Entre o Espelho d'Água e o Museu de Arte Popular (carregar para ampliar)
Qualquer autarca ou assim chamado, qualquer titular dos turismos, percebe que isto está ligado, o Museu de Arte Popular e o Espelho d'Água - edifícios sobreviventes da Exposição do Mundo Português, emblemáticos, mais ou menos readaptados e restaurados, prontos a usar. Em Belém, ao lado do Tejo (qual Expo, qual CCB - isto é do melhor...)
Ali
no Espelho d'Água esteve um restaurante chinês mafioso que fechou e ficou só a máfia, com
tiroteios e tudo. Depois terá havido a concessão pela CML por concurso ou sem
ele a uma discoteca (mais uma) que não chegou a abrir.
O Museu tem a sua fachada oriental consolidada (já não caem pedaços do pórtico) e está apenas entreaberto, mas o Espelho d'Água continua encerrado há anos, o lago está uma porcaria. O Porto de Lisboa terá devolvido a tutela do Espelho d'Água à cidade, ou seja à CML (não é bem o mesmo, mas adiante, a qual confia a escolha do seu destino à Associação de Turismo de Lisboa (ATL), em que a Câmara se liga a parceiros privados e públicos.
Desde que se travou a destruição do MAP, sem a sua sorte ter caído em boas mãos, mais uma vez, e já antes durante a guerra em sua defesa, foi-se propondo que o Espelho d'Água devia ser articulado com o Museu, proporcionando um espaço dedicado em especial à sua extensão/projecção turística e comercial e gastronómica... Com uma gestão associada ATL/CML e Estado/Museus, ou concessionado a uma equipa de empresários interessados nas artes e tradições populares, conheço alguns, ou entregue (alugado?) a uma direcção eficaz do Museu, teríamos as qualidades do lugar e dos equipamentos (memória histórica, arquitecturas, conteúdos) potenciadas exponencialmente em termos de turismo e economia. Mete-se pelos olhos dentro que seria assim, mas parece sempre que os responsáveis são irresponsáveis e inimputáveis.
Sei que da parte do Ministério, ou já Secretaria de Estado da Cultura e Direcção-geral do Património Cultural (ou fórmulas antecedentes), foi proposta à CML essa via da parceria, mas o kafkiano labirinto camarário "comeu" o pedido em lugar incerto, diz alguém bem informado num comentário deixado no fb.
Entretanto já também soube a CML via ATL lançou em Nov./Dez. um concurso para o lugar, aberto a propostas de
diferentes âmbitos económicos, restauração, entretenimento, turismo,
cultura e lazer, desde que as mesmas dinamizem turisticamente o espaço
em questão e se enquadrem na zona envolvente, sem qualquer preocupação estrurante pelos desafios anteriormente referidos. É a selva, ou pior (maningâncias?, corrupções?)
O
antigo projecto de ampliação do espaço do MAP (oficinas, galerias, etc),
do tempo
da Simoneta Luz Afonso (por sinal agora presidente da Assembleia
Municipal, sem maioria, lembra-se do seu projecto?), deixou de ser
viável
devido ao hotel a juzante (Altis Belém, por acaso ou não um projecto
Risco, Manuel
Salgado). A solução para as carências do MAP, reconstituindo-se no seu
interior, a função museológica está a montante, logo ali no Espelho
d'Água. É o
Turismo que pode servir de argumento à abertura, funcionamento,
promoção, projecção, sucesso do MAP e do seu alargamento. Se esta gente
tiver algum senso, alguma seriedade, etc...
Ainda pude abordar
rapidamente o Jorge Barreto Xavier, ontem no MNE para insistir no
assunto. E o ano de eleições em Lisboa poderia pôr o assunto na lista
das prioridades...
#
É verdade que o que seria o outro parceiro de uma estratégia ganhadora para este lugar assombrado desde há décadas não dá sinais de qualquer dinamismo. Depois de ter acolhido uma exposição (?) de videojogos - mesmo que as contrapartidas financeiras fossem interessantes (foram?), a tutela fez uma cedência intolerável - o Museu está agora em estado mínimo, sem acesso sequer à exp. dita inaugural em meio espaço, já dependente da direcção do MNE, a quem foi associado. Estão encerradas as galerias com as grandes pinturas murais e o MaP reduziu-se a uma sala única onde se projecta um vídeo de conteúdo mais do que problemático com 4 vitrinas de miniaturas (as miniaturas que obsecam o MNE) e uns bonecos de Estremoz. Há aqui uma delapidação de meios intolerável.
O edifício foi restaurado (já não caem pedados do pórtico), os bois foram pintados de vermelho (?) mas caíu-se na inacção total. A colecção foi capturada pelo MNE, devorada pela gula autista do Joaquim Pais de Brito. Está a ser estudada, diz-se.
Atentendo apenas à qualidade do lugar, às potencialidades dos equipamentos, tudo isto é um contra-senso ou um crime, em termos de economia, turismo, tempos livres - se o resto não lhes interessa.