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Jorge Guerra no Arquivo Fotográfico de Lisboa (09-04-2019). "Saudade de Pedra" (Lisboa, 1966 - mais precisamente, de 20/12/1966 a 5/01/1967 - 100 fotografias impressas pelo autor e adquiridas pelo AF em 1998). Exposição e livro, com texto de Jorge Calado.
Jorge Guerra com José Luís Neto (09/04/2019)
As fotografias de Jorge Guerra não foram divulgadas no seu tempo próprio, mas são um marco essencial dos anos 60 (1966), enquanto retrato da cidade no fim do regime de Salazar (seguir-se-ia ainda Caetano por mais alguns anos) e enquanto obra fotográfica - editada em livro em 1984, 1994 e 2019, agora em boas condições, sucede à Lisboa de Costa Martins e Victor Palla. Permanecendo secreta por muitos anos e discretamente divulgada (até esta exposição maior no Arquivo Fotográfico), Jorge Guerra ficou numa situação próxima - até hoje - de fotógrafo confidencial, como aos membros da tertúlia de Castello-Lopes, Sena da Silva, Carlos Calvet e Carlos Afonso Dias. Na história da fotografia em Portugal são muitos os autores secretos e alguns outros expuseram e/ou publicaram em vida mas ficaram numa espécie de limbo feito de ignorância e menosprezo, como Adelino Lyon de Castro e Maria Lamas, Artur Pastor, Augusto Cabrita, Gageiro. Ou os mais antigos Lacerda Nobre e Álvaro Colaço, Elmano da Cunha e Costa e os homens dos clubes 6x6 e Câmara.
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1994
“Mandados Oblíquos”, Casa Fernando Pessoa
Expresso Cartaz - 9 Out.
Jorge Guerra, 1966 (Col. Fundação Gulbenkian)
A. Um projecto fotográfico dos anos 60 reapresentado com extractos da «Ode Marítima» e editado num livro-catálogo. Usando a tele-objectiva e percorrendo em especial a zona ribeirinha, Jorge Guerra constrói um dos mais melancólicos retratos de Lisboa, fixando corpos e rostos por onde passa toda a inquietação dos anos da guerra e do exílio.
B. As fotografias de Jorge Guerra expõem-se associadas a extractos da «Ode Marítima», e também se editam num livro-catálogo sob o mesmo título: “Mandados Oblíquos”. Esta colagem temerária, que as imagens da Lisboa ribeirinha plenamente justificam, vem, aliás, renovar uma outra ligação poética que algumas destas mesmas fotografias já estabeleceram com a escrita de Ruy Belo e de João Miguel Fernandes Jorge num álbum quase desconhecido, “Os Poucos Poderes”, publicado pela Gulbenkian em 1984, embora planeado em 1972. Em qualquer dos casos ter-se-á tratado de assegurar assim a visibilidade de fotografias que têm, porém, em si mesmo inteira autonomia.
Realizadas em Lisboa durante a década de 60 (entre 66 e 68?) e ainda em grande parte inéditas — duas delas puderam ser vistas na exposição «Encontros com Narciso», em 1989, no CAM, e outras mais foram mostradas na Europália’91, por António Sena —, constituem mais um elo numa história só lentamente revelada e, em geral, depressa esquecida. Depois da “Lisboa…” de Victor Palla e Costa Martins, esta é uma outra viagem à procura da identidade de um país e também, através dele, de um destino pessoal, na demorada impossibilidade de uma plena existência colectiva.
É à beira rio, do Cais das Colunas ao Alto de Santa Catarina, diante da moldura aberta dos lençóis de água, mais rasgada ainda pelo uso permanente da tele-objectiva, que Jorge Guerra inquire os rostos e os corpos espectantes de uma cidade ao mesmo tempo íntima e absurda. Os anos eram então negros e os cais lugares de embarque para as Áfricas; Jorge Guerra, «cumprida» a sua guerra de Angola, voltava de Londres a uma Lisboa inabitável e assim se despedia para iniciar um longo exílio no Canadá, onde fez fotografia e cinema. <E onde dirigiu durante 15 anos, com Denise Guérin-Lajoie, a mais importante revista de fotografia do Canadá, a OVO.>
Algum «cinema novo» era vizinho deste mesmo olhar e, pela mesma época, o americano Neal Slavin (ver «Portugal 1968», edição Fotoporto 1990) traçava outro retrato implacável. Na breve história da fotografia moderna portuguesa, de que Jorge Guerra é uma das pedras definitivas (e um dos poucos que ultrapassaram a fase do amadorismo promissor), estas serão as mais pungentes imagens de nós mesmos. Mas se a melancolia domina estas imagens de gente solitária frente ao infinito, uma outra estranheza inquietante deve sentir-se perante a prolongada ocultação que as manteve até agora quase inéditas.
C. Edições e exposições com catálogo
Os Poucos Poderes, Fotografias de Jorge Guerra, Fund. Gulbenkian, 1984
Encontros com Narciso, Fotografias de Jorge Guerra, Fund. Gulbenkian, 1989.
Mandados Oblíquos, Fotografias de Jorge Guerra, Casa Fernando Pessoa, 1994
Jorge Guerra - Quarenta Anos de Fotografia, CCB 2000. (Ver entrevista de Celso Martins, Cartaz Expresso 12-02-2000)
1999
OVO Magazine, Montreal 1972-1988.
Expresso, Cartaz (Actual) 27-11-99
O FOTÓGRAFO Jorge Guerra faz hoje, no Arquivo Fotográfico de Lisboa, uma apresentação audiovisual do «Magazine Ovo», que dirigiu durante anos em Montreal, traçando também uma breve história das revistas internacionais de fotografia. Em exposição para consulta, uma colecção completa da revista, e alguns números, hoje raros, poderão ser adquiridos.
Editado e dirigido por Denyse Gérin-Lajoie e Jorge Guerra, o «Magazine Ovo» foi uma influente revista de fotografia que se publicou a partir de 1972 em Montreal ao longo de 15 anos, tendo desempenhado um papel relevante no desenvolvimento da cultura fotográfica do Quebeque, com efeitos na dinâmica cultural e política da região.
A revista seguiu um modelo original de publicação temática e documental que viria a ser vítima de fracturas resultantes da própria expansão das práticas fotográficas, até pôr termo, em 1988, às suas actividades e encerrar a galeria que fundara, em consequência de dificuldades económicas.
O seu último número contou com a colaboração de 70 fotógrafos internacionais, de Abbas a Joel-Peter Witkin, passando por Alvarez Bravo, Avedon, Boubat, Burri, Callahan, Cartier-Bresson, Larry Clark, Roy DeCarava, Sebastião Salgado, Jerry Uelsmann, Burk Uzzle, Joan van der Koiken, etc. A revista afirmava então defender «a fotografia como um médium essencialmente democrático que oferecia um meio simples e não sofisticado de registo, comunicação e expressão», colocando-se «em contra-corrente da política do 'savoir-do-dia' e de uma pretensa vanguarda que julga fazer avançar a história da arte mudando de estilo ao sabor dos ventos».
Também fotógrafo, Jorge Guerra publicou nomeadamente «Os Pequenos Poderes» em 1984, com fotografias de finais dos anos 60 e poemas de Ruy Belo e J.M. Fernandes Jorge (ed. Gulbenkian) e expôs «Encontros com Narciso» em 1989, também na Gulbenkian.
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publicado em INDUSTRIALIZAÇÃO EM PORTUGAL NO SÉCULO XX. O CASO DO BARREIRO, Actas do Colóquio Internacional Centenário da CUF do Barreiro, 1908-2008, Universidade Autrónoma de Lisboa, 2010. Pp. 423-442.
(* colóquio que teve lugar no Auditório Municipal Augusto Cabrita, Barreiro, 8-10 de Outubro de 2008. Painel 4 - Do Realismo ao Neo-realismo: imagens do trabalho e do operário na arte portuguesa)
tb disponível em Scribd
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(...) os resultados de alguma pesquisa tornaram possível abordar um período pouco conhecido da fotografia portuguesa, por forma a isolar um conjunto de imagens e de autores que podem justificar, como sucede em Espanha e em Itália, o uso do termo neo-realismo. O texto é um momento de uma investigação em curso, ainda necessariamente fragmentária.
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Apesar da natureza culturalmente retrógrada do regime de Salazar, ele acompanhou os outros países autoritários dos anos 30 numa relação moderna com a fotografia, usando-a com grande eficácia enquanto instrumento de representação e propaganda. Apropriou-se de linguagens vanguardistas em publicações de paginação arrojada (o álbum Portugal 1934, por exemplo - edição do Secretariado da Propaganda Nacional, SPN) e adoptou orientações de uma modernidade formal mais sóbria ou clássica por ocasião das comemorações de 1940. Atraiu para a sua órbita ou dependência os melhores profissionais, que não podiam encontrar um real mercado de trabalho fora dos círculos do poder ou da imprensa, e também os amadores de Arte Fotográfica, por muito tempo associados da antiga Sociedade de Propaganda de Portugal (1), onde as elites se encontravam sem atritos visíveis com a estratégia do SPN, antecessor do Secretariado Nacional de Informação, SNI.
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Tags: Lyon de Castro, Maria Lamas, Neo-realismo, Victor Palla
Já saiu a edição das actas do colóquio internacional “A Industrialização na Primeira Metade do Século XX - O Caso do Barreiro - Centenário da CUF no Barreiro, 19808-2008”, que se realizou de facto no ano em que se comemoraram os 100 anos da CUF no Barreiro, organizado pela Universidade Autónoma de Lisboa (UAL). No Museu da Indústria, Quimiparque, EP, actual Baía do Tejo.
Por acaso ou não (a convite de Raquel Henriques da Silva) aí apresentei uma intervenção que tem o título "O neo-realismo na fotografia portuguesa, 1945-1963".
Uma investigação que precisava de ser prolongada para a frente e para trás, ou seja, em direcção à fotografia directa e "verista" (?) de Álvaro Colaço e A. Lacerda Nobre que por uns tempos publicaram na Objectiva (anos 30, antes da chamada à ordem do Pe Moreira das Neves, em 1938, por via do Duplo Centenário) - mas onde se encontram informações sobre estes dois autores?; e, adiante, acerca do "feito 'The Family of Man?", que aqui é só um rápido e último subtítulo. E ao lado deveriam aprofundar-se os casos de Augusto Cabrita, dos Salões do Grupo Desportivo da CUF, do activismo de Eduardo Harrington Sena, e em geral de um esteticismo formalista que (a par do Foto Clube 6 x ) teve a sua sede mais importante no próprio bastião da classe operária. Um episódio que merecia uma tese, mas era preciso ir folhear anos a fio (1950-57) do Jornal do Barreiro, porque não se faz pelo Google. O 1º Salão de Arte Fotográfica do Jornal do Barreiro foi em 1950, mas a iniciativa (em que interveio o arq. Cabeça Padrão) foi logo posta na ordem.
