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Ex-administrador do BPN garante autenticidade da coleção de quadros Miró
Lusa 26 Jun, 2012, 19:59
O antigo administrador do BPN, José Lourenço Soares, garantiu hoje no Parlamento que os 85 quadros do pintor catalão Joan Miró que estão na posse do banco são autênticos, explicando que só não são vendidos porque juridicamente pertencem a `offshores`.
"Os quadros do ponto de vista artístico e de qualidade são fracotes, mas todos têm um certificado de autenticidade", afirmou Lourenço Soares no decorrer da comissão de inquérito parlamentar ao BPN, motivando várias gargalhadas entre os deputados.
Honório Novo, deputado do PCP, que questionava o antigo administrador do BPN, retorquiu que os quadros em causa "podem ser feios, mas sendo Miró valem dinheiro", provocando mais um momento de boa disposição na sala onde decorrem os trabalhos.
"Não há dúvida sobre a autenticidade. São fracotes, mas são genuínos", devolveu Lourenço Soares.
Já quando questionado sobre porque é que não são vendidos, o responsável explicou que foram feitas várias avaliações pelas duas maiores leiloeiras de arte do mundo (Christie`s e Sotheby`s), mas que a venda não foi possível por motivos legais.
"Não avançámos porque os quadros ainda são juridicamente de três `offshores`", sublinhou Lourenço Soares, precisando que 80 quadros pertencem a três sociedades que faziam parte do universo do BPN e os restantes cinco são do BPN IFI (Cabo Verde).
No que toca ao valor da coleção, Lourenço Soares não avançou com nenhum número, dizendo que "o processo mais transparente possível era a venda através das maiores leiloeiras. Mas avaliar uma obra de arte não é uma ciência matemática. Dão um valor mínimo e um máximo. Para um mesmo quadro as leiloeiras dão estimativas completamente diferentes".
Na altura da nacionalização, várias notícias apontavam para que o valor desta coleção ultrapassasse os 80 milhões de euros.
Após ouvir estas explicações, Honório Novo disse que o PCP vai solicitar o envio à comissão parlamentar dos certificados de autenticidade de todos os quadros.
"A questão principal não é se valem dois ou 20 milhões, é sobre a sua autenticidade", reforçou o deputado comunista.
Inquérito BPN/ Visão
Lisboa, 26 jun (Lusa) - O antigo administrador do BPN, José Lourenço Soares, garantiu hoje no Parlamento que os 85 quadros do pintor catalão Joan Miró que estão na posse do banco são autênticos, explicando que só não são vendidos porque juridicamente pertencem a 'offshores'.
"Os quadros do ponto de vista artístico e de qualidade são fracotes, mas todos têm um certificado de autenticidade", afirmou Lourenço Soares no decorrer da comissão de inquérito parlamentar ao BPN, motivando várias gargalhadas entre os deputados. Honório Novo, deputado do PCP, que questionava o antigo administrador do BPN, retorquiu que os quadros em causa "podem ser feios, mas sendo Miró valem dinheiro", provocando mais um momento de boa disposição na sala onde decorrem os trabalhos.
Inquérito BPN
"Quadros Miró não são do Estado"
Lourenço Soares, antigo administrador do BPN, declarou que valiosa colecção de arte pertence a três offshores e o Estado não pode reclamar a sua propriedade
O antigo administrador do BPN Lourenço Soares declarou, hoje na Comissão Parlamentar de Inquérito, que o Estado não pode reclamar a propriedade da valiosa colecção de quadros do pintor Juan Miró, que a após a reprivatização do BPN passaram para a esfera das sociedades veículo, porque estes "do ponto de vista jurídico-formal pertencem a três offshores". O ex-administrador, que esteve no banco durante o período de nacionalização, acrescentou ainda que "apesar de existir um contrato de penhor, a propriedade é das offshores".
Lourenço Soares, após ter sido questionado pelo deputado do CDS João Almeida sobre a colecção de quadros Miró, adiantou aos deputados que, em 2011, o BPN e a Galilei (antiga SLN) tentaram chegar a um acordo sobre a propriedade dos quadros. "Porém, a SLN não conseguiu contactar os directores fiduciários das offshores para estes lhe passarem mandatos de venda", disse Lourenço Soares. E acrescentou: "A própria SLN não tem legitimidade para representar as offshores".
Atualmente, a colecção está à guarda da Caixa Geral de Depósitos.
RESPOSTAS A COMENTÁRIOS
Cheguei ao nº 85, hesitei em dois casos (o 13, que lembra um Gorky confuso, com dois pezinhos apatetados; e o 78, que não me ficou na memória, nem vou voltar a olhar). Tentando justificar em duas linhas, pode dizer-se que nesta linha de criação (Miró teve outras) o acaso, o desenho não dirigido pela cópia, espontâneo e indeterminado, é essencial, o que não significa que desapareçam os critérios de apreciação. Umas vezes o desenho em liberdade "sai bem", a espontaneidade do traço denota firmeza e segurança (não é mole e hesitante, como aqui sucede muitas vezes); a aparição da forma manifesta-se com a presença quase acidental de símbolos que identificam a linguagem íntima do artista (o sol e a lua, a estrela, o sexo feminino ou olho, o seio, o falo-vela, etc), mas estes aparecem aqui como muletas ou recursos e formas repetidas/aprendidas na estrutura de um desenho que parece esforçado e corrigido, acrescentado para ter algum "sentido"; numa composição poética que sempre se desvia da figuração literal aparecem por um qualquer acaso infeliz figuras anedóticas (um pé, uma cara, uns óculos, etc) que perturbam como um facilidade inútil a flutuação do olhar sobre o que seria um acontecer subconsciente, livre, quase infantil ou mágico. Etc. O facto de não ser aqui a imitação perfeita o critério de apreciação, não significa que tudo serve: sem rede, sem guia, sem norma, a mão também pode falhar - no trabalho do acaso muita coisa é para deitar fora. Para o observador é essencial ver uma escolha de boas obras de Miró e comparar. Neste caso (nestes 85 casos) trata-se de refugo. Acho que não me enganei qdo vi 1º 3 obras e depois 5, antes de ver 85. Espero muito sucesso no leilão e acrescento: escapámos de boa.
