmente e que se repetia, também como possível múltiplo, nos dias longos dos conventos.
Nota: A trapalhada que o Benjamin criou com a sua reprodutibilidade técnica e a perda da aura ainda não assentou. "Mesmo na reprodução mais perfeita, um elemento está ausente: o aqui e agora da obra de arte, sua existência única, no lugar em que ela se encontra." (...) "O conceito de aura permite resumir essas características: o que se atrofia na era da reprodutibilidade técnica da obra de arte é sua aura. Esse processo é sintomático, e sua significação vai muito além da esfera da arte."
Entre a obra única (pintura, desenho) e a reprodutibilidade técnica (a impressão tipográfiaca) existem os objectos (as criações artísticas) que são pelas suas condições materiais de produção ao mesmo tempo originais e múltiplos (não são reproduções): a escultura fundida (em bronze, em especial) é um caso exemplar, as estampas/obra gráfica estão na mesma situação, e as provas fotográficas de autor igualmente. (O linóleo, a litografia e a serigrafia não são gravuras mas são estampas/obras gráficas). A reprodução escolar do Benjamin tem tido efeitos muito perniciosos.
Mais animais:
Javali, 1951, linogravura
Peru, 1957. Ed. Gravura (uma tiragem de 450 para presentear todos os sócios). 9x9,5 cm
Burro, 1947, água-forte (20x26cm)
Gnu ou Boi-cavalo 1957 (9x16,2cm) e Porco-espinho, 1957 (9,3x16cm)
Touro 1959, e Touro 1960, água-forte
Galo, 1959, água-forte
Mono sábio, 1962, xilogravura a cores (não exposto) e Macaco, 1958, buril
#
faltam, até 1963, as ilustrações do Grande Fabulário (8), de 1958, e Hiena, 1958?
#
sumário:
Elefante e Javali, 1951
Peru, Burro, Gnu (2) e Porco-espinho, 1957
Macaco, 1958
Touro (2) e Galo, 1959
Touro, 1960
Macaco, 1962