No ensaio publicado agora deu-se algum destaque a Maria Lamas e Adelino Lyon de Castro, que a seguir se viram em duas exposições: Au Féminin / Women Photographing Women (Gulbenkian, Paris, 2009 - onde Jorge Calado dedicou à jornalista e escritora portuguesa a mais extensa representação - podia ter sido o começo de uma retrospectiva necessária) e Batalha de Sombras (de Emília Tavares e Museu do Chiado em V.F.Xira, 2009).
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"Dever de memória"
CAPA: CARA A CARA
Museo Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporáneo, Badajoz (Até 30 de Outubro)
É ADMIRÁVEL a forma como a Espanha esquece e enfrenta a memória terrível da Guerra Civil de 1936-39. A apresentação das fotografias que Robert Capa realizou desde o princípio ao fim do conflito, nas frentes de batalha e nas cidades arrasadas pelos cercos e bombardeamentos, acompanhando ainda as multidões de refugiados que, após a derrota, atravessaram a fronteira francesa, é mais um passo desse encontro tão penoso como necessário de um país consigo mesmo.
Exibidas em Madrid no início de 1999 - onde as encontrou a peregrinação anual à Arco - e em seguida colocadas em itinerância, elas estão agora em Badajoz, no museu que se ergue no local da antiga cadeia. Badajoz, rapidamente ocupada pelas tropas vindas de África, é, aliás, um dos lugares emblemáticos da violência dessa Guerra, graças aos milhares de fuzilados às ordens do general Yagüe, logo em Agosto de 1936. («Naturalmente que os matámos», reconheceu ele a um repórter norte-americano. «Ia levar 4000 prisioneiros vermelhos na minha coluna, tendo de avançar a contra-relógio? Ou ia deixá-los na retaguarda para Badajoz se tornar vermelha outra vez?»)
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"Inventário do mundo"
A COLECÇÃO DO IMPERADOR
Arquivo Fotográfico de Lisboa (Até 14 de Outubro)
PEDRO de Alcântara João Carlos Leopoldo (...) de Bragança e Habsburgo tinha 14 anos quando a 17 de Janeiro de 1840 assistiu à demonstração da invenção do daguerreótipo feita pelo padre francês Louis Compte junto ao Paço Imperial do Rio de Janeiro. D. Pedro II, que tinha seis anos à data da abdicação do seu pai, D. Pedro I e IV de Portugal, iniciou o respectivo reinado alguns meses depois daquele episódio, quando a 23 de Julho foi proclamada a sua maioridade, e manteve durante toda a vida (foi destronado em 1889 e morreu em Paris dois anos depois) um grande interesse pela fotografia.
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A exp. de "Lisboa 'Cidade Triste e Alegre'"na Galeria Divulgação, Porto:
a partir de 2 Dez. 1958 - a foto, do espólio dos arquitectos, foi publicada na pág 281 da História da Imagem Fotográfica em Portugal - 1839-1977, de António Sena, Porto Editora (1998)
e antes na Gal. Diário de Notícias, 21 a 28 de Out. 58, vendo-se Costa Martins sentado ao centro (foto mostrada na exp. "Lisboa tem histórias", Museu da Cidade, até 3 Abr.
São os mesmos painéis "paginados", com uma diferente disposição por o espaço ser menor.
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No Público, a notícia cita o testemunho breve de José Manuel Rodrigues: www.publico.pt
Expôs na galeria Pente 10 - "Fotografias 1956-2008", com catálogo homónimo - em 2008, e antes tinha sido apresentado na Cadeia da Relação, CPF Porto - «Viagens Fotográficas» - em 2002 , com itinerância por Évora e Lisboa, na sequência da publicação de: Carlos Afonso Dias, «Fotografias 1954-1970» , Ed. Centro Português de Fotografia, 144 págs.
Fora "descoberto" por uma (primeira) exposição na Ether, em 1989 (cat.).
Foi engenheiro geógrafo especializado em fotografia cartográfica e depois investigador de pescas, tendo-se fixado em Angola em 1967.
capa do cat. de 1989, ed Ether
"Dois terços das imagens publicadas (em 2002) concentram-se nos decisivos anos de 1957 a 1959, aplicando-se o inicial entusiasmo da descoberta da fotografia a retratar a melancólica realidade do país, com a urgência de um assumido empenhamento humanista, e a explorar mais livremente o olhar e o humor nas deambulações pelo exterior, num trânsito que é bem significativo sobre a opressão do tempo nacional."
Sobre o seu trabalho fotográfico escreveram nomeadamente Gérard Castello Lopes nos catálogos de 1989 e 2002 («O Trampolim do Passado») e Jorge Calado ("Os percursos do éter", Expresso-Revista de 10 de Junho de 1989).
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No Jornal do Barreiro
15 de Setembro de 1955, "Vidas difíceis" na secção mantida por Eduardo Harrington Sena; é talvez o caso em que o apologista da "fotografia pura" mais elogia o "ambiente extraordinariamente humano" de uma imagem, sobrepondo-o à respectiva "beleza pictórica".
Foto premiada no 4º salão do Grupo Desportivo da Cuf do Barreiro, em 1954, ao lado de António Paixão, Mário Camilo, Augusto Cabrita e outros.
Artur Pastor não figura nos primeiros lugares do quadro classificativo dos amadores fotográficos publicado a 5 de Maio de 1955(, mas está em... CONTINUA)
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A inicitiva com que o "I" assinalou o Dia Mundial da Fotografia foi uma excelente oportunidade para fazer publicar uma foto de Maria Lamas, fotógrafa desconhecida ainda, 60 anos depois de ter publicado "As Mulheres do Meu País" (1948-50). Menos desconhecida desde 2008, e agora apresentada por Jorge Calado na exposição "Au Féminin", no Centro Cultural da Fundação Gulbenkian em Paris (até 29 de Setembro, sem itinerância). E é mesmo Maria Lamas a autora mais representada, com oito imagens e um livro, nesse inédito panorama da fotografia feita por mulheres sobre mulheres, em todo o mundo e desde o início da fotografia até hoje. Jorge Calado apresenta-a no catálogo com uma frase decisiva - "Em Portugal, o equivalente fotográfico da FSA (Farm Security Administration) é obra de uma única mulher: Maria Lamas".
(No I, a reprodução saiu demasiado densa, apesar ou por causa dos 300 dpi e dos 3,5M)
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Tags: Maria Lamas
Ag-Prata (Porto) + Casa-Estúdio Carlos Relvas + Novo Blog APAF
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Ag-Prata
"O projecto Prata - Reflexões Periódicas Sobre Fotografia, que teve a sua primeira edição em Abril e Maio de 2008, assume-se como uma reflexão em torno da fotografia portuguesa, ao longo das últimas décadas, através do estudo de alguns dos seus protagonistas, e procura desvendar alterações decisivas no modo de fazer e pensar a prática da fotografia em Portugal. (...)"
Está anunciada a publicação do livro do 1º seminário e estão em linha a comunicação de João Palla sobre Victor Palla e em pdf uma edição de Lisboa, Cidade Triste e Alegre.
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Tags: Ag-Prata, APAF, Carlos Relvas, Casa-Estúdio Carlos Relvas
"BATALHA DE SOMBRAS - COLECÇÃO DE FOTOGRAFIA PORTUGUESA DOS ANOS 50 DO MUSEU DO CHIADO", no MUSEU DO NEO-REALISMO - VILA FRANCA DE XIRA, até 14 de Junho de 2009
http://www2.cm-vfxira.pt/
Com o acesso aos espólios de alguns dos principais fotógrafos activos nos anos 50 e com o abandono dos preconceitos ideológicos e estéticos que, antes do conhecimento directo da respectiva produção, enquadravam a abordagem histórica dessa década, a exposição de Emília Tavares e do Museu do Chiado levada ao Museu do Neo-Realismo vem mudar uma página.
Varela Pécurto, 1951, impressão de época, 40x30 cm. Título da época: Belezas da noite. Col. Museu do Chiado
Não se descobrem mais génios ignorados da fotografia portuguesa.
Não se desalojam Fernando Lemos e Victor Palla/Costa Martins (este último ausente da colecção) dos seus lugares pioneiros e cimeiros na produção dos anos 50 - mas importará registar a propósito que o respectivo entendimento tem podido ser revisto nos últimos tempos, com (1) a associação do primeiro ao "fotoformalismo" divulgado pelas iniciativas de Otto Steinert e as suas exposições da <Subjektive Fotografie> (Fotografia Subjectiva), para além do que era a apropriação da herança surrealista, e com (2) o conhecimento da produção e das pesquisas formais do segundo, anteriores (e também posteriores) à "street photography" e ao realismo poético, ao neo-realismo, de Lisboa, Cidade Triste e Alegre (veja-se a exposição actualmente patente na P4 Photography, contributo indispensável para apreender a obra de Palla).
Com esta exposição descobrem-se mais imagens e mais autores que permitem conhecer o quadro contextual da produção fotográfica dos anos 50 antes divulgada. E para além de serem o seu necessário "pano de fundo", estes autores têm uma obra e uma intervenção associativa no seu tempo a que é essencial reconhecer qualidades próprias.
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Posted at 14:29 in 2009, Adelino Lyon de Castro, Chiado, Exposições 2009, história da fotografia, Lemos, Neo-realismo, Victor Palla & Martins | Permalink | Comments (2) | TrackBack (0)
Tags: Adelino Lyon de Castro, Batalha de sombras, Eduardo Harrington Sena, Emília Tavares, Fernando Lemos, Varela Pécurto, Victor Palla
Na exposição que o Museu do Chiado leva a Vila Franca de Xira e ao Museu do Neo-Realismo, "Batalha de Sombras", as fotografias dos anos 50 aí presentes representam os autores que vêm sendo incluídos na sua colecção, em anos muito recentes (desde 1999). Apenas esses, sem se anunciar um panorama da década. Enquanto revisão histórica, é ainda um começo, uma abordagem exploratória, depois de outras antologias parciais, com limites cronológicos mais alargados e diferentes selecções de autores: a exposição e o livro Em Foco, Fotógrafos Portugueses do Pós-guerra. Obras da Colecção da Fundação PLMJ, de 2005, e, então em estreia, parte da representação levada à Europália'91 (Charleroi e Antuérpia, mas não vista em Portugal), já na sequência de diversas mostras e retrospectivas individuais.
