O que escreveu o AG na revista Ipsilon / Público de 18 Set.: chama-lhe "bibliómano alucinado"
"Alberto Manguel (...) teria sido, a dada altura, instigado pelo seu secretário: “Escute, professor, esta biblioteca é riquíssima, os investigadores querem visitá-la e trabalhar nela, é preciso que a torne pública”. Embora reticente, acrescenta Manguel, “Warburg aceitou por fim abrir a biblioteca ao público. Quando o faz enlouquece. E morre internado numa clínica psiquiátrica”.
Nada nesta descrição corresponde à verdade: 1) A biblioteca criada por Warburg, em Hamburgo, não corresponde em nada à ideia de biblioteca como colecção de livros feita por um leitor ou um bibliófilo, e por isso é que é única e importante 2) Fritz Saxl, que foi de certo modo o seu secretário, jamais falaria a Aby Warburg naqueles termos, até porque este nunca foi professor, limitou-se a colaborar esporadicamente, através de um seminário, com a Universidade de Hamburgo; 3) a KBW tornou-se um instituto público em 1926, mas já muito antes era aberta a investigadores (por exemplo, Cassirer tinha feito lá toda a investigação para escrever A Filosofia das Formas Simbólicas); 4) Warburg não morreu quando a sua biblioteca se tornou um instituto público, mas três anos depois, em 1929; 5) Warburg não morreu numa clínica psiquiátrica, mas em casa, de um ataque cardíaco; a clínica psiquiátrica entra na sua biografia, mas num tempo anterior, de 1918 a 1924, quando esteve internado na clínica do célebre psiquiatra suíço, Ludwig Binswanger, por ter mergulhado num estado de profunda esquizofrenia que todos os médicos a quem Binswanger expôs o estado mental do seu doente (Freud foi um deles) pensaram ser irreversível.
Alberto Manguel conhece certamente muito bem a história da KBW. Mas a sua pulsão mítica de bibliómano alucinado leva-o a reivindicar uma genealogia que o engrandece, mas não é, com toda a evidência, a sua. Esta história da instalação da sua biblioteca em Lisboa está cheia de sintomas de provincianismo. (...)"
O Público publicou a crónica do Guerreiro e depois fechou-se em copas? Já não há investigação, contraditório, jornalismo?
Já tinha contado a mesma rábula do Warburg a La Nation:
"Siempre tengo presente lo que le ocurrió al genial Aby Warburg, ese erudito bibliófilo a quien su secretario convenció que abriera su biblioteca privada al público. El pobre Warburg se volvió loco y tuvo que ser internado en una clínica psiquiátrica. Abrir tu biblioteca personal, esa cosa tan íntima y secreta, a un público desconocido, es un poco como dejar entrar a forasteros en tu mente, dejar que otros tomen posesión de tu memoria, de tu imaginación, de tu alma. Soy consciente de que ésta donación es una maniobra peligrosa, aunque necesaria, para que mis libros vuelvan a la vida. El sacrificio, si sacrificio hay, vale la pena." La Nation 8 de setembro
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Uma insólita operação mediática no Palacete Pombal, que foi biblioteca do Instituto do Restauro - Instituto José Figueiredo, por muito tempo cedido pela CML ao IPPC / IPCR / IPPAR, se as siglas estão certas.... Depois foi atribuído a uma "coisa" chamada Centro de Arte Africana Contemporânea Africa.cont, que se extinguiu demoradamente sem préstimo (2008-2017, oferecido por Sócrates ao prof. J.A. Fernandes Dias...), e a seguir foi colocado à venda (mas os compradores árabes iriam tapar ou destruir as pinturas figurativas e a ideia abortou também).
Do Palácio passa-se às Tercenas do Marquês, grandes armazéns coloniais que se encontram por utilizar (o João Soares tinha cedido um deles à ZDB, no seu início (2002?), mas vieram a pôr-se problemas de segurança).
Palacete e Tercenas descem das Janelas Verdes à 24 de Julho (numa festa do África.cont passava-de terraço em terraço...) e são um dos mais incríveis lugares de Lisboa: siga-se pela Travessa José António Pereira, o nome do antigo comerciante abaixo (desde a Rua das Janelas Verdes, junto ao Hotel de charme As Janelas Verdes).
A festa do Africa.cont, 26 Set de ?
Aqui já temos o filme promocional da CML: