O que mais espanta nestas histórias de museus a abrir e a fechar é a ausência de fundamentação das decisões ministeriais e também de validação por quaisquer orgãos de consulta, representação ou conselho competentes, cuja nomeação e vigência não dependa exclusivamente dos calendários políticos. O esvaziamento da autoridade de directores gerais ou responsáveis por institutos públicos - que dêm a cara e argumentem - é outro dos factores de estranheza, deixando as decisões ao arbítrio ou ao gosto pessoal de fugazes ministros.
Noutros domínios (sejam auto-estradas, escolas ou orçamentos) há audição de entidades representativas, pareceres técnicos, condições de diálogo (mesmo quando o diálogo é liminarmente recusado ou instrumentalizado por oposições). Na cultura - e em particular quanto a deliberações de longo alcance no tempo - as decisões são aleatórias e levianamente (in)justificadas: a srª ministra gostou do Museu da Língua - Estação da Luz em São Paulo, e deslumbrou-se com os dourados do Hermitage de São Petersburgo, já esquecida dos vermelhos de Leninegrado. Foi o que bastou para se meter em embrulhadas penosas de curar.
Neste caso do Museu de Arte Popular, que em 2005 se quis (!!) entregar ao comendador Berardo para alojar a colecção que foi afinal para o CCB (esta foi uma decisão justa tomada a nível superior e cujo êxito se confirmou), a argumentação informada foi sempre contrária à ideia de o substituir pelo Museu da Língua, ou Mar da Língua (!?). E ficou sempre sem resposta, nem mesmo da parte do actual director do Instituto dos Museus - e da Conservação (?!), Manuel Bairrão Oleiro, também surpeendido com Coches e Cordoarias, mas com grande "resistência" (tentando evitar males maiores?) .
Decoração mural da sala de Entre Douro e Minho, por Tomás de Mello (Tom) e Manuel Lapa
Um dos textos mais esclarecedores já publicados sobre o caso foi da autoria de Raquel Henriques da Silva, que tinha sido directora do Instituto Português de Museus entre 1997 e 2002, e que, por sinal, esteve à beira de ser secretária de Estado da Cultura com o actual ministro (*). Saíu na revista "L+Arte", onde mantém uma coluna mensal de opinião, mas cujos sumários e arquivos não estão disponíveis na rede.
Noutros domínios (sejam auto-estradas, escolas ou orçamentos) há audição de entidades representativas, pareceres técnicos, condições de diálogo (mesmo quando o diálogo é liminarmente recusado ou instrumentalizado por oposições). Na cultura - e em particular quanto a deliberações de longo alcance no tempo - as decisões são aleatórias e levianamente (in)justificadas: a srª ministra gostou do Museu da Língua - Estação da Luz em São Paulo, e deslumbrou-se com os dourados do Hermitage de São Petersburgo, já esquecida dos vermelhos de Leninegrado. Foi o que bastou para se meter em embrulhadas penosas de curar.
Neste caso do Museu de Arte Popular, que em 2005 se quis (!!) entregar ao comendador Berardo para alojar a colecção que foi afinal para o CCB (esta foi uma decisão justa tomada a nível superior e cujo êxito se confirmou), a argumentação informada foi sempre contrária à ideia de o substituir pelo Museu da Língua, ou Mar da Língua (!?). E ficou sempre sem resposta, nem mesmo da parte do actual director do Instituto dos Museus - e da Conservação (?!), Manuel Bairrão Oleiro, também surpeendido com Coches e Cordoarias, mas com grande "resistência" (tentando evitar males maiores?) .
Decoração mural da sala de Entre Douro e Minho, por Tomás de Mello (Tom) e Manuel Lapa
Um dos textos mais esclarecedores já publicados sobre o caso foi da autoria de Raquel Henriques da Silva, que tinha sido directora do Instituto Português de Museus entre 1997 e 2002, e que, por sinal, esteve à beira de ser secretária de Estado da Cultura com o actual ministro (*). Saíu na revista "L+Arte", onde mantém uma coluna mensal de opinião, mas cujos sumários e arquivos não estão disponíveis na rede.
DO MUSEU DE ARTE POPULAR, DO MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA E OUTRAS QUESTÕES
Raquel Henriques da Silva, in L+Arte, Novembro 2006, página 18
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