Para além das oscilações que sempre se verificam nas listas de autores representados, a actual exposição tem uma configuração inédita: o seu anúncio é nitidamente marcado pela reunião de nomes que se incluem em diferentes e até opostas tradições fotográficas, pondo à prova (ou ultrapassando, o que só depois se verá) as fronteiras que se estabeleceram entre diferentes circuitos de visibilidade e reconhecimento: o meio depreciativamente designado como salonista e aqueles que o rejeitavam. Os nomes conhecidos daqueles a quem se atribuem as rupturas modernas surgem agora alinhados alfabeticamente com os nomes esquecidos que circularam nos salões e aí foram premiados. É a primeira vez que tal reunião acontece.
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Tags: Neo-Realismo
Para a fotografia portuguesa a viragem do pós-guerra terá começado em 1946, concretamente com a apresentação de Ex-Homens por Adelino Lyon de Castro no 9º Salão Internacional de Arte Fotográfica, organizado anualmente pelo Grémio Português de Fotografia, secção da Sociedade Propaganda de Portugal (Touring Club) e por muito tempo a única associação de amadores existente no país (para além do pequeno Cartaxo Photo Club, nos anos 30).
Adelino Lyon de Castro, "Ex-Homens", 1946?
Não é impossível associá-la ao gosto populista ou miserabilista que se pode conhecer noutras fotografias apresentadas nos salões ou publicadas na imprensa, apesar da censura. Mas é o propósito "humanista" próprio da época internacional que parece marcá-la, no título, na austeridade formal (a ausência de efeitos de luzes ou de neblinas que sublinhem a mestria fotográfica) e na intenção de trazer uma imagem de cariz documental, próxima de muitas fotografias da Europa arrasada pela guerra, para o espaço de circulação da arte. De qualquer modo, esta fotografia iria ter um largo futuro à sua frente, a confirmar a sua importância fundadora, reapresentada em dois outros momentos revelantes (em 1950) e escolhida para ilustrar o primeiro texto conhecido sobre a obra do autor (de 1956 e já póstumo, da autoria de Manuel Ruas). Foi depois injustamente esquecida ou silenciada, tal como aconteceu ao seu autor.
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Tags: Adelino Lyon de Castro, Horácio Novais, Mário Novais, Panorama
Parte de umas explorações fotográficas. Anos 40/50, contextos de produção e exibição. Salonismo, neo-realismo, etc. A publicar
"Era muito diferente de que é hoje o espaço público da fotografia, e eram círculos praticamente estanques entre si aqueles em que ela se praticava: os retratistas e fotógrafos de estúdio e de encomenda (Domingos Alvão, San Payo e Silva Nogueira, Mário Novais) – profissionais que em certos casos integram os júris dos salões e aí expõem (alguns outros foram também profissionais de laboratórios e lojas comerciais); os fotógrafos de imprensa (o fotojornalismo – que contara antes com a excepcional e reconhecida notoriedade de Benoliel); os tais amadores fotográficos, com as suas agremiações e os respectivos salões – que no início dos anos 50 se descentralizam e democratizam (4), mas sem que as novas associações que então se criam consigam dar outro dinamismo às suas actividades (ao contrário do cine-clubismo, que lhes é contemporâneo). E, por vezes, muito raras vezes, os casos marginais de artistas plásticos que fazem e expõem fotografia: Fernando Lemos em 1952, Victor Palla em 55 e em 1958/9, João Cutileiro em 1961.
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Arquivo, EXPRESSO, Cartaz de 06-09 -1997 (nota sem título)
JORGE ALMEIDA LIMA
Museu do Chiado
A exposição surge em circunstâncias que parecem corresponder à iminência de mudanças decisivas (decapitação?, desmantelamento?) numa entidade que nunca existiu mas que deixa obra feita. Mistérios da política e da orgânica do aparelho de Estado que aguardam melhor oportunidade para serem esclarecidos. Diga-se apenas que é a quarta exposição promovida pelo Arquivo Nacional de Fotografia (Instituto Português de Museus), depois das que apresentaram Frederick Flower, pioneiro e calotipista, o retratista lisboeta San Payo e João Martins («Os Putos»).
«Jorge Almeida Lima - Fotógrafo Amador» revela um autor praticamente desconhecido (1817-1934) que é um curiosíssimo exemplo de um período da história da fotografia em que esta é em grande parte entendida como um «bello ramo de sport». Além do «sport photographico», próprio de elegantes amadores, J.A.L. cultivou rosas, grangeando com a produção hortícola mais medalhas do que como fotógrafo, e também a caça, a esgrima, a gastronomia, ao mesmo tempo que foi dinâmico empresário agrícola e industrial. Como fotógrafo, terá estado activo entre 1887 e o início dos anos 20, apresentando-se agora uma produção tematicamente muito diversificada e marcada pela experimentação sucessiva dos progressos técnicos, caracterizada em geral pela apetência documental e o gosto do registo realista sem particular ambição estizante. À prática da paisagem e da observação de figuras populares soma-se alguns registos da vida social do tempo, mas também uma série dedicada a retratos de mendigos e alguns levantamentos de embarcações, a par da prática da reportagem, que viria a ter publicação na imprensa.
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parte final de um texto a publicar:
3. Gérard Castello-Lopes, que se tornou o porta-voz dos fotógrafos activos na segunda metade dos anos 50 descobertos nos anos 80, a quem chamou “geração esquecida”, começou por sublinhar, no trabalho desse tempo, seu e dos outros, a intenção do “testemunho documental”. Tratava-se, como disse a propósito de Carlos Afonso Dias, o seu mais próximo parceiro fotográfico, de “mostrar a imagem de um real geralmente confrangedor e, por via dela, imaginar que se contribuia… para que as coisas mudassem”; e de manifestar “um optimismo, uma esperança militante na fraternidade entre os homens, uma crença fundamental na solidariedade e no progresso”. Não seria uma questão de militância ideológica (como sucedera com o neo-realismo literário e artístico) mas de identificação com o espírito fotográfico internacional da época, marcado por “essa tão vilipendiada visão do mundo a que se chamou humanismo”, pelo “teor fotográfico da revista Life dos anos 40 e 50, sobretudo o mais socialmente empenhado” (3).
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Arquivo * EXPRESSO Revista de 18 Nov.-95
(ver adiante a notícia sobre o programa geral dos Encontros de 1995)
Norte, desnorte
Em Coimbra (15ºs Encontros de Fotografia): itinerários nortenhos de fotógrafos contemporâneos, o Douro monumental de Domingos Alvão, americanos ignorados e um japonês actual
Vale a pena ir a Coimbra. Há fotografias para ver, em muitos casos excelentes; as montagens são de bom nível e por vezes de grande efeito atractivo; a organização é eficaz e crescente a projecção mediática do acontecimento. No total, sete exposições inéditas, duas em reedição, mais duas preenchidas com a colecção do Centro de Estudos de Fotografia (CEF); três catálogos-livros editados, dois anunciados. Chegados à 15ª edição, com um intervalo único em 1991, os Encontros festejam a sua longevidade.
Mas é preciso considerar também as insuficiências da programação de Coimbra e o que significa a quase redução da «política para a fotografia» a este tipo de encontros anuais. Não se pretende estragar a festa, até porque as celebrações rituais ajudam a difundir o interesse pela fotografia, mas, perante o coro dos deslumbramentos fáceis e a desmedida ambição do seu director (que já sonha com apoios comunitários e a criação de um Centro Nacional da Fotografia...), há que tentar ver um pouco mais fundo. Um pouco para além da mera prova anual da resistência de uma iniciativa sempre periclitante, que parece consumir-se na voragem cada vez mais cara da sua promoção.
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Tags: Domingos Alvão, José M Rodrigues, Larry Fink, Mark Klett, Nozolino
No muito vasto panorama da fotografia portuguesa da 1ª metade do século 20 (e das décadas de 30 e 40 em particular) que é o livro de Maria Lamas As Mulheres do meu País, Artur Pastor é um dos autores com participação relevante. Esta é a minhha fotografia preferida.
pormenor da página 399: Mulher do bairro da Barreta, Olhão...
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Este é o cartaz de uma exposição recém-inaugurada na Nazaré, uma terra com grandes tradições fotográficas, por ocasião da inauguração da respectiva Biblioteca Municipal:
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Tags: Arquivo Municipal, Artur Pastor
Início do texto a publicar no volume que reunirá parte das comunicações realizadas durante o seminário Ag – Prata / Reflexões Periódicas sobre Fotografia, da Faculdade de Belas-Artes do Porto, e concretamente a propósito da sessão sobre o filme Olhar/Ver – Gérard, fotógrafo, de Fernando Lopes, SESSÃO 03 / 23 de Abril de 2008, Passos Manuel, Porto.
O filme (de 1998, em que participei) e o artigo do Fernando, de 1983, no Expresso, sugeriam abordar a relação entre a fotografia e o cinema, mas por aí há várias coisas a revisitar: a recepção cinéfila do livro Lisboa "Cidade Triste e Alegre", por Ernesto de Sousa e José Borrego na Imagem; a actividade de Augusto Cabrita, fotógrafo premiado desde 1950 no Barreiro e depois na câmara de "Belarmino"; a passagem de Gerard à crítica de cinema e o seu projecto de filme sobre forcados. Fica para outra vez
"Gérard Castello-Lopes: dos anos 50 aos anos 80 aos anos 2000…"
1. Foram animados os anos 80. Não se trata de saudosismo, mas de vincar como ao longo dessa década mudaram radicalmente, e sem retorno, as condições da prática e da circulação da fotografia, e também o respectivo entendimento. De facto, quando a Ether apresentou, a partir de 19 de Dezembro de 1982, as fotografias de Gérard Castello-Lopes que nunca antes se tinham visto e de cuja existência nada se sabia, a história moderna da fotografia em Portugal tinha começado a ser explorada nesse mesmo ano.
Esse passado recuperável – o de Fernando Lemos e o da dupla Costa Martins e Victor Palla - tornava mais credível o destino dos novos fotógrafos, que, pela primeira vez, construíam a sua obra no mercado profissional das exposições, como sucedia com os artistas plásticos, e não sucedera antes com nenhuns fotógrafos: a passagem da página impressa à galeria era então parte de uma evolução decisiva do próprio medium. Depois da decadência dos velhos salões de Arte Fotográfica, surgiam novas condições de visibilidade artística para a fotografia (os encontros, os “meses”, as festas), que já não se destinavam apenas aos amadores e a públicos especializados. Pelo final da década outros artistas desconhecidos dos anos 50 iam sendo revelados: António Sena da Silva (Ether 1987, Serralves 1990), Carlos Calvet e Carlos Afonso Dias (ambos Ether 1989). Tinham constituído um mesmo pequeno grupo informal e efémero.
