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(15 Julho, Facebook. 4) "El retrato español (del Greco a Picasso)", Museo del Prado, 2004-2005, catálogo.
A diferença de escala é arrasadora, a escala do país, da cidade, do museu, da galeria de artistas (com Zurbarán, Velázquez, Goya, etc), o que deveria ter justificado uma iniciativa prudente e séria. É certo que o título por extenso é algo cauteloso - "Do tirar polo natural: Inquérito ao Retrato Português" - mas a palavra Inquérito não basta para informar da modesta escala do projecto. Modesta e precária, modesta e aleatória, amadora, brincada, em muitas das escolhas e em opções de montagem. Convém carregar nas palavras: esta é uma exposição temporária que falha nos seus possíveis propósitos e que, nitidamente, falha em relação à qualidade habitual das mostras que o MNAA tem apresentado. Os comissários falharam, mas a mostra tem sido poupada (...) pela imprensa que existe, onde a crítica já não cabe.
Sim, vieram de fora do Museu, do Porto, de Aveiro, do Funchal, e de fora do país algumas obras, mas juntaram-se-lhe muitas outras de imprópria qualidade comparativa, ao mesmo tempo que, quanto à produção contemporânea, se desconsideraram artistas que na área do retrato têm nas décadas mais recentes o lugar mais destacável - aponto a pintora Graça Morais e o fotógrafo José M. Rodrigues. E o Ipad de Nuno Viegas em vez dos super8 de Ângelo ou Calhau, que envelheceram irremediavelmente, academicamente. Não é por acaso ou por falta de espaço - é porque a abertura ao chamado "contemporâneo" que aqui se quis exibir significa a prática da exclusão e da arbitrariedade.
Inclui o título da exposição o título de uma obra de Francisco de Holanda, autor nacional que não teve projecção externa, e a teve escassa em português, mas tratou-se aqui só de homenagear, sem responsabilidade nem consequências - «retomando, como homenagem, o título de um diálogo sobre a pintura retratística», diz o desdobrável. O que nele está em questão, porém, não é o retrato em geral, como género, mas o retrato praticado perante o modelo, tirado do natural, ou seja, a pintura de observação, «sur le motif», dirá Cézanne, «painting from life», dito em inglês.
Importava ao humanista que foi Francisco de Holanda a apologia do retrato do natural, que o Renascimento recuperou, e é a procura das respectivas regras que o ocupa, fundadas na presença do retratado diante do pintor, embora também ambiguamente abra espaço à idealização do modelo, à "fantasia" vista pelos olhos "invisíveis", na via do neoplatonismo que corresponde já ao entendimento de Miguel Ângelo.
Invocar Francisco de Holanda implicaria pensar a presença viva do modelo, a semelhança captada pela mão que é guiada (electrizada, dizia Avigdor Arikha) pela verdade observada, prática rara ao longo da história da arte, distinguindo a pintura do natural do retrato de imaginação, da produção de imagens. Distinguindo a melhor pintura. Poderíamos, em especial, ter visto como o trabalho com modelos mudou a pintura de Paula Rego (a estampa da "mulher cão" é insuficiente para isso). Mas não, perdeu-se a oportunidade, o retrato português não se safa.
(11 Julho. 2) Já voltei ao MNAA mas não consigo perceber este percurso, logo à entrada da exposição. A tela suja da Helena Almeida (cinema?); as 6 obras 6 da Lourdes Castro (sombras projectadas, silhuetas) com o recorte da Ana Vieira; os monstros pendurados do tecto, depois do belíssimo retrato de Henrique Franco trazido do Funchal ("Blusa Azul", cf. o quadro homónimo de Sousa Lopes); em frente, a apresentação amalgamada de algumas importantes pinturas.
(Henrique Franco, "Blusa Azul", uma obra trazida do Museu Henrique e FranciscoFranco, Funchal.)
(11 Julho. 3) Aqui sacrificam-se as obras ao efeito de montagem e ao desacerto das tabelas. As fotos de Carlos Relvas e Fernando Lemos - depois da notável prova vintage de João Cutileiro, o retrato da mãe, de 1964 - aparecem sem a indicação de que se trata de provas de impressão recente (o que é grave num museu que se quer sério - no caso do Relvas, que fica assim muito mal representado; podiam ter consultado o catálogo da exp. que o próprio MNAA lhe dedicou em 2003). E três das fotos do Lemos, mal impressas, aparecem desbotadas a azul.
Ao lado, a apresentação das esculturas variadas foi sujeita a uma bidimensionalidade fotográfica que as aparenta à parede de Relvas & Lemos mas resulta em prejuízo das obras. Em destaque, ao centro, fica o realismo rústico dos dois padres. Preferiu-se a anedota.
(Os bustos engaiolados de Sarah Afonso por Diogo de Macedo, ? de Tiago Alexandre (?), uma caricatura de J.A. França (João Cutileiro), Teixeira de Pascoaes (António Duarte) e Manuel Jardim (Francisco Franco) - da esq para a direita, em cima. Em baixo, da dir. para a esq., Canto da Maia, Cabeça de Rapariga; Soares dos Reis, Cabeça de Negro; Galiano, etc.)
(8 Julho. 1) A/o artista português contemporânea/o que tem uma mais forte relação com o retrato é a Graça Morais. Gostava de perceber porque não está na exposição do MNAA chamada "Do tirar pelo natural". (Foto de 2017, exp. na Fundação Champallimaud)
O Nuno Viegas também faz lá falta, por exemplo com uma das suas pinturas digitais. Em vez daquelas coisas académicas chatíssimas que exemplificam a fetichização dos vestígios escolarmente vanguardistas da Helena Almeida, Calhau e Ângelo. É que é notório que ninguém pára para os ver. Estão lá a marcar o terreno do "contemporâneo", entendido como espaço tutelado, feito de nomes cooptados e de exclusões.
Posted at 11:19 in 2018, Exposições, MNAA | Permalink | Comments (0)
"Ferreira examina o papel da cultura..." A pesquisa extensa, ou reflexão, assim se diz, de Ângela Ferreira, não produz conhecimentos, ela materializa-se em objectos (afirmados como artísticos - no limite podem ser cópias de documentos). Trata-se sempre de referir (citar ou transcrever) objectos ou obras ou documentação prévios (texto ou imagem), que são apropriados e remontados, ou re-apresentados, no caso do cinema apropriado, em construções arquitectónicas (maquetes) ± toscas e precárias - sem qualidades enquanto projecto de arquitectura ou enquanto escultura. As construções podem também citar monumentos ou projectos de arquitectura datados, referidos a um qualquer contexto tido por revolucionário.
É uma impressão de parasitismo que acompanha a visão desses novos (?) objectos ditos artísticos (construções, desenhos de projectos, textos), que nada acrescentam aos objectos históricos citados e apropriados. Os "estudos" desenhados ou pirogravados em contraplacado (e nestes assim se sublinha a artisticidade "material") , bem como as maquetes tridimensionais, não se reconhecem como elementos ou passos de uma pesquisa efectiva, seja ela reflexiva ou experimental, enquanto modelos ou protótipos, mas como uma produção de transcrições decorativas de cada uma das obras (ou pesquisas). Tal como a sua escolha de motivos ou temas de uma qualquer revolução ou utopia nada actualiza quanto ao destino inicial dos objectos apropriados, não lhe devolvendo qualquer operacionalidade ou eficácia, também a identificação das referências citadas e eventualmente a sua breve contextualização é forçosamente deixada exterior à obra, como elucidação proposta num texto anexo da autoria do/a comissário/a, tipo press-release. O que poderia/deveria ser matéria de possível ensaio (escrito) "materializa-se em objectos" destituídos de toda a racionalidade.
Neste caso a artista parasita obras anteriores, alheias, e transforma a sua respectiva ambição política de origem num exercício formalista, vazio de sentido para além da condição (atribuída) de ser um objecto artístico proposto a um mercado de arte, não a um terreno de acção política, apesar da ganga verbal esquerdista com que se apresenta. É a estetização de referências de esquerda ou revolucionárias destituídas da sua eventual funcionalidade prática.
Esse mercado é o mercado arte e também um mercado ideológico, no qual se ilustram estratégias de produção artística e teorias de interpretação. Dai que ao exercício da parasitagem se some a suspeita ou certeza do oportunismo, numa situação em que a África está na moda e que a chamada teoria pós-colonial substitui à investigação histórica séria um formulário esquemático e maniqueísta, que é também uma moda universitária nascida e exercida como poder a partir das antigas metrópoles.
Quando a comissária em exercício escreve que "A.F. (Moçambique, 1958) tem investigado, celebrado e problematicizado (por problematizado?) as utopias descolonizadoras e revolucionárias do período eufórico da construção nacional em Moçambique, entre a independência em 1975 e o início da guerra civil em 1977", isto significa que se apropria do lugar de nascimento (estudou na África do Sul e transferiu-se para Lx) para explorar a ficção de que é uma artista africana, moçambicana, e que igualmente se apropria de uma temática revolucionária para a ilustrar e apresentar-se como intérprete das tais utopias referidas, que não são desconstruídas (sujeitas a análise) mas superficialmente reconstruídas (reeditadas acriticamente).
Na sua biografia escreve-se (a própria ou a comissária escreveram): "O trabalho de A.F. desenvolve-se em torno do impacto do colonialismo e pós-colonialismo na sociedade contemporânea, estas investigações são guiadas por uma pesquisa profunda e pelo filtrar de ideias que conduzem a formas concisas, depuradas e evocativas." Encontramos aqui o enunciado do destino formalista (posminimalista?) das peças e uma circularidade vazia de conteúdo: a investigação é guiada por uma pesquisa (ou será o contrário?, a pesquisa a guiar a investigação) e por um "filtrar de ideias" que sublinha a incapacidade de produzir ideias (e formas) próprias - as formas serão "concisas, depuradas e evocativas".
A atitude parasita da prática artística e o oportunismo político parece-me que são as marcas dominantes. Nos casos do trabalho de 2015 referido às investigações antropológicas de Jorge e Margot Dias e ao Museu Nacional de Etnologia (Prémio Novo Banco) e na referência à Maison Tropicale de Jean Prouvé (levada à Bienal de Veneza em 2007 - como foi possível?) passou-se da irrelevância para a agressão interpretativa e o erro grave da contextualização anacronista.
Bibliografia: (A) 1. "ponto culminante de uma pesquisa extensa, com semelhanças importantes com as suas congéneres académicas, sobre os vestígios materiais das utopias políticas em Moçambique no período entre 1975 e 1977." 2. "a materialização dessa reflexão em objectos artísticos que se apropriam de diferentes disciplinas – escultura, fotografia, filme, desenho, xilogravura a laser, etc. – para concretizar uma síntese pessoalíssima de cada questão abordada." 3. "pontes conceptuais entre os vestígios iconográficos da história moçambicana e momentos chave da arte modernista até à transição para a contemporaneidade." 4. "uma história feita de redes, de cruzamentos onde Ângela Ferreira está permanentemente a marcar o seu lugar de artista plástica." 5. "navegamos entre as imagens do cinema documental, antropológico e ficcional, sem que nunca Ferreira tome posição sobre a interpretação que devemos fazer de cada peça apresentada." 6. "...exemplificam essa indeterminação interpretativa que se afasta definitivamente da tese académica – e por isso as críticas feitas por Pais de Brito ao trabalho de Ângela Ferreira, referidas em artigo sobre a reedição dos filmes de Margot Dias na edição de 5 de Agosto do Ípsilon, não só não fazem sentido como revelam com clareza a possibilidade de suscitar emoções que os temas abordados por Ferreira continuam a possuir. É que o olhar da artista nunca é frio, distante. É sempre um olhar sobre a história própria, dela e dos que a precederam, mas lavado, limpo, de uma lucidez sem véus." (L.S.O. Público, Ipsilon 26 Agosto)
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Tags: Galeria Av. da Índia, Ângela Ferreira
1ª secção
a partir de:
Álbum comemorativo da exposição-feira de Angola. Luanda XCMXXXVIII [na capa: Exposição-Feira de Angola, 1938]. Edição do Governo Geral de Angola (não creditada), 6 e [144] p. il. p/b). Fotografia (clichés): C. Duarte (Firmino Marques da Costa, n. 1910-?). Reprodução e impressão "Offset" da Litografia Nacional do Porto.
(substitui as versões de 24 Fev. e 1 Mar. - a continuar)
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Tags: António Lopes Mateus, António Videira, Exposição-Feira, Firmino Marques da Costa, Luanda, Luanda 1938, Vasco Vieira da Costa
Artes da festa
Expresso Revista de 01-12-1995, págs. 124-129
Paris recorda as diversões e atracções da "fête foraine", descobre a escultura dos carrosséis e a arqueologia do mundo do espectáculo
Sereia de carrossel do escultor alemão Friedrich Heyn, de cerca de 1870
foto Alan Goustard /RMN
QUEM imaginaria que os cavalinhos dos carrosséis iam ser um dia coleccionados como esculturas e admirados como um tipo de arte digno de investigações e de museus?
A noção de património é, ao contrário das aparências, muito pouco conservadora. O que ainda há poucos anos era duplamente desprezado por pertencer ao campo das diversões e por ser «popular» tornou-se cultura; o que se via como exacto paradigma do gosto «kitsch», a decoração das barracas de feira, por exemplo, redescobre-se como «art foraine» ou «fairground art» (arte de feira?), com os seus estilos nacionais e artistas reconhecidos.
Em Paris, «Il était une fois la fête foraine» (Era uma vez a feira popular, numa tradução aproximada) é uma gigantesca exposição dedicada a essas agora respeitáveis realidades. Instalada no Parque de la Villette, até 14 de Janeiro, ela não se limita, porém, a cumprir os rotineiros rituais funerários da museologização com que as sociedades contemporâneas procuram compensar a velocidade das suas transformações: exposição-espectáculo para todos os públicos, é, ao mesmo tempo, um levantamento arqueológico das primeiras indústrias do lazer e uma «verdadeira» feira de diversões em funcionamento.
Concebida por Zeev Gourarier, conservador do Museu Nacional das Artes e Tradições Populares, de Paris, propõe uma visão panorâmica e histórica dos divertimentos públicos existentes entre 1850 e 1950, o período de ascensão, apogeu e decadência da «fête foraine». Associando a nostalgia e a investigação histórica, a festa e o museu, evoca num cenário feérico e caleidoscópico todo o mundo das atracções e diversões das feiras, desde que estas, nas grandes cidades do século XIX, perdem a sua função comercial a favor dos mercados permanentes.
1400 objectos salvos do esquecimento e restaurados foram cedidos por coleccionadores privados e por museus franceses (Museu do Livro e do Cartaz, de Chaumont; da Música Mecânica, de Les Gets; da Curiosidade e da Magia, da Publicidade, de História Natural, etc., em Paris) e também de Londres (National Fairground Museum) e Munique (Münchner Stadtmuseum). Com eles recriou-se a memória idealizada da magia dos antigos Luna Parques, entre o Segundo Império e a Belle Époque, mostrando como se foram lentamente transformando com asconquistas do progresso técnico — primeiro a aplicação damáquina a vapor aos carrosséis, em vez da energia humana e animal,depois a electricidade —, até à generalização dos carrinhos de choque e às mutações bruscas do segundo pós-guerra.
A exposição redescobre os artistas e as oficinas que deram corpo à escultura «foraine» no bestiário realista ou fabuloso dos carrosséis ou nos bonecos dos «jeux de massacre» (as barracas de pim-pam-pum), e recupera as pinturas ingénuas das fachadas ricamente ornamentadas dos antigos pavilhões — Toulouse-Lautrec foi autor dos telões que anunciavam a famosa La Golue na Foire du Trône, em Paris. Ao mesmo tempo, reconstitui a genealogia dos espectáculos populares, dos saltimbancos ao cinema, associando também as manifestações da feira-festa aos primórdios dos museus e à divulgação popular das curiosidades ou novos saberes científicos. Sem esquecer os autómatos e os pianos mecânicos, as «ménageries» (jardins zoológicos itinerantes), as barracas de tiro, os comes-e-bebes, os ilusionistas, os charlatães e as cartomantes, autómatas ou ao vivo.
A actual indústria da cultura debruça-se sobre os seus primórdios e recupera-os ludicamente em versão «clean»: sem os fumos das máquinas a vapor ou dos cigarros, sem a algazarra nem as oportunidades de transgressão que também caracterizavam a feira.
cartazes com o homem a vapor, a mulher borboleta e a domadora das feras africanas
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Tags: Zeev Gourarier
Arquivo, Expresso- A propósito da exposição de Serralves (Lourdes Castro e Manuel Zimbro) 1995. 1997. e 2003
MANUEL ZIMBRO, Liv. Assírio & Alvim, 11-03-95
Numa «disposição» de guaches sobre papel sobre mesas-vitrinas, M.Z. mostra «Torrões de terra» que se acompanham com a edição de um pequeno livro, em formato CD, de «notas de um lavrador para encontrar o céu e a terra». Existe aqui, nestas «imagens» e neste exercício escrito de atenção-reflexão sobre a vida, uma atitude de deliberado afastamento dos códigos habituais que regem as práticas da expressão plástica e literária. M.Z. pinta com meticulosa exactidão (?) torrões que pairam na folha branca como num céu, sem suporte nem direcção, e nos quais reconheceremos uma amálgama de terra, rocha, minerais, raízes e incrustrações de metais. «Não se trata — diz — de aprofundar uma observação, mas de estender o espírito até ao que está à frente/ deslocar o 'meu' centro, sem tensão e sem afrouxamento/ sem tirar conclusões». Exercício de atenção e de silêncio que se recusa a ser mais uma «visão 'privada' do mundo» e que deveremos ver sem propósitos de classificação e avaliação para também «estender o espírito até ao que está à frente».
25-03-95 Uma primeira exp. (aliás, disposição) tardia: exercício de imitação — torrões de terra pintados a guache — vivido como atenção e como fazer, como «atenção ao que se faz», e ainda como acto de reflexão que se prolonga na edição de um texto paralelo. Nas margens das práticas regulares da arte, questionando-as com rara eficácia.
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Manuel Zimbro, Porta 33, 29-8-97 (in, "Marcas permanentes" - Marca, Madeira)
«História Secreta da Aviação», acompanhada por um livro com o mesmo título, exibe desenhos a lápis e esculturas «aeromodeladas» (de materiais de aeromodelismo) que dão notável sequência aos «Torrões de Terra», os guaches vistos em 95 na Assírio & Alvim, em Lisboa. Mantendo na aparência da cópia uma radical excentricidade aos códigos da produção corrente («as "delicadezas artísticas", as "poéticas afectações"»), o desenho minucioso das sementes voadoras ou a sua construção em volume torna a atenção silenciosa ao natural um acto de vida, para além da observação e da réplica. É a suspensão do conceito e do sentimento que numa asa da semente do pinheiro sustenta essa outra dimensão da sensibilidade «que liga as mãos-cérebro-coração no nascente acto de fazer, ou de não-fazer», como escreve M. Zimbro.