Obrigado pela ajuda a pensar estes trabalhos. Não me parecem ser de abertura de processos, mas de rotinas, repetições e fraquezas, hesitações. Não sei se o Miró guardava tudo, ou destruía o que não gostava; não sei se controlava a saída das obras ou se os galeristas iam levando o que encontravam, ou se os herdeiros puseram os restos a render. Há "segundas linhas" muito importantes e significativas, mais originais que as "obras primas" de um estilo autoral estabelecido, é certo, mas não me parece ser o caso. Não são obras singulares, mas obras medíocres, na minha opinião. Poderiam escolher-se meia dúzia de obras sofríveis, vá lá, e considerar que é a isso que temos direito. Não penso assim: antes uma boa estampa (um múltiplo bem escolhido, um conjunto de obras gráficas acessiveis que uma má pintura). Duas ou três obras destas, sofríveis, dariam num museu uma imagem degradada, incorrecta e insuficiente, do que é o melhor da obra de Miró, ao contrário do que aconteceria com algumas boas estampas, ou com a consulta de um álbum.
Estive eu a tentar explicar aos eventuais leitores interessados (não aos crentes) por que considerava os desenhos e pinturas vistos no catálogo (sem indicações de medidas) como obras medíocres do Miró, aplicando toda a paciência e boa vontade a desenvolver o que pode ser um juízo crítico sucinto e exercido nestas circunstâncias aproximativas (suficientes para dispensar qq exposição pública do conjunto ou colecção) e vem dizer que os argumentos são desdenhosos, falaciosos etc e tal.... Saudações (finais)
13 Jan.
Também não acho uma prioridade, e pela amostra é uma sorte se as conseguem vender bem. É uma história de dinheiro sujo, bancos corruptos e aconselhamentos enviesados. Ir perguntar a opinião de um agente do BPP/Elipse sobre os negócios do BPN só lembraria à falta de memória do Público...
Pela amostra envolve um juízo de qualidade - é sp o q me interessa. Aliás sabe-se há muito q aquilo é fraco - por isso é q cá ficou. Arte e dinheiro sujo é uma relação conhecida. E qt a museus e colecções temos conversado. Não defendo este conjunto de mirós e estranho que seja o sr da Perve a diligenciar o protesto. E noto o elogio à sra Albuquerque. É um não assunto.
Há dois Mirós na col. Berardo - é pouco para uma obra tão extensa. Esses não os deixem sair do CCB. 1: "Et les Seins Mouraient…" 1927, Tinta-da-china sobre cartão, 47 cm x 62 cm (não reprod. no site da col. por questão de direitos)
E, do mesmo bom momento surrealista, "Figure à la Bougie", 1925, Óleo sobre tela, 116.2 cm x 88.5 cm x 3.5 cm (tb não reprod.) (Estão agora expostos ou deixados nas reservas, como tantas obras de primeira escolha?)
Fui ver, e na col. do CAM só há 6 estampas (não reprod.). É estranho mas não espanta. E quanto ao resto eu possivelmente prefiro alguém fora do meio da arte, ou que viva noutro mundo. À Maria Luís não conheço nenhuma insanidade enquanto eventual apreciadora de arte; não direi o mesmo de dois ou três comentadores citados.
Apenas + isto: os Mirós não devem ser prioridade para as Finanças (nem os Picassos), excepto qto a IVAs e IRC, ou impostos sobre heranças e fortunas - cada um no seu ramo. Neste caso, aliás, são restos de um banco fraudulento, são parcelas, excepto se outro ministério (Cultura) ou instituição (FG, Berardo, Serralves) ou particular se candidatasse a resgatar alguma peça escolhida. Ora aquela colecção nunca suscitou interesse; a máfia da rapina financeira aliada ao mercado da arte nunca conseguiu convencer ninguém que aquilo tivesse especial interesse. Não vi, mas informaram-me há anos que são obras menores, e acredito até prova em contrário. Obras menores não interessam aos museus portugueses - já têm imensas.
os Mirós são mesmo muito maus. Não se vê logo? Conhecia 3 imagens e agora com 5 o panorama é ainda mais deprimente (e certamente tentaram escolher as coisinhas mais aceitáveis). Todos os artistas têm restos e fundos de gavetas. Mirós de 4ª ou 5ª escolha não interessam nada. Por isso os traficantes do BPN não os conseguiam vender... Mas já vejo que houve 581 partilhas e 678 likes para o peditório.