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Tags: António Sena, Castello Lopes, Ether, Fernando Lemos, Gérard Castello Lopes, Victor Palla
O leilão a favor da Abraço das fotografias desconhecidas de João Cutileiro é amanhã, dia 23, 5ª feira às 21h na P4. (Noto agora, por acaso, que este é o escrito ou "post" (?) nº 1001, desde 20 de Agosto de 2006)
Um fotógrafo "Pop" - Londres (e Lagos) dos anos 60
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Um percurso abreviado pela fotografia neo-realista em Portugal, projectado no congresso evocativo dos 100 da CUF
com imagens de Francisco Castro Rodrigues, anónimos (Lima de Freitas?), Adelino Lyon de Castro, Maria Lamas, Augusto Cabrita (que não me parece entrar no grupo dos neo-realistas, mas tem de ser referido a propósito, ainda por cima no Barreiro e no Auditório com o seu nome...), e Costa Martins/Victor Palla
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Tags: Adelino Lyon de Castro, Augusto Cabrita, Costa Martins, Maria Lamas, Victor Palla
Volta a levantar-se uma ponta da história na P4, como aconteceu com o leilão de Victor Palla -
(e esta "história" começa aqui em http://...cutileiro-fotografo.html)
(a história pode ser ser uma coisa boa de ver)
HOJE, SÁBADO, A GALERIA ESTÁ ENCERRADA (11/OUT.):
P4 ArtGallery: 16 Navegantes St. 1200-731 Lisbon (à Lapa)
Time-table : Wednesday, Thursday and Friday from 17.00 to 20.00
Saturday: by oppointment. Closed on holidays.
Tel. | Fax: 351-213621894
http://www.p4liveauctions.com/calendar (com as imagens da exp./leilão)
("Proibido fotografar" - e aqui a Sony não estava regulada para as circunstâncias...)
Desta vez são fotografias de João Cutileiro, nus dos anos 60, um ou outro retrato, uma ou outra escultura, dois torsos retratados e mais outro em pedra (um tríptico?), um auto-retrato com a Pentax que em 1993 se expôs com o título Paul Newman (extra-catálogo), umas mãos que agora me lembram as de Georgia O'Keeffe por Stieglitz, etc.
Provas "vintage" (de época e de autor), vividas, alguma mais restauradas e outras menos (um rabo em parte comido por uma gata...), algumas provas únicas de negativos perdidos e outras não. Em leilão a favor da Abraço).
(um tríptico? - ou só uma excelente montagem, mas seria pena dispersarem-se as três provas assim mostradas)
E o que também importa, e muito, é que as fotografias chegam ao mercado - não só se mostram, como se põem à venda, encontrando um valor e uma colecção, várias colecções. Aprende-se a distinguir uma reedição moderna (às vezes tem de ser, ou trata-se até de uma melhor variante) e uma prova "vintage" - as diferenças são mais ou menos subtis, com as diferentes datas de impressão (e produtos de impressão), os diferentes formatos, as marcas do tempo. O que não tem nada a ver com a arbitrária e comercialona fixação de um nº de 3, ou 1!, provas, para rarificar os produtos.
Fartos de instituições fotográficas que têm por missão subvencionar-se e sobreviver, que foram aprisionando a fotografia nas suas malhas burocráticas e autocráticas, descobrimos a eficácia próxima de outro circuito em que se joga a capacidade de intervenção dos interessados. É este o salto necessário - criar um mercado para a fotografia - o mercado que nos pode devolver as imagens escondidas, salvar as imagens que julgamos perdidas. Que convida a revisitar os armários e a mostrar os espólios. A entrada na fase adulta.
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III
Salonismo e “fotografia pura” no Barreiro
Augusto Cabrita (1923-1993): do Salão à profissão
O Barreiro foi palco de um dos mais importantes concursos de fotografia em Portugal, e tem, graças em especial a Eduardo Harrington Sena, um papel relevante e muito complexo na área do salonismo fotográfico.
O 1º Salão de Arte Fotográfica, de 1950 (inaugurado a 10 de Nov. na sede do Clube 22 de Novembro), é organizado pelo Jornal do Barreiro. O de 1951 é já do Grupo Desportivo da CUF mas restrito aos associados, o de 1952, 2º Salão, já é nacional, o 5º é já internacional, em 1955. Aí se afirma Augusto Cabrita, desde 1950 e em especial em 1952. E a partir de 1956 também Eduardo Gageiro.
Entretanto, Harrington Sena dirige a página mensal “Fotografia” do Jornal do Barreiro entre Agosto de 1954 e Julho de 1957, que de algum modo se institui como orgão do amadorismo fotográfico, depois da breve vida das revistas “Plano Focal” (4 nºs em 1953, sendo chefe de redacção Ernesto de Sousa) e “Fotografia” (dez nºs de Fev.1954 a Out. 55). Defensor da “fotografia pura", mas complacente face às posições picturialistas tradicionais (a "paisagem pictórica", de Rosa Casaco, João da Costa Leite, etc), também director do Boletim do Foto Clube 6 x 6, Sena tentou federar as agremiações amadoras, quando a sua debilidade se acentuava, em 1956.
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Maria Lamas ( 1893-1983 ) e o livro AS MULHERES DO MEU PAÍS - 1948-50
Foi fotógrafa por necessidade e só por brevíssimo tempo - 1948-50 - durante a preparação do seu livro As Mulheres do meu País, uma grande reportagem editada em fascículos e que é ilustrada (para além das fotografias que fez expressamente para esta edição) igualmente por uma vasta recolha de imagens documentais e de temática social de muitos fotógrafos da 1ª metade do século, de Alvão a alguns interessantes desconhecidos como José Loureiro Botas, Júlio Vidal e Firmino Santos.
É um leque muito vasto e variado que precisa de ser estudado por si mesmo, e que inclui, por exemplo, a Foto Beleza, Artur Pastor, um profissional activo como amador, Adelino Lyon de Castro com dez fotografias, e amadores e estúdios regionais como Álvaro Laborinho (Nazaré), Júlio Goes (Nazaré), Joel Mira (Caldas), Demóstenes Espanca (Évora), os Perestrelos da Madeira. Outros serão já de improvável identificação, só referidos como F. Rocha, A. de Sousa, M. Carneiro, A. Fidalgo. Muitas dessas imagens podem ser vistas como exemplos da fotografia romântico-naturalista, do populismo, do fotojornalismo objectivo, etc.
Mostram-se três fotografias de Maria Lamas em As Mulheres do meu País, 1948-1950, ed. Actuális, Distribuidores Gerais, Lisboa. Existe uma notável 2ª edição, da Caminho, 2003, em facsimile e usando as provas originais de ML, o que lhe assegurou uma qualidade de impressão incomparavelmente superior. A 1ª edição teve uma impressão tipográfica deficiente, o que em parte pode ter justificado a sua desvalorização enquanto objecto fotográfico.
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II
O N-R esquecido ou silenciado: Adelino Lyon de Castro
Adelino Lyon de Castro (1910-1953)
ALC foi co-fundador das Publicações Europa-América, amador fotográfico com larga participação nos salões do seu tempo, expositor na V Exposição Geral de Artes Plásticas em 1950, membro do Foto-Clube 6 x 6 (fundado em 1950 – pertenceu ao seu Conselho Artístico). Foi também repórter desportivo, tendo acompanhado os Jogos Olímpicos na Finlândia para duas publicações. Está presente com dez fotografias no livro de Maria Lamas As Mulheres do meu País de que se falará adiante.
5 – Ex-Homens. É a fotografia mais exposta e publicada de ALC.
Em 1946 foi exibida no 9º Salão de Arte Fotográfica do Grémio Português de Fotografia, secção da Sociedade de Propaganda de Portugal, na SNBA, Lisboa, e no Clube Fenianos, Porto.
1950 (Maio) - 5ª Exposição Geral de Artes Plásticas, SNBA.
1950 (Nov.) - I Salão de Arte Fotográfica do Jornal do Barreiro: foi distinguida com o Grande Prémio, sob o título “Vagabundos” (Aí expõe também “Rua em festa”, o 1º Prémio de Instantâneo. Nesse mesmo Salão apareceu Augusto Cabrita)
1956 - publicada no Boletim do Foto Clube 6 x 6, nº 3, de que era director Eduardo Harrington Sena, animador da secção fotográfica do Grupo Desportivo da CUF, responsável entre 1954 e 57 pela página “Fotografia” do Jornal do Barreiro. No artigo “In Memoriam”, de Manuel Ruas, editor do Boletim (homem do cinema, viria a fazer a montagem de Belarmino de Fernando Lopes), aponta ALC como um "exemplo de humanismo" e acrescenta:
“Procurou sempre que as suas obras transmitissem Vida, a Vida do Homem: o seu trabalho, as suas angústias, as suas esperanças”.
1980 – publicada no álbum monográfico O Mundo da Minha Objectiva, P. E-A. Um livro que não foi visto no seu tempo, os anos 80, que conheceram uma revisão profunda da cultura e da circulação fotográficas.
(Existe de Ex-Homens uma outra prova rectangular no espólio de ALC)
6 - “Rua em festa”, ou “Festa” (atribuição)
1950 (Maio) - 5ª Exposição Geral de Artes Plásticas, SNBA.
1950 (Nov.) - I Salão de Arte Fotográfica do Jornal do Barreiro: 1º Prémio da categoria Instantâneo
1980 - O Mundo da Minha Objectiva (“Festa”)
Fundou as Publicações Europa-América com Francisco Lyon de Castro, foi editor de "Ler, Jornal de Letras, Arte e Ciências", lançado pela mesma editora, de 1952-53. Publicação forçada ao encerramento em 1953, esteve no centro de uma das crises internas da Oposição, sabotada pelo PCP por ser orientada por Fernando Piteira Santos, excluído em 1950 e então acusado com Mário Soares de pro-americanismo. Ver “A purga dos intelectuais” e em especial “O jornal Ler, “orgão do SNI”", Pacheco Pereira, Álvaro Cunhal 3.
Julgo que a memória do neo-realismo fotográfico (para além dele não ter sido defendido, entendido ou reconhecido no seu tempo próprio) terá sido também inviabilizada por razões políticas de sentido oposto. Adelino Lyon de Castro enquanto “inimigo” do PCP; Maria Lamas por se ter tornado uma bandeira da propaganda do PCP.
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Estas fotografias chegaram às Exposições Gerais em 1950, o que por si só não as torna N-R (foi a primeira e única vez em que ALC esteve presente – morreu em 1953).
Nesse ano expôs também Francisco Keil do Amaral, animador das Gerais e do Inquérito à Arquitectura Popular iniciado em 1955 (outro monumento fotográfico…). Arquitecto e fotógrafo (amador), voltou a expor na IX EGAP. A sua obra fotográfica (exposta sem catálogo em 1999, no Museu da Cidade, Lisboa - então erradamente apresentada como um "passatempo") tem de ser objecto de atenção específica – no volume Em Foco. Fotógrafos Portugueses do Pós-guerra. Obras da Colecção PLMJ, ed. Assírio & Alvim 2005, publicam-se dez fotografias com datas atribuídas de 1956-58, e em parte seguramente anteriores.