7-06-2003
Manuel Zimbro, artista e divulgador do budismo zen, morreu no Funchal em 22 de Maio, vítima de cancro. Nascido em Lisboa em 1944, frequentara a Escola António Arroio e instalou-se em Paris no final dos anos 60. Na década seguinte começou a colaborar nos espectáculos de teatro de sombras de Lourdes Castro, criando novos dispositivos de iluminação e assumindo a co-autoria das obras As Cinco Estações, 1976-80, e Linha de Horizonte, 1981-85. Tendo passado a partilhar a vida da artista, foi também autor de diversos textos publicados nos seus catálogos, nomeadamente quando da sua retrospectiva, na Gulbenkian (Além da Sombra, em 1992) e da recente exposição no Museu de Serralves (Sombras à Volta de um Centro, 2003).Posted at 01:01 in artistas, Artistas Portugal, Exposições | Permalink | Comments (1) | TrackBack (0)
Arquivo: a paisagem em 1999 em várias exposições: A colectiva PAISAGENS NO SINGULAR,
Museu José Malhoa, Caldas da Rainha, e individuais de BALTAZAR TORRES, Quadrado Azul; JOÃO QUEIROZ, Módulo; MICHAEL BIBERSTEIN, Pedro Oliveira; ROSA CARVALHO, Canvas, Porto
1 - EXPRESSO, Cartaz de 16.01.99
"Modos de ver"
Uma digressão sobre a permanência da paisagem na arte contemporânea
PAISAGENS NO SINGULAR
Museu José Malhoa, Caldas da Rainha (Até 7 de Fevereiro)
ESTA é uma pequena e simpática exposição promovida pelo Instituto de Arte Contemporânea sobre a permanência de um tema, a paisagem. Nas categorizações académicas, ela foi um dos géneros da pintura, considerado como menor, mas o séc. XIX, romântico e realista, colocou-a no centro das práticas picturais, enquanto se exercitavam sobre a realidade do mundo e a natureza dos sentidos os métodos das novas ciências. A percepção da realidade continuava a modelar-se também através da arte.
Depois, o séc. XX tornaria anacrónicas as subdivisões clássicas, mas sem que o retrato, o nu, a paisagem, a natureza morta e até a pintura de história, sucessivamente condenados pela ambição do absoluto herdada da religiosidade simbolista, desaparecessem de facto. A paisagem deixou de existir como género, entidade classificativa a que se atribui uma exigência normativa, mas subsistiu como um tema, como um desejo ou uma interrogação de inúmeros pintores, mesmo se chamados abstractos.
Posted at 19:04 in 1999, Exposições, Paisagem | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
Textos de Arquivo, EXPRESSO Cartaz, de 04.09.99
"A observação activa"
JOÃO QUEIROZ, Centro de Artes, Caldas da Rainha (até dia 26)
UM LADO da galeria-hangar é em grande parte ocupado por uma compacta montagem de desenhos (180), regularmente alinhados em seis longas fiadas horizontais e 30 verticais. Sem intervalos entre si, as folhas de papel suspendem-se dos seus cantos superiores, parcialmente soltas e flutuantes, destacando-se cada desenho, do que começa por ver-se como um painel contínuo, por essa ondulação variável que o afasta da parede e, num segundo momento, pela mancha que o ocupa, mais ou menos centrada sobre os seus bordos brancos e com uma configuração também sempre diversa.
O efeito global de instalação favorece primeiro a visão distanciada e desdobra-se depois nos seus elementos parcelares e bem individualizados, que reconhecemos serem desenhos de paisagem natural, realizados a carvão, num convite a um movimento de aproximação que nunca se detém em qualquer ponto fixo, implicando o observador no percurso também flutuante de uma contemplação activa, com que acompanhará, com o olhar e com o corpo, o alinhamento dado à exposição.
Posted at 18:44 in 1999, Exposições, Paisagem | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
Tags: João Queiroz, Maria Lino
http://www.ucl.ac.uk/news/news-articles/0806/08060401
Bartolomeu dos Santos, printmaker and professor, born Lisbon, Portugal, 24 August 1931; teacher at the UCL Slade School of Fine Art, 1961–96, becoming Head of Printmaking and Professor of Fine Art; Fellow of UCL, 1995, Emeritus Professor of the University of London, 1996; awarded the Order of Prince Henry by the President of Portugal (for services to Portuguese culture abroad), 1993; married firstly Susan Plant (three daughters, three grandchildren), secondly Fernanda Oliveira Paixao 1988 (two step-sons, two step-grandchildren); died London, 21 May 2008.
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Expresso de 8/12/2001
"Entre ácido e fogo"
Gravuras e azulejos em várias exposições simultâneas
BARTOLOMEU DOS SANTOS
(Centro Cultural de Cascais, retrospectiva de gravura, até dia 30; Ratton Cerâmicas, até 10 Jan.; Galeria 111, Porto, até 30)
Com uma retrospectiva em Cascais da sua obra de gravador, com que ocupa um lugar sem paralelo em Portugal, mais uma mostra de azulejos na Galeria Ratton e outra de gravuras recentes e aguarelas na 111, agora no Porto depois de mostrada em Lisboa, pode dizer-se que Bartolomeu dos Santos está por toda a parte. De regresso a Portugal depois de ter sido entre 1961 e 1996 professor de gravura da Slade School, de Londres, transformou a reforma académica num tempo de intensa actividade criativa, que se prolonga nas obras de «arte pública» ou grande decoração, passando do uso da pedra gravada do Metro de Entrecampos aos azulejos da estação do Pragal.
Posted at 10:01 in 2001, Exposições, gravura, obra gráfica | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
Tags: Bartolomeu dos Santos
"O que é o “ALLGARVE”?
É um programa integrado de eventos de animação que pretende, através do life-style, glamour e espirito cosmopolita que estes imprimirão, proporcionar experiências que marquem todos os que nele participarem.
Este programa será promovido tanto em Portugal como no estrangeiro, junto dos turistas potencialmente interessados em aderir ao espírito dos eventos." www.allgarve.pt
Se eu percebesse alguma coisa de marketing, teria opinião sobre o bom senso promocio-cultural do All-garve. Se calhar é um bom achado publicitário, não sei. Mas a invenção do "Poortugal", que agora aparece associada ao tal Allgarve, essa parece-me um êxito seguro. Se não se assemelhasse demasiado a uma reacção provinciana à crise económica que é internacional, valia a pena adoptá-la.
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Em 1995 o Deutsche Bank apresentou uma exp. de «Pintura Contemporânea Alemã" nas suas instalações frente à SNBA
PINTURA ALEMÃ
Deutsche Bank
(18-03-95 - Expresso/Cartaz: nota no roteiro de exposições)
"Na inauguração da sua nova sede, o DB apresenta uma exp. de «Pintura Contemporânea Alemã» em que se incluem obras dos seis artistas actualmente mais famosos da Alemanha (para lá do caso excepcional de Anselm Kiefer): são eles Baselitz, Immendorff, Penck, Lupertz, Polke e Richter.
A galeria é um espaço polivalente que não promete uma actividade expositiva regular e onde as paredes pintadas de amarelo forte têm uma excessiva presença, mas este é um conjunto significativo que traz informação sobre obras raramente visíveis ou inéditas entre nós: é um panorama internacionalizado e actual que, apesar da intensa mediatização dos artistas alemães, se pode ver sem complexos como uma exp. tão regional como seria uma mostra de portugueses.
As obras de Polke e Richter (aqui com um gigantesco tríptico dedicado ao Fausto de Goethe) têm gozado de um prestígio especial enquanto questionamento da pintura e circulação estilística, mas o seu ecletismo conceptualizante parece ser, afinal, mais a demonstração de um maneirismo do que a afirmação de autorias substantivas. De Penk vê-se uma curiosa série de dez elementos em que a sua tradicional sinalética se questiona como caligrafia plástica, enquanto Baselitz e Lupertz, dois grandes pintores, são representados com peças significativas embora não de primeira escolha. Immendorff está presente com uma tela poderosa, dominada por uma estrela de cinco pontas tomada como símbolo da exclusão política."
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Ao anterior entendimento talvez patrimonial da arte parece suceder a respectiva recusa, ou paródia, e por isso se começa logo por pôr o museu a ridículo com o cartoon de Francis Alys (referência ao MoMA e a obras emblemáticas de Picasso, Giacometti e Duchamp), segue-se com o isqueiro e temos ainda direito à troça de Broodthaers, descontextualizada para inverter o seu sentido inicial histórico.
O "Museu Precário" de Thomas Hirschhorn (com Leger, Mondrian, Malevitch, Le Corbusier, Dali, Beuys, etc) podia não ser mais do que uma graça estúpida, mas é uma provocação inaceitável numa instituição que se respeita. O objecto é para usar e deitar fora, e com ele os grandes (e médios) artistas que o decoram. Ou trata-se ainda de deitar fogo ao museu, como há um século ? A obra é nula, mas aparece como o emblema desta iniciativa. / Podia tratar-se de incendiar o mundo usando por combustível ou referência aos grandes artistas, mas essa lógica política fica prejudicada pelo contexto paródico criado a respeito do museu e pelo contexto específico banco-galeria, além que tal primarismo ideológico é hoje identificado com as piores e mais perigosas derivas políticas. 21/06
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EXHIBITION & LAUNCH INVITATION - ANGAZA AFRIKA - OCTOBER GALLERY, LONDON
"The exhibition brings together major works by 12 artists who best represent the innovative and dynamic artistic practices across the African continent and the African diasporas, and launches the book, Angaza Afrika – African Art Now – a highly visual survey of contemporary African art compiled by Chris Spring, curator of the African Galleries at the British Museum, published by Laurence King Publishing.
Exhibiting Artists: El Anatsui · Mohamed Omer Bushara · Jorge Dias · Tapfuma Gutsa · Romuald Hazoumé · Abdoulaye Konaté · Rachïd Korachi ·Karel Nel · Magdalene Odundo · Owusu-Ankomah · Yinka Shonibare MBE · Julien Sinzogan
Jorge Dias, escultor e animador do Muvart, expôs em Lagos em 2005, em " Zoologia dos Trópicos ", apresentado por António Pinto Ribeiro (o link)
depois em «Lisboa - Luanda - Maputo», na Cordoaria Nacional,
e foi um dos responsáveis de "Réplica & Rebeldia" (que o Instituto Camões não chegou a mostrar em Lisboa). Passou pela Arte Lisboa em 2004 e pelo Arco em 2005, entre outros lugares.
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Posted at 01:27 in 2008, Arte Africa, Exposições, Moçambique | Permalink | Comments (0)
Tags: Chris Spring, Jorge Dias
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"Desgaste rápido"
Expresso Actual de 20-12-2003
A segunda geração dos anos 90 reunida em Vigo
"Outras Alternativas. Novas Experiências Visuais em Portugal"
Marco, Museu de Arte Contemporânea de Vigo, até 25 de Janeiro
A exposição do novo museu de Vigo, o Marco, tem (por coincidência?) a ambição de se tornar um marco cronológico da arte portuguesa. O propósito de fazer história apoia-se num volumoso catálogo onde vários autores escrevem sobre décadas, gerações, rupturas e paradigmas, trocando a justeza dos conceitos pela gestão de nomenclaturas. O comissário é David Barro, crítico espanhol, professor da Escola de Artes da Universidade Católica, no Porto, director da revista «W Art» e autor de Imagens Pictures para uma Representação Contemporânea (ed. Mimesis).
Reúne a mostra os jovens artistas nomeados e premiados nos concursos EDP e União Latina ou expostos em colectivas («7 Artistas ao 10º Mês») que têm estabelecido, se não a consagração ou o reconhecimento público, pelo menos a entrada no «circuito institucional». Outros expuseram em museus e manifestações internacionais ou caseiras tidas como emblemáticas da década de 90, algumas apresentadas por alternativas oficializadas como a ZDB e o projecto Art Attack. No conjunto, fixa-se o alargamento do mapa das escolas de origem das faculdades tradicionais e Ar.Co à Maumaus e ESTGAD (Caldas da Rainha), para além das pós-graduações cosmopolitas em que se prolongam as carreiras escolares sob a tutela do polvo académico.
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Tags: David Barro, Miguel Wandschneider
Antes da "Revolução Cinética", uma tb animada representação croata (antes jugoslava) em Cascais, em 2001, haja memória
"No centro da Europa"
Abertura à actualidade ocidental e continuidade da tradição construtivista na arte croata desde 1950
Expresso Actual de 9/6/2001
EXAT 51 (1951-1956) - NOVAS TENDÊNCIAS (1961-1973)
Centro Cultural de Cascais (Até 24 Jun.)
São múltiplas as razões de interesse desta exposição de artistas da Croácia, que traz a Cascais um panorama alargado dos anos 50 até ao presente. Entre elas, abrir um relacionamento ao centro e leste europeu, sempre tão pouco presentes, ao representar um dos velhos países emergentes nos Balcãs e a história de uma ex-Jugoslávia distanciada do bloco soviético na década de 50, através, nomeadamente, da acção pioneira dos grupos de Zagreb aqui mostrados.
Não é uma manifestação regionalista que se apresenta; pelo contrário, ela dá conta de uma dupla situação que foi de abertura à actualidade ocidental e às manifestações vanguardistas dos anos 60 e 70, bem como de continuidade da tradição construtivista, ligada já nas décadas que antecedem a II Guerra Mundial às vanguardas russas e ao ensino da Bauhaus.
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Expresso / Actual de 5/10/2002
"Quarenta anos depois"
A obra recente de um dos artistas do grupo «KWY»
Jan Voss
(Galeria Fernando Santos, Porto, e Mundial Confiança Chiado 8, Lisboa, até 11 Novembro)
Jan Voss foi um dos dois artistas não portugueses estreitamente associados à revista «KWY», criada em Paris por Lourdes Castro e René Bertholo, em 1958. O outro foi o búlgaro Christo, depois famoso pelos seus espectaculares «embrulhos». Nascido em Hamburgo em 1936, instalado na capital francesa desde 1960, Voss participou nesse mesmo ano nas exposições do grupo, nomeadamente em Lisboa, e organizou o nº 9 da revista, da Primavera de 1962. A recente exposição do CCB, «KWY, Paris 1958-1968» (Março 2001), recordou esses marcos da memória nacional - sem conseguir assegurar-lhes o conveniente eco exterior - e deu a ver as várias obras individuais que no início dos anos 60 participavam no intenso momento colectivo internacional de renovação e abertura do panorama artístico.
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Tags: Galeria Fernando Santos, Jan Voss
Expresso Cartaz de 14/7/2001
"Lugares íntimos"
Susana Solano no Museu de Sintra
SUSANA SOLANO Esculturas e fotografias
(Sintra Museu de Arte Moderna, até 23 de Setembro)
Solana Solano é, cronologicamente, o terceiro nome de uma sequência espanhola de grandes escultores do ferro, depois de Julio González (1876-1942) e Eduardo Chillida (1924), e é como eles uma figura que transcende uma qualquer tradição ou dimensão nacional. González, em Paris - como outro notável escultor espanhol, Pablo Gargallo (1881-1834), cuja figuração em bronze fez um original uso do espaço vazio na criação de volumes -, inventou com o ferro forjado e soldado um escultura escrita no espaço, dando sentido tridimensional a linhas sem massa nem volume.
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Apresentou-se como «a produção plástica mais relevante dos anos 90»
Anatomias contemporâneas
Fundição de Oeiras
Comissários: Paulo Cunha e Silva e Paulo Mendes
EXPRESSO / Cartaz de 22 11 1997
A imagem da promoção, tomada a Bronzino (Alegoria do Triunfo de Vénus), recorda o maneirismo mais oficial e precioso da Toscânia do século XVI para apresentar outros maneirismos que se instalam como actual arte da corte. Outra imagem, A Origem do Mundo, de Courbet, a fechar o catálogo, repõe a questão decisiva: o que resta do «real»? A «forte intervencão autoral dos gráficos» (de Paulo Seabra e Dr. Mabuse) faz a crítica de uma exposição sustentada na «convicção» dos comissários de que, «paradoxalmente, há cada vez mais corpo e cada vez menos corpo».
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Tags: Anatomias contemporâneas, Anos 90, Fundição de Oeiras, Paulo Cunha e Silva, Paulo Mendes
Porto
"Travelling / Em Viagem ‘70-‘76" conta com 65 trabalhos que usam materiais simples e universalmente disponíveis tais como cartão (em especial a caixa de cartão) e tecido, mas também alguns objectos como uma banheira, um triciclo de transporte e um carrinho de mão.
Comissariado: Mirta D'Argenzio
Co-Produção: Fundação de Serralves, Haus der Kunst, Munique (Alemanha) e Museu Donna Regina (Madre), Nápoles (Itália)
As pinturas monócromas com objectos e as "combine paintings" ("mixed media" com objectos) foram uma revolução nos anos 50; as telas serigrafadas dos anos 60 reintroduziram na pintura considerada de vanguarda (inovadora) as imagens do quotidiano que o modernismo interditara, e também um explícito desígnio de comentário político. Como imagem apropriada, acumulada, abrindo caminho à pop americana, iconográfica. Depois da subtileza das decalcomanias e outras técnicas usadas para as "ilustrações" da Divina Comédia, de 1958-60, a experiência com os processos serigráficos teve grande descendência.
As décadas seguintes, de interesse pela colaboração entre arte e ciência e de lançamento de projectos de produção artística em diversas partes domundo, foram menos produtivas? Os anos 70, até à grande retrospectiva itinerante de 1976, têm ainda a energia que se viria a perder depois? Porque é indubitável que os trabalhos de Rauschenberg desde os anos 90, pelo menos (vistos por exemplo na retrospectiva dessa década, em Paris, no Museu Maillol, em 2002), são repetitivos e débeis.
Seja como for, o João Fernandes escreveu para o catálogo de Serralves um ensaio longo e muito bem documentado sobre Rauschenberg e as obras que o Museu apresenta. O qual se pode ler tb em e-vai.net
publ. dia 23, actualizado
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Enquanto deixávamos esforçadamente de falar em "escolas", mostrando como os provincianos gostam de andar ao sabor dos ventos, o termo resistia bem nos grandes centros, como Dusseldorf, ou Dresden, ou até Londres. E até os nomes mais institucionais eram os que apareciam a tutelar essas escolas alemãs...
A exposição colectiva que o professor e pintor Francisco Laranjo, da Escola do Porto ou melhor, da FBAUP, organizou para a Galeria do Jornal de Notícias, não se reivindica daquela continuidade (e renovação) escolar, mas não deixa de a recordar. Reuniram-se sete mulheres que têm, em geral, percursos de vários anos e obras que puderam ser notadas em várias circunstâncias, mas quase sempre pelas margens do "sistema".
"Um sexto sentido", com pinturas e outras obras de Diana Costa | Isabel Padrão | Isabel Carvalho | Joana Conceição | Joana Rêgo | Nazaré Alvares | Rita Carreiro
Rua Gonçalo Cristóvão, 195-219, Porto: até 24 de Novembro
(dias úteis das 11 h às 20 h, Sábados e Domingos e Feriados das 15 h às 20 h )
Tenho curiosidade de vê-la, e certamente virá a Lisboa, à galeria do outro jornal do grupo. Estão a acontecer coisas no Porto - depois do episódio estival (mais ou menos penoso) de Dali - Rueda - Dufrêne ( ver ).
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Um 5 de Outubro diferente em casa dos Cavaco Silva. Não se sabia que o presidente era dado às artes, mas é sempre tempo de aprender. Se não era passou a ser, e os seus consultores terão acertado (é sempre preciso ir ver para se saber com certezas) ao pôr em marcha uma ideia original com ajuda de uma jovem comissária independente. O CCB-Museu Berardo que se cuide.
Pelo jardins do Palácio de Belém vão estar obras de Rui Chafes (um sol negro suspenso numa árvore - "Misantropo") e de Joana Vasconcelos (o sapato gigante feito de tachos e testos - "Cinderela", estreada em Veneza). E também de Pedro Valdez Cardoso (o "Peso da História", em versão estátua equestre). Entre outras obras, quase sempre inéditas ou não vistas em Portugal, com excepção das peças cedidas por Alberto Carneiro, Baltazar Torres e João Pedro Vale. Sempre de exterior, esculturas e outras intervenções.
Joana Vasconcelos, "Cinderela"
Pedro Barateiro e Pedro Cabrita Reis, Fernanda Fragateiro e Ana Jotta, Miguel Ângelo Rocha, Dalila Gonçalves (com um obra efémera: um tapete de milho no Pátio das Damas com a frase "Quem Pássaros Receia Milho Não Semeia") são outros artistas participantes, a convite de Filipa Oliveira. No total, alargando as primeiras referências lidas no Correio da Manhã, serão 31 obras de 16 artistas - acrescentando-se agora Ângela Ferreira e Susanne Themlitz aos antes nomeados. E assim são já 14.
No Palácio de Belém, no feriado de dia 5 e depois, até 25 de Novembro, aos fins-de-semana. (E hoje, dia 4, só para convidados)
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O que é que aconteceu à exposição
que estava prevista e anunciada para Portugal (e mais Europas e Américas), depois de ter sido inaugurada em Maputo, a 13 de Abril de 2006 no Museu Nacional de Arte, e de ter viajado por Luanda, Salvador da Baía, Rio de Janeiro, Brasília e Praia???
Foi produzida pelo Instituto Camões, comissariada por António Pinto Ribeiro (antes do arranque de O Estado Mundo na Gulbenkian) e por Rita Sá Marques (IC), com comissários adjuntos no Brasil (António Sérgio Moreira) e no Brasil (Gemuce). E tem um óptimo catálogo em que se deve destacar o texto de Alda Costa "À procura de outros olhares - Uma viagem pela arte moderna e contemporânea de Moçambique", sem dúvidao melhor estudo até agora publicado sobre o tema.
Pelo que sei pelo catálogo, por fotografias e outras fontes (também as do Instituto Camões - link ), trata-se, além de uma boa exposição, da mais importante iniciativa portuguesa no mercado internacional do "multiculturalismo", que é como se sabe um sector de ponta das indústrias culturais da actualidade. Pelo que soube em Maputo, a exposição foi aí considerada uma etapa significativa na ambicionada dinâmica de internacionalização dos seus artistas.
Será possível que ela tenha terminado/interrompido a sua itinerância??? Quando lhe faltava cumprir uma segunda metade do seu projecto não menos importante: precisamente, a afirmação portuguesa, a intermediação de Lisboa, nesse campo internacional da circulação "pós-colonial"??? Nas vésperas do ano de 2008 consagrado pelo Parlamento Europeu ao diálogo intercultural???
Devo ter sido mal informado. Ou bastará pedir um subídio à Gulbenkian, talvez prolongando e alargando à Europa o programa de O Estado do Mundo. O que até permitiria fazer convergir estratégias e protagonistas (IC + FG) numa perspectiva de futuro - com cada um para seu lado não vamos a lado nenhum, e a Gulbenkian até lançou o projecto Artáfrica, agora transferida para a Fac. de Letras... - link .
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O Porto, há dias, parecia ter voltado aos tempos da capital cultural (2001) ou descobrir uma vocação de cidade das artes, ou pelo menos um programa para o verão. Dalí, Gerardo Rueda e François Dufrêne (para escolher o nome mais conhecido do Museu de Serralves) disputam lugares bem visíveis no espaço urbano, em grandes painéis publicitários e nos habituais cartazes de Serralves.
Dali está no Palácio do Freixo, aberto ao público depois de restaurado e antes de se oferecer à hotelaria (pode ser um bom matrimónio, já que há imenso património sub-utilizado ou em ruínas - questão a discutir pela população do Porto - ver p. ex. art&manha , blog que acabei de descobrir).
O que se expõe, por iniciativa de uma Câmara que sabe qual é a cultura que lhe serve, são "285 obras" (originais certificados, garante-se), em geral papéis e pequenas esculturas decorativas de produção muito tardia, que constituem a parte já mais degradada da sua produção comercial (autêntica ou não, não importa nada).
Dalí é um caso extremo de degenerescência e oportunismo que foi ganhando alguma "respeitabilidade" em meios cultivados só porque o mundo artístico foi prescindindo de juízos críticos, em nome de um "vale tudo" em que o único critério é a visibilidade mediática. Os horários (até 4 de Nov.) prolongam-se para as 22h e 24 horas, a entrada é cara (4 €, 2 para cartão CGD) e o público parece ser muito.
Gerardo Rueda, 1926-96, é um discreto artista espanhol (também - e a iniciativa, assumida pela Universidade, é igualmente patrocinado pela CGD, que já não se contém nos espaços dados à Culturgest, sem chegar ainda às alturas da sua prestação em Madrid, onde patrocina a exposição de Van Gogh no Museu Thyssen! - ver aqui ). É apresentado até 15 Set. pelo IVAM de Valência (o IVAM de Consuelo Ciscar, já não de Kosme de Barañano, Vicente Todolí e Tomás Llorens - mas o mesmo IVAM que trouxe pela primeira vez à Europa a grande pintora norte-americana Elisabeth Murray, agora falecida...).
Em Lisboa, aliás, o mesmo IVAM apresenta o escultor valenciano Miquel Navarro, n. 1945, na Cordoaria ( ver - até 30 Set., entrada livre: e esta é uma interessante exposição). A dupla operação simultânea visa marcar posições durante a presidência portuguesa da UE. São questões geoestratégicas (afirmação de cidades e de regiões de Espanha), tal como os patrocínios bancários são questões de marketing e de gestão de imagem do capital financeiro.
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Bin Laden - 11 de Setembro, de Hazra Chitrakar, pormenor de uma pintura narrativa e cantada
"Pinturas Cantadas - arte e performance das mulheres de Naya" (Estado de Bengala, Índia), no Museu de Etnologia, até final do ano - sem website (IPM) - mas atenção ao óptimo site da exposição original indicado abaixo (comentários).
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EXPRESSO/Cartaz de 07-08-93, pág 13
“Não há novos”
IMAGENS PARA OS ANOS 90
Casa de Serralves
Pelo terceiro ano consecutivo a Fundação de Serralves apresenta durante o Verão uma colectiva com repercussão nacional e com intencional sentido polémico, numa sequência que se vai constituindo como uma referência indispensável no panorama artístico português, embora naturalmente construída por momentos de desigual importância. Este ano foi o próprio director artístico de Serralves, Fernando Pernes, que se reservou a função de comissário (depois de a ter atribuido a Bernardo Pinto de Almeida e a Alexandre Melo, em 91 e 92 n.1), conferindo à mostra um duplo projecto de sinalização de mudanças entre as décadas de 80 e 90, e, por outro lado, de revelação de jovens artistas e de outros menos jovens mas de também recente originalidade criativa.
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As vistas do Bósforo, o estreito que separa a Europa da Ásia, predominam entre as 38 obras trazidas de um museu de Istambul, a que se associaram dez pinturas portuguesas, justificadas por razões diversas mas igualmente ampliando a curiosidade desta mostra que não se envolve em efeitos mediáticos e não é menos agradável por isso.
"Evocações, Passagens, Atmosferas. Pintura do Museu Sakip Sabanci, Istambul" (ou Sakýp Sabancý)
Galeria de Exposições Temporárias do Museu Calouste Gulbenkian, só até dia 26
ver aqui o "minisite da exposição"
O título vago recobre obras de datas paralelas à vida de Calouste Gulbenkian - de 1850 a 1950 e 1869-1955 -, arménio nascido na margem esquerda, europeia, do Bósforo. Os pintores são turcos ou estrangeiros instalados na corte do império otomano, num tempo de abertura às informações cosmopolitas e em especial francesas nas primeiras décadas do séc. XX.
Começa-se muito bem com o interior da basílica de Santa Sofia (de Şevket Dağ, 1906), mostrado num "aparelho" óptico e cenográfico que lhe amplia a escala e o simbolismo (design de Mariano Piçarra), enquanto do outro lado o templo se divisa ao longe por entre os Ciprestes em Scutari, na outra margem do estreito, numa obra de Félix Ziem trazida das reservas da Colecção Gulbenkian (c. 1860-70). Pintor francês (provençal, Dijon-Marselha), grande viajante e de muito sucesso em vida, 1821-1911, esquecido depois nas histórias embora seja possível apontá-lo entre os luministas precursores dos impressionistas ou compará-lo ao proto-expressionismo de Van Gogh - o Museu possui três quadros e duas obras gráficas que estiveram em destaque em 2003/04 ("uma obra em foco", que não vi...lamento agora). Os ciprestes que enquadram os reflexos dourados lembram-me, com a sua densidade matéricam, castanho-vermelho, algumas fantasmagorias posteriores de Gustave Moreau. Excelente início.
A seguir mostram-se aspectos próximos da cidade, os habitantes, pátios, comércios e credos, num minucioso realismo descritivo, e aí aparece a presença insólita de um quadro de Abel Salazar (Na Adega, c. 1936, col. CAM), numa associação que atravessa espaços, tempos e estilos muito diferentes com um improvável mas questionante sentido. E passa-se à pintura de paisagem e em especial à marinha com fortes efeitos de tempestade, pôr do sol ou luar.
Fausto Zonaro (1854-1929)
Marinha, 1892, 46 x 85 cm, de um pintor de Pádua que trabalhou para a corte otomana.
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Em tempo:
Conceição Abreu na Galeria Caroline Pagès, Campo de Ourique - até 28
Desenhos e objectos-esculturas, "Within" ("Ao longo das cinco salas da galeria encontram-se distribuídas esculturas que simulam ninhos, agulhas e sacos, uma teia e um tapete que foram realizadas com elásticos segundo uma técnica de minucioso enlace, como se de um trabalho de renda ou malha se tratasse.") Conceição Abreu nasceu em 1961, frequentou o Ar.Co até 2000 (pintura) e vive em Madrid.
As imagens e os seus sentidos (desenhos e objectos construídos, às vezes quase desenhos objectuais) são indissociáveis do seu fazer laborioso, dos gestos repetidos e minuciosos, vindos de uma intimidade que comunica preservando a sua discreta privacidade. O elástico é um material inesperado, tecnológico e ao mesmo tempo quase orgânico (a cor, a elasticidade, a precaridade temporal).