E expuseram igualmente Manuel Peres (3 retratos, desconhecidos) e Rodrigo de Vilhena (referido por Emília Tavares no seu importante ensaio “Fotografia e neo-realismo em Portugal”, in Batalha pelo Conteúdo..., Museu do Neo-Realismo, V. F. Xira, 2007, como próximo dos artistas modernistas, interessado pela temática dos comboios e a exploração formal da velocidade – mas os títulos das obras que expôs em 50 são acentuadamente “salonistas”: Equinócio, Espectativa, Nuvens, etc).
As seis fotografias de ALC e as oito de Keil (estas sem títulos no catálogo) não terão despertado a atenção da crítica, nem terão sido associadas ao neo-realismo…
A fotografia (como secção própria – para lá da que se expôs nas áreas de Arquitectura e, às vezes, Publicidade) aparecera apenas na 1ª edição, de 1946, através de Mário Novais – mas tratar-se-ía então de afirmar a grande unidade ou abertura política, com a participação de figuras muito presentes em iniciativas do regime (como Carlos Botelho e Bernardo Marques), e de recuperar a memória e os artistas da Exposição Independente de 1930.
ALC expôs ainda nos salões do Foto Clube 6 x 6, em muitos salões internacionais (Barcelona, Madrid, Rio de Janeiro, Niteroi, Salta?, na Argentina - graças às “remessas colectivas” dessa agremiação) e também em muitos outros em Portugal:
Exposições Fotográficas de Campismo no Ateneo Comercial de Lisboa (1947?-1952)
3º Salão de Arte Fotográfica para Amadores, do Ateneu Artístico Vilafranqunse, 1952
Salões de Arte Fotográfica da Voz do Operário (1950-1953)
Salão de Arte Fotográfica de Santo Tirso, 1952 e outros
A propósito, note-se que é no seio das agremiações amadoras, beneficiando das suas condições logísticas e criticando ao mesmo tempo o gosto estético do “salonismo”, que se vai renovar a partir de 1955-56 a fotografia em Espanha. Graças a uma repressão muito mais dura no pós-guerra, não existe então um equivalente do N-R. nas artes plásticas e a intervenção artística de cunho político de esquerda acontece - após a não figuração e o informalismo oficializados pelo regime - com o movimento Estampa Popular, a partir de 1959, até 1976.
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Aproximação a um estudo (work in progress)
1 - Arq. Francisco Castro Rodrigues, página de dossier com seis fotografias, 1945, imediações de Évora.
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"A FOTOGRAFIA DO MÊS" no Jornal do Barreiro: depois de Victor Chagas dos Santos, Harrington Sena, Augusto Cabrita e Fernando Vicente,
vão seguir-se Mário Camilo, António Paixão, Rosa Casaco, António Santos d'Almeida Júnior e David d'Almeida Carvalho, de 2 de Dezembro de 1954 a 5 de Maio de 1955.
A seguir virão João Martins, dr. Silva Araújo, João da Costa Leite, Artur Pastor, Artur Araújo, Olavo Terroso, Alfredo de Oliveira (Dez. 55), e depois, mais irregularmente, Mário Pinto, Varela Pecurto, dr. Gilberto Vasco, Eduardo Luís Gomes, Manuel Correia, a Marquesa de Fronteira, Fernando Taborda (já em Jan. 57), Júlio Dinis (a 18 Abril, o último desse ano), e alguns estrangeiros frequentadores do concurso do Barreiro.
Por essa altura, 54-55, publicavam-se, além do Boletim do Grupo Câmara, em Coimbra, a "Fotografia" - "revista mensal ao serviço da arte fotográfica", em Lisboa, de Fevereiro de 1954 a Outubro de 1955 (ano II, nº 10).
Nos sucessivos nºs os distintos amadores (alguns deles profissionais) escolhem as suas próprias fotografias preferidas:
Dr. Jorge da Silva Araújo (1)
Varela Pécurto (2)
Adelino Platão Mendes (3)
Fernando Vicente (4)
Rosa Casaco (5, Agosto de 54)
João Martins (6)
Eng. Harrington Sena (7)
Helena Correia de Barros (8)
Dr. Nunes de Almeida (9)
Arnaldo Monteiro Júnior (10)
#
5
"Turbilhão", de Mário Camilo, 1952?. Jornal do Barreiro de 2 Dezembro 1954, pág. 3. (1º Prémio no salão da Cuf em 53, na categoria artística)
6
Ecloga (?) ou Egloja?, de António Paixão, 1952. 6 Janeiro 1955. Depois da "fotografia pura", um modelo da fotografia pictórica de paisagem
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Uma campanha pela "fotografia pura" na página mensal "Fotografia" dirigida por Eduardo Harrington Sena no semanário "Jornal do Barreiro", e nas primeiras edições da secção "A FOTOGRAFIA DO MÊS". A página publicou-se a partir de 26 de Agosto de 1954 e foi interrompida a 18 deJulho de 1957 (...mas E.H.S. ainda viria a ser director do semanário de 24 de Janeiro de 1963 a 6 de Agosto de 1964).
Essa era a fotografia moderna, seguindo as lições formalistas da Nova Visão dos anos 20, que se defendia então no universo das agremiações amadoras e dos seus concursos (no final dos anos 30, nas páginas da "Objectiva", tinha havido uma outra fotografia moderna, straight, live e objectiva, mais ligada à representação dos tipos sociais talvez por via alemã, com os doutores Lacerda Nobre e Álvaro Colaço). O sector então mais dinâmico do salonismo, muito activo nas associações, não era picturialista, era modernista e defendia um prudente formalismo modernista. Os textos que acompanham a "Fotografia do Mês" são particularmente elucidativos sobre os critérios de apreciação vigentes.
"Réstea", 1952?, de Victor Chagas dos Santos (Eng., Cuf), publicada a 26 de Agosto de 1954, pág. 3.
"Sinfonia do Metal", 1952?, de Eduardo Harrington Sena (Agente técnico de engenharia - Cuf). 16 de Setembro de 1954, pág. 3. (O autor não é referido, o que permite a Sena elogiar-se mais facilmente a si próprio.) Das cebolas para as tubagens industrias importa pouco a diferença de "assunto", interessa a luz, perspectiva, etc. Noutras circunstâncias será uma fotografia industrial que pode simbolizar o desenvolvimento do Barreiro - aqui é uma "fotografia pura".
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Tags: Augusto Cabrita, Jornal do Barreiro
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Tags: Afal, Carlos Santos e Silva
A revista da Agrupación Fotográfica de Almería ( http://...afal-almeria-19.html ) desempenhou um papel muito importante na renovação da fotografia espanhola, a partir de uma excêntrica pequena cidade do sul - ( http://...ramn-masats-e-r.html ). Aí ecoaram as "revoluções" de Ricardo Terré, Xavier Miseracht e Ramón Masats (TMM) quando expõem na Agrupación Fotográfica de Cataluña, depois em Madrid e em Almería (Abril, Maio, Junho de 57), ou o prémio de Masats no I Salon de Vanguardia (AFC, Barcelona, Abril 57). Aí "cayo como una bomba, como venido de otro planeta" (Julho-Agosto de 57) o catálogo de The Family of Man, e daí partiu uma primeira circulação internacional dos novos fotógrafos espanhóis. A Afal começou como um vulgar boletim de amadores salonistas, realizou 3 salões anuais e criticou o salonismo, marcou uma ruptura, com uma nova maneira de olhar para a paisagem e a sociedade espanholas que veio a ser chamada neo-realista.
A história portuguesa de um propósito de ruptura nos mesmos anos não teve expressão associativa nem se interessou - em geral (com a excepção de Palla-Costa Martins, e depois de João Cutileiro já em 1961) - pela exposição pública das experiências fotográficas que se íam fazendo. As razões desse silêncio aristocráfico (seguido pela desistência rápida) são pouco claras e talvez também pouco convincentes. Fui pensando que se tivesse havido uma aproximação à Afal a história teria sido diferente. Mas a história não se refaz.
Foto de Carlos Santos e Silva, revista Afal, nº 9, pág. 35 (sem legenda)
Entretanto, encontrei um português muito presente nos primeiros números da revista de Almería. Carlos Santos e Silva foi um fotógrafo de muito intensa participação em salões por esses anos (1953-57?...) e estabeleceu relações privilegiadas com a Afal que poderiam ter sido suficientes para afastar o possível interesse pelo grupo espanhol por parte dos então renovadores secretos da fotografia portuguesa (Carlos Afonso Dias, Sena da Silva, Gérard Castello Lopes, etc).
Em Portugal aparece distinguido no 3º Salão de Arte Fotográfica do Grupo Desportivo da Cuf, Barreiro, em Dez. de 1953; depois surge em 16ª posição na 1ª tabela de pontos elaborada por Eduardo Harrington Sena na página de Fotografia que dirige no Jornal do Barreiro (5 de Maio de 1955). Era membro do Foto Clube 6 x 6.
No nº 4 da "Afal", Julho-Agosto de 1956 (que então começa a definir lentamente um programa crítico ambicioso), publica uma 1ª "Carta de Portugal" e é apresentado como uma figura conhecida no "meio fotográfico mundial" - é sócio da Associação desde o nº 3. Nenhum outro colaborador aparece com este destaque. Uma fotografia modernista de Augusto Martins (?) é publicada no mm nº.
"Destroços", de Augusto Martins (Lisboa), Afal, nº 4, Julho-Agosto 1956 - um exemplo de "fotografia pura" ou fotografia moderna (o modernismo fotográfico em oposição à fotografia pictórica)
Volta a publicar no nº 5, Setembro-Outubro de 1956 ("Correo de Portugal", pp. 20-21 - impressões vagas sobre o meio fotográfico espanhol e de Portugal) e no nº 6, Novembro-Dezembro ("Correo de Portugal, pp. 16-17 - notícia sobre os V Salão Internacional Interbancário de Arte Fotográfica, II Salão Internacional de Arte Fotográfica da Marinha Mercante, Aeronavegação e Pescas, III Salão Fotrográfico do Sindicato dos Empregados de Comércio, I Salão Nacional de Fotogradfia de Telecomunicações...).
No nº 9, de Maio-Junho de 1957, publica-se uma notícia sobre uma próxima mostra individual de Carlos Santos e Silva nas instalações da Afal, sob a forma de uma apresentação crítica (prévia) a cargo de Emilio Carrión Fos ("Muestra individual", pp. 34 e 59), mais uma nota na secção "Vida del Clube", pág. 55, sempre num excessivo ou incompreensível tom elogioso. Julgo que naõ se voltou a falar de tal exp. e não sei mm se se efectuou... Mas o misterioso correspondente de Lisboa ainda volta a aparecer uma última vez no nº 10, Julho-Agosto, com um "Correo de Portugal vía Londres", pp. 26-27 - mais umas ingénuas impressões de viagem com 5 pequenas fotos de Londres. Foi uma oportunidade perdida.
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5-8
"Duas camponesas do Covão da Ponte levam palha de centeio para a "corte", depois da malha. (...)" (Região de Manteigas). Pág. 152
"Raparigas da Gafanha, empregadas numa seca do bacalhau. Estas jovens do povo parece que se vão distanciando, no trajar e nos gostos, das suas mães. (...)" Pág. 212
"Mulheres e jovens da Costa Nova. Uma é viuva e tem a seu cargo cinco filhos pequenos. (...)" Pág. 338
"Na Gafanha. Condução do bacalhau, já seco, para os armazens onde será escolhido e enfardado. As mulheres passam, em fila, num vai-vem que não pára (...)". Pág. 211
Cada fotografia é acompanhada por várias linhas de texto que ultrapassam a condição de simples legendas para fornecer informações complementares e comentar o contexto económico e social de cada situação. Na 1ª imagem acima refere-se que "é costume (as mulheres) ajudarem-se mutuamente em certas fainas, e isto cria um ambiente de solidariedade e alegria, que suaviza, momentaneamente, os rigores da sua vida isolada e duríssima." Noutros casos, a observação estende-se à apreciação sobre a "consciência dos problemas" que têm ou não têm as mulheres trabalhadoras.
Realizadas por um não-fotógrafo (nem profissional, nem "amador", no sentido habitual de aficcionado ou praticante da arte fotográfica), que apenas por necessidade recorreu por algum tempo a um "caixote Kodak", estas fotografias concorrem com as restantes imagens assinadas por um heteróclito grupo de autores, foto-jornalistas alguns (A. Silva, Arquivo de O Primeiro de Janeiro, por exemplo), artistas profissionais outros, como Alvão (fotos cedidas pela C. V. da Região dos Vinhos Verdes, ou o Instituto do Vinho do Porto, onde a obrigação documental se sobrepõe ao gosto naturalista romantizado de outra produção conhecida), com imagens de Artur Macedo para o filme "Serra Brava" (Soajo) e em especial com inúmeros fotógrafos regionais que só localmente poderão talvez ser reconhecidos.
(continua)
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Tags: Maria Lamas
Fotografias do livro "As Mulheres do meu País", de Maria Lamas, 1948-50
Furadouro (a chegada do peixe à praia - "(...) as mulheres, em grupos, separam os seus lotes e discutem em altas vozes, galhofeiras ou azedas (...) ", pág. 344
São Pedro da Cova, pág. 375
"Trabalhadoras das minas em plena juventude. (...)" S. Pedro da Cova, pág. 377
"Jovens trabalhadoras das minas de São Pedro da Cova". Pág. 372
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2.2 (continuação)
Outras fotografias que apenas conheço na qualidade de documentos conservados no espólio de um artista plástico, e parcialmente usados em obras de pintura e gravura, são localizáveis na Nazaré e certamente no ano de 1951. O seu autor é desconhecido.
2008/05/nazaré-1951-52-autor-desconhecido.html
Podem ter a ver com o filme de Manuel Guimarães "Nazaré", rodado em Maio-Junho de 1952, com argumento de Alves Redol, mas não tenho confirmação dessa pista nem tenho indicação de que alguma delas tenha sido publicada alguma vez em qualquer lado. Apenas as conheço em pequenas provas (6,8 x 10 cm - papel: 8,5 x 11,7 cm) com a marca do laboratório Roiz, Lda. Não serão certamente provas únicas...
A intenção documental ou verista, o interesse pelas condições de vida e de trabalho populares, o carácter directo do "flagrante" (onde é impossível decidir entre o acaso da inexperiência ou a irregularidade intencionalmente aceite - mas inclino-me para a 2ª hipótese) marcam aqui uma atitude fotográfica oposta a um naturalismo esteticizado ou ao pitoresco romântico ou picturialista. Não se trata, porém, de provas de exposição, e não se lhes pode atribuir ou reconhecer qualquer ambição de uma recepção artística - poderá tratar-se até de uma prática da fotografia sem consciência de si mesma - "naive", por hipótese.
Um terceiro caso só em parte diferente é o de algumas fotografias associadas ao programa de visitas às zonas de cultivo do arroz nas proximidades de Vila Franca de Xira, orientado por Alves Redol em 1952-53, em que participaram diversos artistas. Cipriano Dourado e Rogério Ribeiro terão sido autores de fotografias que certamente nunca foram expostas e só muito mais tarde se publicaram enquanto documentos, a acompanhar dados biográficos. Ignoro se Lima de Freitas também fez fotografias (o seu pai teria tido um estúdio de fotografia em Évora - inf. a confirmar). É particularmente relevante que não tenham sido expostas nas Exposições Gerais de Artes Plásticas, onde se mostraram as pinturas que usaram estas fotografias como elementos de apoio, auxiliares de observação e memória.
2008/06/arroz-lezírias-1952-53-2.html
Fotografia de Cipriano Dourado, 1953, publicada em "Rogério Ribeiro", Campo das Letras 2003, pág. 241
3 - Se até aqui se trata de fotografias que não pretenderam a circulação impressa ou exposta, que certamente não terão tido nem pretendido ter existência pública, outros casos fundamentam com mais consistência a abertura de um capítulo neo-realista:
3.1 - A edição de As Mulheres do meu País, de Maria Lamas, na dupla condição da afirmação de um muito extenso trabalho fotográfico da autora (quase nunca reivindicado ou re-conhecido como tal, e ignorado no campo da história da fotografia portuguesa*) e igualmente de recolha ou antologia de outros trabalhos fotográficos por vezes relevantes.
3.2 - A actividade fotográfica de Adelino Lyon de Castro, repetidamente exposta nos salões da viragem os anos 40/50 e à época apontada como exemplar de um nova orientação de cunho social e humano.
4 - É tb especialmente a propósito de Adelino Lyon de Castro que vale a pena tentar reconsiderar o lugar da fotografia nas Exposições Gerais de Artes Plásticas: um lugar apenas pontual (1946, 1950 e 1955), heterogéneo e nunca reconhecido criticamente - pelo que se conhece - como associado ao neo-realismo, o qual tinha nesses salões o seu palco privilegiado de afirmação, na pintura e outras disciplinas artísticas.
5 - A partir de 1954-55 deverá poder atribuir-se à informação sobre a exposição "Family of Man" (à sua promoção e à sua repercussão), enquanto manifestação mais forte e mais ambiciosa de uma orientação que teve outras importantes formas de impacto e influência, o aparecimento de Lisboa, Cidade triste e alegre, cujo realismo lírico é particularmente identificável como neo-realista, no sentido alargado que aqui se tem empregue. Os primeiros trabalhos fotográficos de Carlos Afonso Dias, Gerard Castello-Lopes, em parte os de António Sena, e também os de João Cutileiro (que expôs fotografia em 1961) apontam na mesma direcção. Augusto Cabrita (expositor no Barreiro desde 1951 ou 52, o que faz recuar o tempo da sua apoarição...) e Eduardo Gageiro começam também por aí - estes no ambiente salonista, onde se inclui uma tendência humanista/neo-realista ou a sua retórica esteticizada que não pode ser ignorada.
* A edição original d'As Mulheres... de Maria Lamas sofria de uma deficiente impressão tipográfica das imagens e terá sido vítima de um excesso de instrumentalização ideológica (e partidária, ao longo dos tempos), factores que podem justificar a desconsideração posterior da edição.A reimpressão feita pela Caminho em 2002-2003, sob a direcção de José António Flores e com a utilização dos originais fotográficos de Maria Lamas e alguns outros, sempre que eles foram localizados, assegura ao livro e às suas imagens uma nova imnportância. (17-22Set)
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1º estado - existe versão posterior
1 - Leituras várias e algumas pesquisas levam-me a pretender reconsiderar uma parte da fotografia portuguesa dos anos que se seguem à II Guerra à luz de uma classificação que até agora, ao que julgo, não foi usada neste domínio: neo-realismo. Não se trata de uma mera extensão à fotografia do movimento que a partir de 1945 se afirma na área das artes plásticas.
Foto 1 - Arq. Castro Rodrigues, 1945, página de dossier com seis fotografias realizadas durante a IX Missão Estética de Férias da Academia Nacional de Belas Artes, em Évora
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No 2º ano de “Objectiva”, João Martins volta aos temas do instantâneo e da composição: “Ainda sobre os flagrantes” (nº 13, 1 Junho 1938) e “Do valor do flagrante” (nº 14), em textos sem importância.
“Flagrante é a fotografia inesperada, que, surgida num momento de absoluta sorte, consegue proporcionar ao fotógrafo um assunto interessante ou artístico”. É a fotografia com que “se não contava”, um “momento culminante”.
“Quando se realiza com inteiro conhecimento uma composição fotográfica, jamais poderemos dizer que ela foi um flagrante”.
Ou, mais adiante, “raramente, os verdadeiros flagrantes foram apresentados com aquela misteriosa beleza e encanto harmonioso que uma obra de arte produz em nós”. João Martins
Nos nºs 14 e 15, de Julho e Agosto, dá-se notícia do "I Concurso e Exposição de Estudo Fotográfico" e é tb San-Payo (membro do júri com Mário Novais e M. de Jesus Garcia, da redacção) que assegura a respectiva crítica, ironizando sobre o “nome quilométrico e um tanto ou quanto metafísico”. Com 39 concorrentes, foi claramente um fracasso.
São intrigantes os comentários de San-Payo com sentido político:
“Noutros países, onde se não faz tanto alarde da política do espírito, estes salões anuais são concorridíssimos” (…) aqui a imprensa é “fria, insensível e indiferente”. “Se as entidades que nos superintendem tivessem um bocadinho mais de cultura artística ou por ela se interessassem…”
Estabelece noutro ponto os seus critérios de apreciação: os trabalhos têm ou devem ter “ideia, técnica, vigor, coomposição e sentimento”.
No nº 16, de Setembro, A Rodrigues da Fonseca, director, passa a ser tb editor e proprietário. A campanha em torno da Exposição Fotográfica Luso-brasileira para 1940 regressa no nº 16, e no 17 publica-se “1940”, retomando as propostas nacionalistas e propagandísticas do P. Moreira das Neves (ver A. Sena, História). É impossível não associar a decadência da revista ao contexto mobilizador dos centenários…
A 18, Nov., publica-se “O Homem do Harmónio” de Mário Novais e “Tarde no Mondego” de A. Lacerda Nobre, num quadro de evidente involução que atinge um ponto mais baixo com “Sorriso jocoso”, capa de João Martins, em Dez. “Dia de Mercado” de Mário Novais.