João Paulo Feliciano, "Collor Games" no Appleton Square, Rua Acácio Paiva, 27 (Av. da Igreja). A vontade e a nostalgia da pintura, por outros meios. Com o gosto de experimentar e com o humor - não será "grande pintura" (às vezes encontra-se), mas tem qualidades visuais que resistem para lá da surpresa do primeiro encontro e que põem questões. Até 14 de Agosto. link
Tape Paintings #13, 2006
vários tipos de fita adesiva sobre tela, 150 x 150 cm
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Tags: Appleton Square, Caroline Pagès, Conceição Abreu, João Paulo Feliciano, Módulo, Pedro Valdez Cardoso
...recomendados, claro. Continuação de (1). Em actualização (dias 6/8>16)
António Júlio Duarte, Goa, 2004, na colectiva "Isto não é uma flor!", Módulo - Lisboa, até 28 de Julho (Foto: cortesia Módulo)
Com fotografias Harry Callahan (Weed against sky, 1948) , William Eggleston e David Hockney (Pretty Tulips, 1970); com uma serigrafia aguarelada de Andy Warhol (de uma expoosição de inícios dos anos 80); mais fotografias de Nam Goldin, Duarte Amaral Neto, José Luís Bento e Graça Sarsfield; uma fotografia "intervencionada" de Nedko Solakov; esculturas-objectos de Catarina Saraiva e Pedro Valdez Cardoso; desenhos de João Jacinto e Daniel Melim; e ainda Ana Mata com um auto-retrato branco desenhado (?) com fita cola, um trabalho surpreendente que não é só uma proeza técnica. Uma colectiva rara apresentada por Mário Teixeira da Silva com algumas obras da sua colecção
Pinturas de Mónica Capucho na Gal. Carlos Carvalho. Ver texto
Susana Gaudêncio, desenhos de filmes de animação, na exp. «Agent Provocateur, na Gal. Carlos Carvalho, espaço Zoom. E outros vídeos de animação na Plataforma Revólver, colectiva "Debaixo do tapete"
Gabriel Abrantes, Sem título, 2007, técnica mista sobre tela, 135x260 cm, na exp. "Buttpocalypse", Galeria 111 Lisboa. Até 28 Jul.(Foto: cortesia 111) - ver página autónoma
Sabine Hornig, Invalidenstrabe, 2006, C-print on plexiglas, 125 x 154,4 cm. Desta vez o nome quadro fotográfico não é depreciativo, mas porque envolve um uso inteligente das molduras fotografadas e um jogo de superfícies e profundidades em que estão presentes questões picturais. Está na Galeria Cristina Guerra, melhor e mais acertadamente exposta que no CCB em 2005.
Miquel Navarro, "Fluido na Cidade", 2003, ferro (250 x 1200 x 700 cm) no Torreão da Cordoaria Nacional. Exp. "Simbioses: arquitecturas do corpo e da cidade", até 30 de Setembro
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Tags: António Júlio Duarte, Catarina Saraiva, Cristina Guerra, Diana Costa, Gabriel Abrantes, Isabel Baraona, Miquel Navarro, Mónica Capucho, Sabine Hornig, Susana Gaudêncio
Álvaro Siza e Arnie Zimmerman (Central Tejo, Trienal de Arquitectura), Ana Fonseca (Gal. Luís Serpa), Brígida Mendes (São João da Madeira e Fundação Gulbenkian), Catarina Botelho (Plataforma Revólver), Daniel Gustav Cramer (Vera Cortês), Isabel Baraona (Baginski e São João da Madeira), Pedro Valdez Cardoso (Módulo, Porto e Lisboa). E também a alemã Sabine Hornig na Cristina Guerra ( "Landscape Negative", fotografias a cores de grandes dimensões representando montras de lojas abandonadas).
Para os artistas jovens parece ter passado o tempo da facilidade e da auto-complacência. Agora é "a sério", talvez porque a competição é enorme, e há numerosas aparições de grande interesse.
Fotografia de Brígida Mendes, Sem Título, 2006 (gelatina e prata, 120 x 140 cm), na colectiva "Body Sweet Body" no Centro de Arte de S. João da Madeira, comissariada por Luísa Soares de Oliveira. Com Catarina Saraiva (tb em "Isto não é uma flor!", Módulo), Diana Costa, Gaetan e Isabel Baraona - ver abaixo e em continuação 2. Brígida Menes está também representada em "50 Anos de Arte Portuguesa", na FG.
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"História e ficção"
Seis artistas no centro de uma década prodigiosa
EXPRESSO/Actual de 01-05-04
O grupo homeostético chega ao contacto com o «grande público» cerca de 20 anos depois do desenrolar das suas actividades, mas as obras e o seu espírito não ganharam uma ruga. Sob esse nome reuniram-se seis artistas: Pedro Proença, Manuel João Vieira, Pedro Portugal, Xana, Ivo e Fernando Brito. Nascidos entre 1958 e 1963, frequentaram a Escola de Belas Artes de Lisboa na primeira metade dos anos 80 e realizaram cinco exposições de grupo - duas na Escola (1983), uma em Portimão e outra em Coimbra (1984 e 86) e a última na SNBA (1986), a única que teve alargada visibilidade, em parte graças ao braço musical homeostético, os Ena Pá 2000, de M. J. Vieira. Intitularam-na «Continentes», em resposta ao «Arquipélago» exposto no ano anterior, no mesmo local, por Calapez, Croft, Cabrita Reis, Rui Sanches, Rosa Carvalho e Ana Léon (todos mais velhos, mas de afirmação mais lenta), e aí exibiram cinco quadros de 10 metros e grandes esculturas pintadas, ocupando-se cada um da sua parte do globo.
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Provavelmente, M.C. não aparece apontada entre os "artistas dos anos 2000" (ou será anos 90?), nem consta das listas institucionais de nomes sazonais - tem muito tempo para chegar ao museu. Cada vez mais esse lugar exterior é meio caminho andado (só meio) para assegurar a seriedade de um trabalho. Ontem passei do Gabriel Abrantes para a Mónica Capucho - fui da desordem apocalíptica para o sistema regrado, da aventura e do excesso para a ordem e o rigor - e essa passagem entre opostos não mostrou incompatibilidades.
Pode parecer um caminho muito trilhado, talvez exangue, em mais uma variação de geometrias e monocromatismos sistemáticos. Mas o que podia ser aridez e repetição é um percurso subtil, seguro nas suas variações e sustentado pela densidade muito própria com que se conjugam conceitos e imagens.
Primordial Strength, 2007 – Óleo s/ tela, 100 x 100 cm
Os títulos, que são programas e comentários, inscrevem-se agora no canto superior direito e já tiveram antes maior visibilidade, sem deixarem aqui de ser uma marca conceptual forte - para além de se poderem ver como marca autoral. Eles impõem uma observação que é questionamento, inscrevem uma reflexão sobre a poderosa presença visual de cada uma das obras, situam ou apontam para uma variação de sentidos no que começa por ser o desenvolvimento de um sistema pré-fixado. Outros títulos: Dark Obsession, Frozen Thought, Grey Matter, Homogeneous process of defining, Linked Together, Optional decision - e "Clean Approach", título geral da mostra.
A grelha tem uma presença muito extensa na pintura do século XX e reaparece recentemente com grande energia nas obras de José Loureiro e, agora, no MCB, de Cabrita Reis. Mónica Capucho investiga-a ou explora-a sistematicamente problematizando as suas dimensões mais especificamente ópticas (espaço, cor, profundidade, ritmo, etc), isto é, fazendo intervir visivelmente a condição conceptual, reflexiva, programática na radical opticalidade material do seu trabalho. Agora aparecem pequenos desiquilíbrios, desvios, que situam novas questões estruturais e perceptivas. Aparecem variações de profundidade e transparências que vêm agitar o que parece ser uma ordem rígida. São caminhos de novas explorações.
A pintura de Mónica Capucho, discretamente e com uma grande eficácia visual (sempre as contradições), está a mover-se.
Galeria Carlos Carvalho. Até 31 Jul.
Mónica Capucho
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Tags: Galeria Carlos Carvalho, Mónica Capucho
Sem título, 2007, técnica mista sobre tela, 129x140 cm (Foto Gal. 111)
Pobre mamute, boneco de trapos *
Gabriel Abrantes (1984, Chapel Hill, North Caroline, USA) - Cooper Union for the Advancement of Science and Art, NY, 2002-06; École National des Beaux-Arts, Paris, 2005-06.
* com Katie Widloski
**pormenores (Fotos tm Nokia)
Galeria 111, "Buttpocalyse", até 28 Julho. "Quando se pensa num fim próximo, só um trabalho muito estranho faz algum sentido. É uma maneira de fazer uma produção niilista, pragmaticante visível." G.A.
Poderia ter olhado com mais atenção para o convite. O Rui Brito podia ter avisado (houve performance na inauguração?). Assim, desprevenidamente, a surpresa é maior. E o "mercado" cumpriu o seu papel sem hesitar - só sobram os bonecos de pano, não se percebe porquê, virão a ser muito mais raros. Não me lembro de uma aparição tão fulgurante.
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O Museu do Prado abriu no dia 3 "la primera exposición dedicada al enigmático artista flamenco considerado el precursor del género del paisaje": no site oficial (em reconstrução)
PATINIR y la invención del paisaje
"Con un total de 48 pinturas, 22 de Patinir y el resto de sus más importantes precursores y seguidores, la muestra permitirá al público contemplar por primera vez reunida la mayor parte de las obras de este singular pintor cuyas composiciones siguen sorprendiendo por su peculiar combinación de fantasía y realidad y por su lírica evocación de la inmensidad de la naturaleza." Até 7 de outubro
A mostra é acompanha pela edição do catálogo "raisonné" do pintor:
"La publicación constará de siete ensayos y una introducción, además de una sección que corresponde al catálogo razonado de las 29 obras del artista, y dos apéndices donde se publican todos los documentos que se refieren a Patinir antes de 1700, y donde se estudia la cronología de sus obras."
O Museu de Arte Antiga continua com o seu "patinir" em exibição porque ele não
foi solicitado pelo Prado. E certamente não está incluído (não existe conhecimento de que esteja, não foram estabelecidos contactos nesse sentido) no catálogo,
o que virá colocar em questão a sua "autenticidade" ou atribuição, sem deixar por isso de ser uma excelente pintura.
O São Jerónimo em Oração do MNAA é habitualmente referido como "atribuído a Patinir". A sua bibliografia é muito escassa, mas na exposição que apresentou a colecção do Museu em Bona, 1999, a respectiva ficha, da autoria de Dagoberto Markl, já apontava fortes reservas e sugeria que a obra "se enquadra na linha dos continuadores de Patinir".
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Tags: Joachim Patinir, MNAA, Museu do Prado, Patinir
Tinha ficado para trás - dia 28 - uma 1ª abordagem ou 1º questionamento de uma exposição que experimentei como uma interpelação, sem anteriores referências que a facilitassem - e que foi produtivamente acrescentada pelo diálogo com o autor, o que não é frequente. E entretanto o calendário está a terminar - encerra dia 6 - 6ª.
(revisto dia 5 às 11h)
O vídeo It's OK (united) #1 #2 #3 - three steps to a (r)evolution, 2004-2006, 9'26" ( título geral de uma vídeo-instalação que inclui o registo em slide-show duma performance que está no início do projecto, mas isso agora não importa ) compreende três filmagens de situações diferenciadas onde grupos de jovens (crianças hispânicas, dois grupos de estudantes) cantam "para a câmara" letras que contrariam ou subvertem o teor heróico dos temas musicais e hinos a que se associam. ("it's ok to not succeed, it's ok to fall down")
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Tags: Fundação Carmona e Costa, José Carlos Teixeira
para mudar de assunto:
José Carlos Teixeira
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Fundação Carmona e Costa, até 6 de Julho - o sítio
Na segunda sala, a passagem rápida sustem-se (a experiência é pessoal, claro). Alguma coisa justifica a atenção e a paragem, estabelece o diálogo, ou pelo menos a necessidade de entender o que se vê. Há um alinhamento contínuo de fotos a cores de pequeno formato onde se vêem fragmentos de corpos, nunca os rostos, fragmentos de corpos vestidos (pessoas que conversam?) dispostos numa barra regular sobre o desenrolar de um texto - por exemplo, "...somos seres de fronteira, atravessados por linhas de fractura...", em português, mas a passagem ao inglês é constante, a toda a volta da sala, na mesma linha única. Há algo de reflexão íntima, introspectiva, e de díalogo cúmplice a várias vozes. Há uma adequação intrigante entre os fragmentos das figuras-personagens que vemos e o texto fragmentário, em duas sequências contínuas e comunicantes.
É 38 minutes of anthropology (strangers to ourselves), 2005, apresentado como instalação, seguindo-se a versão projectada na sala seguinte, em grande ecrã. Aí a sequência das imagens e o som são interrompidos pela sombra opaca do ecrã e o silêncio. A situação espacial, o tempo, o ritmo, são outros, e a relação-variação entre ambas as versões que constituem uma única obra (vídeo + instalação fotográfica) é intrigante, algo como un "work in progress".
Observando as tabelas, e lendo agora os textos do catálogo do autor e de Pedro de Llano, encontra-se a referência a Adorno, Deleuze, Kristeva, etc, etc, a substituir em parte o que se julgaria serem só reflexões ou depoimentos dos personagens filmados. É certamente um acréscimo de densidade, de complexidade, por onde se introduz uma outra dimensão mais autoral por parte parte de JCT, mas é também, talvez, o hábito escolar e escolástico da citação.
(in progress)
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"Isn't There Something Better Than Biennales? - New York Magazine 15/06/07
nymag
By Jerry Saltz
"There are currently more than 60 biennials and triennials around the world. Biennial culture is so prevalent that curator Dan Cameron and I have joked about publishing a monthly magazine called Biennial, dealing with nothing but these shows. The glossy back cover would permanently advertise Jorge Pardo, Rirkrit Tiravanija, Liam Gillick, Pierre Huyghe, and Philippe Parreno, all of whom seem perpetually to be on view. There would be a column called “This Month in Relational Aesthetics,” top-ten lists like ‘Messy Installations in Huge Spaces,” artists discussing how they had “intervened with the local culture,” and writers asserting that their work is a “subversion of biennials.”
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"Domestic Landscapes" de Bert Teunissen no centro comercial Campus S. João, em Paranhos - Porto
É a melhor - e mais urgente (encerra dia 30) - exposição no Porto. Incluindo Serralves, mas com menção especial a Gérard Castello-Lopes na Gal. Fernando Santos. O lugar (de desorientado acesso para quem nunca ouviu falar do centro comercial) é numa zona urbanizada pelo Metro entre hospitais e universidades - parece uma cidade europeia e tem a paragem à porta. Paranhos antiga também parece ir bem.
A referência da exposição vem no roteiro da Visão-Porto (dia 23).
Um artigo de Jorge Calado no Expresso já alertara para a edição Aperture ($50; $35 on-line) e a exposição em Nova Iorque, no Actual de 28 de Abril último. Recordou uma 1ª apresentação da série nos Encontros de Braga de 2002 (em provas de formato panorâmico), depois no Museu da Imagem em 2004 (estiveram para vir em 2006 ao Arquivo de Lisboa, mas os meios faltaram...). E diz que "são a mais impressionante documentação dum presente prestes a desaparecer desde que Eugène Atget fotografou Paris na transição dos séculos XIX/XX".
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Tags: Bert Teunissen, Campus S. João, Domestic Landscapes, Museu da Imagem
White building from blue porch, 1968 (o./t., 75 x 81 cb) Casa branca vista de um pórtico azul
Robert De Niro Senior ver 1 não se encontra nos grandes panoramas norte-americanos do séc. XX. Por ex. em American art in the 20th Century, 1993, de Joachimides e Rosenthal (Royal Academy e Saatchie Gall. + Martin-Gropius Bau). Ou em The American Century, Art & Culture, 1999-2000, Whitney Museum. Mas, sem usar o Google, está por exemplo na história parcelar e parcial de Irving Sandler, em francês, Le triomphe de l'art américain, vol. 3, L'École de New York (The Painters and Sculptors of the fifties, 1978; ed. Carré 1991).
Aparece aqui como um dos 13 jovens artistas convidados a participarem no Ninth Street Show, 1951, organizado num armazém da rua desse nome por vários membros fundadores do Clube - ou Eighth Street Club ou Artists Club - fundado em 1949, por De Kooning, Kline, Reinhardt e outros, local de debates públicos até 1954, e depois com novos responsáveis. Com De Niro expunham, p.e., Alfred Leslie, Hellen Frankenthaler, Grace Hartigan, Eleine De Kooning, Joan Mitchell, Fairfield Porter, etc. Era já a 2ª geração da Escola de NY (o nº de artistas mulheres será significativo?).
A primeira exposição importante da "nova vaga" terá sido a New Talent, 1950, organizada por Greenberg e Meyer Shapiro na Kootz Gallery. Entre os 23, De Niro estava acompanhado por Leslie, Hartigan, Eleine De Kooning, Robert Goodnough e Larry Rivers. É a época do reconhecimento pleno da 1ª geração do expressionismo abstracto, vindo desde 1940, e da vitória americana do "modernismo". A seguir vai pôr-se a difícil questão das rotações geracionais e da continuidade de uma "vanguarda".
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Tags: Robert De Niro Senior
Cruzei-me com eles em Nova Iorque, mas a agenda era outra. Agora, apareceram por Lisboa, pai e filho, júnior e senior. Robert De Niro pai (1922-1993) foi um pintor bem interessante. A antologia mostra-o em duas salas com pintura e desenhos em geral dos anos 60 e 70, que não acompanham aquilo que mais se conhece dessas décadas. Essa distância, que aproxima o pintor de outros anteriores (Bonnard, Matisse são os mais evidentes), é também o que liga a outros mais recentes e actuais.
A exposição trazida pelo Lisbon Village Festival é uma boa surpresa e as imagens possíveis são uma pálida aproximação às suas cores próprias, com violetas e amarelos únicos, e uma luz vibrante.
No Palácio Galveias até 8 de Julho.
sáb. e dom. 14-19h30 / 3ª a 6ª 10-19h30 (gratuito)
Winfield Street Hoses II, Bernal Heigts, 1978 (óleo/tela, 56 x 81,3 cm)
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É por cá um desconhecido, mas quem conhece um grande pintor norte-americano como Fairfield Porter, por exemplo? Aliás, este Porter (1907-1975, pintor e crítico) também escreveu sobre De Niro, como se irá ver.
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Tags: Robert De Niro Senior
Marco Pires
e tb Catarina Saraiva e Antoine d'Agata
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Marco Pires Sem título #10 da série Mapas, acrílico sobre alumínio, 122 x 125 cm
Em último dia, um artista que tem exposto regularmente no Porto com o Pedro Oliveira.
Ver site (obras e statements de um já extenso corpo de trabalho)
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Sendo explícita a referência a mapas de cidades, a malha urbana apropriada autonomiza-se como uma grelha de base geométrica onde a ordem se perturba, e que ora regista uma possível irregularidade dos lugares ora se oferece aos acidentes e falhas que são suscitadas pelo fazer pictural. A abordagem do tema (o mapa urbano, a exactidão e a distorsão cartográficas) é relacionada, segundo indica o artista, com as convenções da representação no campo da cartografia que asseguram a tradução bidimensional dos espaços (daí decorrerá o título "White Lies"), e a pintura será depois mediada por processos de distanciamento que envolvem fotografia, projecção e maquetas. A relação da arte com as ciências é um dos interesses afirmados por MP.
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Já agora fica em arquivo o artigo que referiu a vinda do Café Deutschland II a Lisboa
Immendorf, «Café Deutschland II», 1978
(o encontro entre Immendorff e Penk numa Alemanha dividida)
Expresso/Actual, de 11 / 03 / 2000
ARTE ALEMÃ DO PÓS-GUERRA
Centro Cultural de Belém (Até 16 Abril)
É UMA importante exposição que o CCB apresenta, graças à circulação internacional da colecção do Kunstmuseum (Museu de Arte) de Bona. Um panorama extenso e diverso, que, apesar dos 42 nomes presentes, não pretende ser exaustivo, optando antes pela forte representação que é quase sempre atribuída a cada artista. Não é esse, no entanto, o caso de dois dos artistas mais originais no panorama do pós-guerra alemão e internacional, e que apenas surgem brevemente sinalizados por uma obra isolada, decerto por limitações da própria colecção: Hans Hartung, que já era antes de 1945 um dos nomes alemães com impacto seminal sobre a abstracção gestual, e Konrad Klapheck, um pintor «clássico» que desde meados da década de 50 se interessou pela representação minuciosa e subtilmente crítica de objectos e máquinas de uso quotidiano, cuja obra isolada já era conhecida dos artistas neo-figurativos ou Pop de princípios dos anos 60.