Em Jan. de 1939, nº 20, San-Payo faz a crítica do II Salão - A representação francesa no II Salão Internacional justifica outra
declaração política: “Parece-nos que as frentes populares entravam um
pouco os surtos da arte. E nós que tínhamos certa simpatia pelas tais
frentes!” “Pois por causa disso já mudámos de casaca”.
E suspende-se a publicação com o nº 21, de Fev., por dois anos.
Em Abril de 1941 publica-se o nº 22 a abrir uma II Série (nº 1), com o mesmo director mas em sede provisória na Rua Carvalho Araújo, 153 – 2º.
Refere-se uma “ausência forçada” e, reduzindo muito as anteriores ambições (o laboratório foi desmontado), promete-se assistência técnica aos leitores e organização de certames. Numa nota assinada por San-Payo aparece referência a uma revista “concorrente, imponente e magestosa (que) triunfou, como sol em dia de inverno”.
Ter-se-á chamado “FOTO” e pertenceu à mm administração.
Sam-Payo assina uma breve nota crítica ao IV Salão Internacional – transcrita do “Novidades”. E ainda se refere uma Exp. Fotográfica da Província do Ribatejo, org. da CM Vila Franca de Xira, que virá a ter mais eco.
Nº 23 / 2 de Maio 1941 – regressa o Dr. Álvaro Colaço com outro tema fracturante: “O amador fotográfico”, pp. 255-56: outra vez a fotografia pura.
O amador é aqule que possui conhecimentos das ciências aplicadas à fotografia… e que “pretende fazer arte com a fot.”, sendo que a sua “acção é desinteressada”. Mas “quando um reporter dá ambiente de arte ao seu flagrante faz (tb) obra de Arte Fotográfica.”
Volta a criticar aqueles que pretendem superar as deficiências dos negativos com o recurso aos "processos artísticos". "Não são os processos que dão arte à fot., mas a disciplina (?) e o gosto do operador."
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Quem foi o Dr. Lacerda Nobre, animador fotográfico do 1º ano da revista "Objectiva" (1937-38)?
(A. Sena não indica as datas de nascimento e morte, e tb. ainda não as encontrei.
...diz que "as fotografias de A. Lacerda Nobre são uma
excepção na monotonia das imagens que se publicam ou expõem nos
sucessivos Salões...", pág. 253, e refere-o na exp. "Uma viagem através de Portugal", org. O Século,
1936, pág. 246,. E apenas nestes dois casos.)
Na revista "Objectiva" saiu na primeira capa e publicou mais seis fotografias nos 12 nºs iniciais, partilhando com o Dr. Álvaro Colaço (citado por A. Sena nas pp 234 e 238, enquanto expositor na SNBA, no salão organizado por Santos Leitão, em 1931 e fundador do Grémio no mesmo ano) um lugar preponderante na revista. Mas o segundo é tb um importante e polémico articulista, além de importante e misterioso fotógrafo.
"Le blé" (ao lado de "Le sel")
em IMAGES PORTUGAISES, ed. Secretariado da Propaganda Nacional, s.d. (1939), prefácio de António Ferro. in 4º, 72 p. não num.; 23 x 23 cm. Legendas em francês, "Index" em inglês. Fotógrafos não identificados, com larga presença de Horácio Novais e Mário Novais.
Publicação vendida em leilão pela P4 a 9 de Novembro de 2006. Fotos postas à venda separadamente neste leilão e (pelo menos) no anterior, de 1 de Junho. Alguns dos autores são identicados nos dois catálogos.
Uma fotog. idêntica com um só trabalhor é publicada no nº 5 da revista "Objectiva". Ao lado de outra de espigas de milho.
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Tags: António Lacerda Nobre, Lacerda Nobre
Polémica em torno do "flagrante": Álvaro Colaço, Silva Nogueira, San-Payo e João Martins
continua de http://...objectiva-1937-II
No nº 8 da revista "Objectiva", de Janeiro de 1938, intitula-se "O I Salão Internacional de Arte Fotográfica visto 'Objectivamente'" uma crítica de M. Alves de San-Payo, pp. 121-122, que quer estabelece a norma conciliadora no meio salonista, ao referir-se à "exuberante" representação portuguesa:
"Os trabalhos do Comandante Martins repletos de sentimento e técnica irrepreensível; as paisagens de Ponte de Sousa, verdadeira sensibilidade de artista; os mimosos trabalhos de João Martins cheios de poesia e saudade; as marinhas e estudos de F. Viana, os tipos de Álvaro Colaço, os bromóleos de F. Bonacho, as paisagens de W. Orton, os estudos de Henrique Manuel e os flagrantes de W. Heim não ficam mal ao lado do que de bom se faz no estrangeiro".
Anita desgrenhada, de Álvaro Colaço, fotografia exposta no 1º Salão
Entretanto, o artigo de abertura é da autoria do Dr. Álvaro Colaço, pp. 119-120, ilustrado com uma foto do pp, embora o título seja "I Salão Internacional de Fotografia - Os Fotógrafos Húngaros".
É aí que se vai desencadear uma importante polémica sobre o "flagrante", a objectividade, e em geral a fotografia pura. É, em grande medida, a defesa da straight photography contra a sobrevivência do picturialismo - e o debate, mais ideológico que prático, não é excessivamente retardado (o Grupo f/64 manifestara-se em 1932). É tb a defesa de uma observação do mundo que tenta seguir regras modernistas de uma "Nova Visão" pacificada e que parece reflectir de forma vaga alguma informação sobre os projectos documentais que marcam a década.
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O mais antigo texto sobre Adelino Lyon de Castro que conheço é precisamente a notícia da sua morte aos 43 anos:
publicado no jornal Ler, Jornal de letras, artes e ciências, nº 18, Setembro de 1953, pág. 1.
ALC era o editor e Francisco Lyon de Castro o editor; propriedade de Publicações Europa-América (o último nº seria o 19, porque não foi aceite pelo governo a substituição do editor).
Não conheço o seu trabalho de foto-repórter desportivo (onde?)
(Entretanto, seria o cinema o velho sonho prestes a concretizar-se?)
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Posted at 16:23 in Adelino Lyon de Castro, história da fotografia, Maria Lamas, Neo-realismo | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
Tags: Adelino Lyon de Castro, Manuel Ruas, Maria Lamas, Piteira Santos
Adelino Lyon de Castro (que no livro de Maria Lamas, 1950, foi identificado apenas como A. Lyon de Castro, e vem referido na ficha ténica da reedição de 2002 como Alberto...), pode ser localizado em pelo menos 6 Salões Internacionais de Arte Fotográfica organizados pelo Grémio Português de Fotografia, apresentados na SNBA e levados ao Porto e ao Clube Fenianos Portuenses, além de ter participado na V EGAP, de 1950. Ver: http://alexandrepomar.typepad.com/alexandre_pomar/2008/05/a-fotografia-na.html
Trata-se dos salões de 1946, 47, 48, 49, 50 e 1951, sabendo-se que morreu prematuramente no verão de 1953. Parte relevante da sua obra fotográfica (com reenquadramentos discutíveis e impressão irregular - ???? hoje diria o contrário... 5Jun2011) foi recolhida no volume O Mundo da Minha Objectiva, editado em 1980 por Publicações Europa-América, e por Francisco Lyon de Castro, seu irmão, com um prefácio de Fernando Piteira Santos (prolongando-se assim solidariedades pessoais e políticas titistas, na sequência das rupturas comunistas que vinham do final dos anos 30 que se fortalecera com a Jugoslávia do II pós-guerra*). Piteira Santos colaborara já na revista "Ler, Jornal de Letras, Arte e Ciências", lançado por P. E.-A. de que Adelino Lyon de Castro era o editor, em 1952-53, e que "as autoridades" então encerraram não aceitando a substituição do seu nome.
A "Ler" noticia a morte de Adelino no seu nº 18, de Setembro de 1953 (e sai apenas mais o nº 19 em Out.)
Expõem nesse ano Adelino e Tito (?) Lyon de Castro. Francisco Lyon de Castro aparecera com o seu nome em 1946 e 47
Adelino Lyon de Castro atravessa assim, pelo menos, três lugares significativos da fotografia dos finais da década de 40 e princípios dos 50 (as Gerais, os Salões do Grémio e o livro de Maria Lamas - quatro lugares com o Foto Clube 6 x 6, criado em 1950), além de ser o único (?) autor antologiado em livro próprio, já muito tardiamente. A história de A. Sena não refere esse livro (mas regista-o num dos seus complexos índices) e faz apenas uma fugaz referência ao seu nome.
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Maria Lamas e Adelino Lyon de Castro são dois nomes que importa registar numa história da fotografia menos parcial ou parcelar.
A primeira foi fotógrafa por necessidade e por breve tempo - 1948-50 - durante a preparação do seu livro "As Mulheres do meu País", que é também uma vasta recolha da fotografia de levantamento documental ou de tema social feita por fotógrafos da 1ª metade do século. Os seus retratos individuais e de grupo devem ser lembrados como uma grande aventura fotográfica.
O segundo (1910-1953), co-fundador das Publicações Europa-América, foi um amador com larga participação nos salões do tempo, expositor na V Exposição Geral de Artes Plásticas em 1950, membro e animador do Foto-Clube 6 x 6 (fundado em 1950) e também repórter desportivo, tendo acompanhado os jogos olímpicos na Finlândia para duas publicações.
No nº 3 do Boletim do Foto-Clube 6 x 6, que foi dirigido por Harrington Sena e teve Manuel Ruas por editor, ter-se-á publicado o texto mais significativo sobre o seu trabalho:
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Tags: Adelino Lyon de Castro, Maria Lamas, neo-realismo
Quando se começou a publicar a revista Objectiva, em 1937, o mundo das associações fotográficas amadoras restringia-se ao Grémio Português de Fotografia (GPF) - que parece ter-se constituido informalmente em 1931 (A.S.) como secção da Sociedade de Propaganda de Portugal e que organizava desde 1932 salões na sua sede - e ao pequeno Cartaxo Photo Club, animado desde 1934 pelo dr. António de Mesquita e que nesse ano fazia a sua 3ª Exp. Nacional de Fotografia. A revista apresenta as duas entidades como suas colaboradoras, seguindo-se-lhes uma pequena lista de nomes individuais que são em geral os respectivos animadores.
Só muito mais tarde aparecem novas associações: o Grupo Câmara em 1949, em Coimbra; o Foto Clube 6 x 6 em 50, Lisboa; a Associação Fotográfica do Porto em 51. É, em 37, um universo rarefeito que deve decorrer em parte das restrições políticas às dinâmicas associativas e também de um pouco conhecido processo de oficialização corporativa, sob a égide da "política do espírito", de anteriores iniciativas da "sociedade civil".