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Tags: Immendorff
Estão em linha (nas profundezas do eter (?) - os índices ou sumários são sempre pouco eficazes ou demasiado misteriosos) comentários sobre as seguintes exposições em Lisboa:
ANA MATA (pintura), Módulo, até dia 17 de Maio
COLUMBANO BORDALO PINHEIRO (1874-1900), Museu do Chiado, até 27
SARA MAIA, "Dog's Life" (pintura), Sala do Veado, Museu de História Natural, até 31
JOÃO PEDRO VALE , "Nascido a 5 de Outubro" (escultura), Galeria Filomena Soares, até 15 de Junho
3D - Colecção Berardo na Assembleia da República (escultura), até 19 de Agosto
MENEZ - Exposição Antológica, Centro de Arte Colecção Manuel de Brito, Algés, até 16 de Setembro
E também, fora de Lisboa:
HENRI CARTIER-BRESSON, "Os Retratos de... - O Silêncio Interior", Fundação Eugénio de Almeida,Évora, até 29 de Julho.
e já deviam estar tb
MARGARIDA CORREIA, "Things", fotografia, Galeria 111, até 17 de Junho
CINEMA EM CARTAZ, Cartazes de Cinema da Colecção Joaquim António Viegas, Cordoaria, até 24 Junho
MARIA KEIL, "A Arte de...", Auditório Municipal Augusto Cabrita, Montijo, até 31 de Julho
E aguarda-se com expectativa
"50 ANOS DE ARTE PORTUGUESA" (com. Raquel Henriques da Silva, Ana Filipa Candeias e Ana Ruivo), Fundação Gulbenkian, a partir de 6 de Junho.
MUSEU BERARDO, Colecção de Arte Moderna e Contemporânea – no Centro de Exposições do Centro Cultural de Belém - abertura a 25 de Junho. Ver www.museuberardo.com
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Columbano, em últimas semanas, continua a surpreender por boas e más razões. O homem passa do melhor ao pior com uma desarmante rapidez e a casa não ajuda.
...
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Frank Stella, Bandshell (Maquete), 1999, fibra de vidro, 12' x 14'6" x 15' (Sperone Westwater, New York)
Frank Stella em Lisboa, na Assembleia da República (The Broken Jug, 1999, fibra de vidro e madeira pintadas, 365,7 x 442 x 457,2 cm), e tb no MET de Nova Iorque, aí em duas exposições - no terraço, as novas esculturas monumentais. Por uma vez estamos a horas.
O "maximalismo" de Frank Stella é pouco conhecido por cá e de facto não é facilmente transportável. E também é pouco apreciado por quem tutela, porque os artistas não "devem" fugir aos rótulos que lhes põem em jovens (as maturidades tardias são um problema...)
Aliás, o "maximalismo" não é um estilo colectivo, e não se pode usar como uma receita (ao contrário do "minimalismo"). Como são de grande formato ou de forte aparato visual, nota-se muito quando o artista é só medianamente apto. Só desvantagens. Prefere-se a redução minimalista, que tem mais uso como decoração.
A peça da Colecção Berardo apresentada na exp. "3d" tem na Assembleia uma excelente montagem, "apertada" num espaço fechado à passagem para os jardins, de fibra branca como o casco de um barco e em diálogo com a escultura negra colocada em frente. Com o humor e o excelente sentido de montagem que tem toda a exposição (nesta área, a "excelência" é considerado um qualificativo conservador; convém usá-lo para estabelecer diferenças).
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Tags: Colecção Berardo, Frank Stella
Palavras ou objectos / ler ou ver
Os trabalhos de João Pedro Vale correm o risco (não exactamente eles, mas a relação do espectador com as obras) de serem ocultados sob as informações e explicações que a seu respeito se fornecem. Tudo é traduzido em sentidos prévios e exteriores (os símbolos da portugalidade), descrito nas suas referências a imagens ou objectos pré-existentes, "contextualizado", ou substituido pelo seu "contexto". A exposição é referida como "um discurso sobre discursos", como se não se tratasse de objectos construídos - não apenas ideias e palavras. Poderia talvez usar-se a respeito desta metamorfose de objectos em "sentidos" a palavra "explicadismo", que Pedro Portugal utiliza na sua última exposição.
Ora os trabalhos de JPV têm de existir com a sua objectualidade específica para serem eficazes, para serem visualmente e significativamente poderosos, e o seu poder real não se substitui pela respectiva descrição, ou "explicação". Não são ilustrações de um discurso e, por outro lado, não são as chaves explicativas que lhes conferem importância. Têm de ter uma execução laboriosa e perfeita (minuciosa, sustentada em sucessivas descobertas visuais ao passar-se da visão distanciada à observação próxima) para suscitarem uma admiração que é tanto maior quanto a utilização dos materiais escolhidos é por si mesma motivo de surpresa - o sal que reveste o torreão, as notas de 20 escudos que forram o avião, a plasticina usada nas réplicas das pinturas, o papel higiénico e guardanapos dos "quadros".
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Tags: Galeria Filomena Soares, João Pedro Vale
Há sempre maneiras de inventar novas histórias. A modernidade moderniza-se todos os anos e há mais crédulos para sustentar um versão algo diferente. Em especial se for muito simples (este exercício é da responsabilidade do publicista espanhol - tudo indica que a informação original tem outra seriedade). De qualquer modo, há alguns quadros que resistem às ficções que os vestem.
Em Madrid, longe, e a Fondación Mapfre é um dos melhores centros de exposições. Por cá, aos bancos e seguros ou às grandes fundações basta-lhe uma miudezas.
Publicado el 26/04/2007 EL CULTURAL/EL MUNDO
"Raíces de la modernidad - Neoimpresionismo"
Comisario: Serge Lemoine.
Fundación Mapfre. General Perón, 40. Madrid. Hasta el 4 de junio.
"El tránsito de la pintura de la tradición a la modernidad constituye una vieja historia, resuelta ya por los tratadistas, pero que todavía ha sido muy poco abordada expositivamente. De ahí el interés de una muestra como la que ofrece la Fundación Mapfre, en la que se repite la versión que Serge Lemoine, presidente del Musée d´Orsay, ofreció hace dos años en otra exposición parisién.
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Les Baigneueses, As Banhistas (ou Les Baigneurs?), de Niki de Saint Phalle, 1985 (resina e poliéster pintado, 2,74 cm de altura)
Ficam muito bem à entrada da Assembleia. Devolver a possibilidade do humor à arte, dirigi-la a um público alargado são dois trunfos da exposição 3D - um óptimo jogo de sentidos entre as três dimensões da escultura e os objectivos do 25 de Abril (democratizar, descolonizar, desenvolver): trata-se da AR e estamos à beira das comemorações e também da presidência europeia. E a linha gráfica segue a mesma ideia, com as tabelas ampliadas a tornar a Assembleia um lugar de exposição (não estamos num museu!)
Até 19 de Agosto
Visitas de 3ª a Domingo às 10h, 11h30, 12h30, 14h, 15h30 e 17h (213612800)
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Tags: 3D, Museu Berardo
"Dezembro", pintura, na Agência Vera Cortês, até 28 de Abril
pintura da série DEZEMBRO | 2007 | óleo sobre tela | 120 x 200 cm
Dois possíveis retratos de homens, outro está de costas, duas mulheres (ou a mesma por duas vezes? duvido agora), um cão sobre um sofá (outro retrato),um interior com janelas e um vaso com planta, mais outra que se vai desfolhando, um par de sapatos, uma natureza morta. Há talvez um fio condutor intimista através da série de pinturas, que o título reforça. Talvez um percurso panorâmico (várias telas são de formato muito horizontal) sobre personagens, objectos e o lugar de uma mesma narração. Sustida numa distância privada, silenciosa. A figuração estará mais do lado da observação do que da transcrição fotográfica, que vem servindo de alibi e de moda (mas conhecem o Walter Richard Sickert nos anos 30?). E é através dessa relação vivida com a presença da figura vista, com a densidade da experiência, que o sentido narrativo emerge para além da descrição, melancólico ou interrogativo.
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Tags: Daniela Krtsch, Exposições
A apresentação de algumas das novas aquisições de Berardo - a figura reclinada de Henry Moore e a Árvore de Dubuffet (em princípio da sua colecção pessoal, à margem do protocolo que funda o Museu) - asseguram à partida a importância do acontecimento. Às quais se junta uma grande escultura recente de Frank Stella, que é mais uma surpresa forte de um artista pouco ou nada visto por cá, e muitas vezes heterodoxo e inesperado. A relação da sua obra com o lugar que ocupa, como sucede aliás em muitos outros casos, é outro dos trunfos de uma exposição que pode ser um grande êxito a vários títulos e, em especial, com possibilidade de romper a compartimentação estanque dos públicos.
Figura reclinada, Henry Moore, 1969, bronze (editado em vida, 4 ex.), Col. Berardo.
(Lembram-se que a Fundação Gulbenkian tinha um Moore nos Jardins, que ficara da grande exposição de 1979 (?) e que nunca se resolveram a pagar? Durante uns tempos, os n/ especialistas achavam que M. estava ultrapassado.)
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Tags: 3D, Museu Berardo
uma Árvore de Dubuffet (L'Arbre Biplan, 1968) no jardim da Assembleia (Col. Berardo)
A exposição 3D (esculturas das colecções Berardo e Museu Berardo - mas também os 3D do 25 de Abril, que ficaram na memória do Jean-François Chougnet, mais do que na nossa) em primeira mão. Inaugura na 3ª feira, dia 16.
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Tags: 3D, Museu Berardo