Fotografia do Dr. Lacerda Nobre, nº5, pág. 76
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Não deve confundir-se a Sociedade (de) Propaganda de Portugal (SPP) com o Secretariado Nacional da Propaganda (o SPN, criado em Set. de 1933 e antecessor do SNI, de Fev. de 1944, por extenso o Secretariado Nacional de Informação e Cultura Popular, logo a seguir Secretariado Nacional de Informação, Cultura Popular e Turismo). Mesmo se o regime foi oficializando e absorvendo os serviços daquela e integrando ou fazendo coincidir os seus quadros dirigentes. Nuns casos por via da efectiva identificação de grande parte das "elites" com o regime e noutros, com especial eficácia, por via do Código Administrativo de 1936 e da integração do sector do turismo no SPN.
A SPP foi criada em 1906 e começa por ser uma "emanação" apolítica das elites do país, visando «promover, pela sua acção própria, pela intervenção junto dos poderes públicos e administrações locais, pela colaboração com este e com todas as forças vivas da nação, e pelas relações internacionais que possa estabelecer, o desenvolvimento intelectual, moral e material do país e, principalmente, esforçar-se por que ele seja visitado e amado por nacionais e estrangeiros».
Ou "colocar o país no mapa do turismo do mundo e criar os meios de defender e propagandear o bom nome de Portugal, lá fora" (segundo a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira - cuja entrada parece ser a mais importante, ou quase única, informação sobre a SPP, que não figura no Diccionário de História do Estado Novo, ou na actualização do de História de Portugal).
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Tags: Alvaro Colaço, Lacerda Nobre, Munhoz Braga
Ainda não sei se Serralves se interessou pelo Manuel (sic) de Oliveira fotógrafo e membro do Grémio Português de Fotografia, núcleo do Porto, expositor nos respectivos Salões de Arte Fotográfica, na SNBA e no Clube dos Fenianos Portuenses.
A menina e o gato (nº 267 - brometo), catálogo do 5º Salão Internacional de Arte Fotográfica, 1941 (única obra de Oliveira exposta nesse ano).
A relação com Aniki-Bobó, rodado em 1941-1942, é evidente. Antes da estreia no cinema Éden, a 18 de Dezembro de 1942, a revista Objectiva dedicou-lhe a capa do nº 39 (Setembro) - ver tb. "O Porto e os seus fotógrafos", Porto 2001/Porto Editora.
Oliveira (então Manuel, e já morador na Rua de Vilar 17) não volta a ser reproduzido, mas comparece no 6º salão de 1942-43 com 4 trabalhos: Calmaria, Sol de inverno, Sombras da tarde e Visão de inverno.
Em 1944, 7º Salão, mostra A sombra segue o Homem, Casa de Aldeia e Cemitério de Aldeia; em 1945 (8º), apenas Na amurada. Em 1946 e seguintes já não aparece (e por agora não sei se começou antes de 1941)
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na capa (nº 4, Setembro 1937), foto de Luiz Serra Henriques, um dos fundadores da Instanta
"Gigas" (Costa de Caparica), Dr. Álvaro Colaço, nº 7, Dezembro 1937
"Gradando", de A. Lacerda Nobre, nº 1, 15 de Junho de 1937, pág 13
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Tags: António Lacerda Nobre, Artur Rodrigues da Fonseca, Objectiva, Álvaro Colaço
1953 é um ano importante para a fotografia portuguesa.
Fernando Lemos vai para o Brasil, onde volta logo a expor (em dois museus nesse mm ano) e terá levado com ele as provas vintage que não conhecemos, impressas em pequeno formato (julgo eu) pelo sr. Camilo, ou com a ajuda e a colaboração do sr. Camilo - Mário de Almeida Camilo, da secção fotográfica dos Grandes Armazéns do Chiado, tb fotógrafo amador do Clube 6 x 6 e expositor nos salões internacionais do Grémio de Arte Fotográfica. Morreu Adelino Lyon de Castro, do mesmo Foto Clube 6 x 6 e expositor na 5ª EGAP de 1950 - figura a conhecer melhor, reconhecido no meio salonista e interessado no documentário social (dez fotos reproduzidas em As Mulheres do meu País, 1948-50). E publicou-se mais uma revista (efémera) de fotografia, que é conhecida por ter Ernesto de Sousa como chefe de redacção, autor de uma entrevista com Man Ray publicada no nº 4, e por aí se terem reproduzido obras de Fernando Lemos - apresentado como colaborador no nº 1, com uma foto sem título (vela? e caranguejos), e mais três no mesmo 4º e último nª. Vistas de perto, as coisas da revista são mais complexas.
PLANO FOCAL
"Revista técnica de fotografia, cinema, rádio, artes gráficas e propedêutica de publicidade"
editada em 1953, publicaram-se apenas quatro nºs:
Nº 1, Fevereiro; nº 2, Março; nº 3, Abril; nº 4, Maio-Junho.
Director: Jaime Bessa
Editor: A. Manuel de M. Peixoto
Chefe de redacção: José Ernesto de Sousa
Propriedade da Sociedade Rádio Cinematográfica Lda
Pr. do Areiro 9, 2º Dto, Lisboa.
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Tags: Ernesto de Sousa, Fernando Lemos
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A revista "Fotografia", que foi um orgão do salonismo fotográfico, publicava no seu nº 2, de Março de 1954, pp- 30-31, uma extensa notícia-convite sobre "The Family of Man":
A 2ª pág. conclui o texto assinado por Edward Steichen e estabelece as "Condições de envio das fotografias" - com data de recepção no MoMA até 30 de Abril.
A exp. era aberta a todos os fotógrafos, profissionais e amadores - sem aquisições nem prémios, o que a distinguia da generalidade dos salões, embora a notícia tenha sido incluída pela revista Fotografia no seu CALENDÁRIO DE SALÕES, antes de exposições de fotografia do Instituto Superior Técnico (Secção Fotográfica da Associação de Estudantes), de uma 26ª Exhibition em Cheshire, England; do Rockford Salon, Illinois; do 13º Salon da Agrupación Fotográfica de Cataluña, etc, todos anunciados em poucas linhas.
Poderiamos pôr como hipótese de trabalho que é directamente The Family of Man (notícia em 1954, inauguração em Janeiro de 1955, enorme cobertura da imprensa estrangeira) que motiva ou impulsiona o regresso da fotografia à 9ª EGAP, tal como a sua 2ª aparição em 1950 coincidira com o termo da publicação do enorme inquérito que é As Mulheres do meu País, de Maria Lamas, em que colaborou Adelino Lyon de Castro, um dos então expositores. (ver Neo-realismo)
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Tags: Family of Man, Fotografia, Steichen
Tinha-me convencido de que a fotografia tinha aparecido como tal por quatro vezes na Exposições Gerais de Artes Plásticas, entre 1946 e 56. Dizia António Sena, pág. 271, que Keil do Amaral e V. Palla "mostram fotografias" na VIII EGAP, em 1954, e a coisa foi sendo repetida sem confirmação. Mas não, o catálogo não tem essa secção que aparecera em 1946 (Mário Novais) e em 1950 (4 autores e 13 nºs de cat., com o destaque necessário para o arq. Keil e o editor Adelino Lyon de Castro).
Parecia haver com essa selecta representação dos dois em 54 um mais claro sentido modernizador, um esforço de reorientação, e afinal, tratar-se-á, até prova em contrário (presenças extra-catálogo?), de um lapso.
Terá de pensar-se por que foi tão escassa a presença da fotografia nas Gerais - já não haverá testemunhas que o esclareçam. Para além do caso solitário e fulgurante, ou fugaz, de Fernando Lemos (1949-52), aparecem agora no leilão da P4 fotografias experimentais de Victor Palla datadas de cerca de 1952 (já lá iremos), e, para além dos nomes conhecidos e esquecidos dos salões (os "salonistas" não são todos iguais, nem todos nulos...) outros artistas fotografavam com regularidade e outras fotografias anónimas subsistem. A presença larga da arquitectura (representada por desenhos e fotografias), das artes decorativas, publicidade e artes gráficas torna mais insólita essa ausência da fotografia nas EGAP.
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Não conheço nada (*) de esclarecedor sobre a fotografia nas Exposições Gerais de Artes Plásticas, que vão de 1946 até 56, em dez edições que se interromperam por um ano em 1952.
(* Só depois de escrever isto é que descobri ou reencontrei a colaboração de Emília Tavares no volume Batalha pelo Conteúdo... editado pelo Museu do Neo-Realismo em 2007 - "Fotografia e neo-realismo em Portugal" , pp. 263-273. Vou ter de confrontar algumas das informações. 18/05)
Na primeira EGAP, no particular clima festivo ou aguerrido de 1946 (terminara a Guerra e esperava-se dos Aliados algum empurrão ao regime), participou Mário Novais (1899-1967) com seis fotografias - o grande fotógrafo da Exposição do Mundo Português de 1940 para o SPN de António Ferro e de muitas outras iniciativas do regime. Foi nesse ano de 1946 o único integrante da secção de Fotografia e não voltará a estar presente em nenhuma outra EGAP, nem, por isso mesmo, das duas únicas outras edições em que se abriu uma tal secção - se outras razões não existissem, a colaboração com a informação do regime, o SNI, impedia-lhe a presença, como a Carlos Botelho (só presente em 46, tb) e a Bernardo Marques. O catálogo da 1ª EGAP - onde existiu igualmente uma secção de Publicidade, com cartazes - não refere títulos para essas fotografias e não sei de informações sobre elas. (*E.T. cita o 1º de Janeiro de 7 Julho 46, que aponta para fotografias de arquitectura, ou de edifícios.)
O que é curioso é que Mário Novais participara em 1930 no I Salão dos Independentes, tb na SNBA - presente na secção de Artes Decorativas (sublnha-se o nome) com 15 trabalhos: seis retratos (três de artistas expositores, 5 interiores de espaços industriais e 4 estudos - sem aspas - a fonte desta informação é o catálogo da exp. de 1998 sobre Mário Novais e a exp. de Belém, pág. 25). Note-se que entre essa mostra de 1930 e a de 1946 procuraram os organizadores definir traços fundadores comuns.
Mas tb é de notar que J.A.F. não cita Mário Novais como expositor na sua história do séc. XX, e apenas refere a presença anónima de dois fotógrafos entre os Independentes de 1930. Estaria ele a referir-se a Novais e a uma dupla de autores, ou apenas a Edmundo de Bettencourt e Branquinho da Fonseca, fotógrafos-escritores da Presença - ver o nº 24, Janeiro 1930, pág 7 - "Fotografias de composições vivas" por Bettencourt e Branquinho? (cf. António Sena, pág 238)
Para além de se revelar o desprezo pela ou a ignorância sobre a fotografia, torna-se notório um insuficiente entendimento do que era o moderno e do modernismo.
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Tags: Adelino Lyon de Castro, Keil do Amaral