Mercado Santa Clara. Inauguração (À esq. Rui M. Pereira, co-comissário. Fotos Mário Bastos)
https://www.academia.edu/1542548/As_%C3%81fricas_de_Pancho_Guedes_uma_colec%C3%A7%C3%A3o_africana
Mercado Santa Clara. Inauguração (À esq. Rui M. Pereira, co-comissário. Fotos Mário Bastos)
https://www.academia.edu/1542548/As_%C3%81fricas_de_Pancho_Guedes_uma_colec%C3%A7%C3%A3o_africana
Posted at 00:26 in 2010, Africa, Pancho Guedes | Permalink | Comments (0)
Há precisamente 54 anos (não é uma efeméride redonda) decorriam em Salisbúria / Salisbury as sessões do ICAC, 1º Congresso Internacional de Cultura Africana, acompanhado por uma grande exposição de arte tradicional e moderna, uma iniciativa também inédita, especialmente significativa na "África branca", onde nem a arte dita tribal era reconhecida como arte pela imprensa colonial rodesiana (ao contrário do que acontecia com a imprensa colonial de língua portuguesa).
Foi entre 1 e 11 de Agosto de 1962 e atraíu grandes especialistas convidados de todo o mundo, incluindo universitários e alguns dignatários africanos, nomeadamente da Nigéria já independente desde 1960. Frank McEwen, fundador do Museu de Arte da Rodésia do Sul, por iniciativa de Londres, foi o organizador do ICAC, e estiveram presentes William Fagg, Robert Penrose, Alfred Barr, Hugh Tracey, Tristan Tzara, Amâncio/Pancho Guedes, Vincent Kofi - e também o Chefe Zandamela dos Marimbeiros de Zavala (L. Marques) - que usaram da palavra na sessão inaugural, a 1 de Agosto. E igualmente, entre outros, Jean Laude e Udo Kultermann, especialistas da "arte negra" e da arquitectura africana, respectivamente
O ICAC foi financiado pelo Congresso para Liberdade da Cultura, que depois foi denunciado como sendo pago pela CIA, e a denúncia pode ter partido da própria extrema-direita americana, para desarticular uma organização de carácter progressivo. A declaração unilateral de independência de Ian Smith terá sido uma segunda razão para que as Actas nunca tivessem sido editadas, embora existam as provas tipográficas em meia dúzia de bibliotecas.
O catálogo de "African Remix" faz-lhe referência, mas é um tema em geral ignorado, esquecido e silenciado. Não é de interesse para a "teoria pós-colonial", e não é "politicamente correcto", recordar o mais importante fórum internacional sobre a cultura africana, realizado no contexto das independências africanas e das oposições ao apartheid.
Fica a seguir um sumário (não publicado) das principais palestras incluídas nas Actas, que foram em geral seguidas de debates entre os assistentes.
PROCEEDINGS OF THE FIRST INTERNATIONAL CONGRESS OF AFRICAN CULTURE
1-11 August 1962
Held at The National Gallery, Salisbury, Rhodesia
Foreword 1959, Frank McEwen,
Opening Ceremony, 1 August,
McEwen, S.O. Biobaku (Ife, Nigeria)
Tristan Tzara, Vincent Kofi, William Fagg, Roland Penrose, Alfred Barr, Amâncio d’Alpoim [Pancho] Guedes , Hugh Tracey, Chief Zandamela (Lourenço Marques, Moçambique)
August 2
Lecture 1 - Janheinz Jahn, African thinking as a background to African Art,
(comments by Barr, Guedes, McEwen)
2. Jean Laude, Aesthetics and Ethnology,
3. A.M. Dauer (Frankfurt) , The influence of African Music on Western Culture, old and new,
4. S. Okeke (Lagos), The Artist in an Ibo Community,
August 3
1. B. E. Reynolds (Northern Rhodesia), The African Craft Village, Livingstone,
2. Pierre Guerre (Marseille), African Aesthetics and Western Aesthetics,
3. Hugh Tracey, Problems facing African Music and Musicians in the Immediate Future,
(comments Mrs. Guedes)
4. James A. Porter (Washington), The influence of African art and Culture in the New World,
5 . William Bascon (Berkeley), Creativity and Style in African Art,
(comments Fagg, Porter, Guedes)
August 6
1. Percy Borde (dancer, Caribbe), African influence in the Caribbean, p
2. Helmut Gunther (Stuttgart), The influence of Africa on Modern European and American Dancing,
3. [Pancho Guedes] / Amâncio D'Alpoim Guedes (Lourenço Marques, Moçambique), "Things are not what they seem to be - the auto-biofarsical hour", (intro Tristan Tzara)
August 7
1. H. Christoffels (Fribourg), African Art and African Spiritualy,
William Fagg (London), African Art and Life Force,
2. B. Holas (Abidjan), Untitled (about Ethnology and Aesthetics),
3. Willard Rhodes (Nee York), African survivals in American Negro Music,
4. Selby Mvusi (artist, Ghana), Towards a Contemporary Art in Africa,
5. Roland Penrose (London), African influences on Picasso and Contemporary Art (intro McEwen)
6. Udo Kultermann (Leverkussen), Traditional African Architecture and Modern Architecture,
August 9
1. Roger Summers (Bulaweyo, South Rhodesia), Architecture and Other Art at Zimbabwe (110-1820),
2. Pearl Primus (dancer, USA), The inner being of African Dance,
3. Pierre Roumeguere & Jacqueline Roumeguere-Eberhardt (Bouar, Central African Republic), Human Clay Figurines and Fertility Dolls,
4. J. Newton Hill (Lagos), Towards an Aesthetic in African Sculpture,
5. Vincent Kofi (artist, Ghana) - intro by Alfred Barr,
6. Robert A. Kauffman (Southern Rhodesia), Continuitity and Change in the African Music of Southern Rhodesia,
August 11
1 - Frank McEwen, Art in Contemporay Africa,
F. McEwen, Influence of Africa,
Summing Up, Introdutory Remarks, / Non-National aspects of the Congress / Aspects of African Culture covered by Congress / Problem of adversing Congress / Difficulty of communicating with general public / Problem of Language / Proceedings of Congress
Indepence of Congress from Government Status / Second ICAC Congress / Subject of next Congress
not-paged
«Bill» Fagg, Four Yoruba Masters..., (Lecture 5, August 2)
William Fagg, The ancient history of Art in Nigeria
Andrew Tracey, Music of Southern Rhodesia
Frank McEwen, Foreword to the Congress Exibitions
List of Delegates’ Adresses
Sheet musics and photos
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O catálogo da exposição paralela ainda se encontra à venda. Grande parte das obras da representação de Moçambique fez parte da colecção de Pancho Guedes e pude expô-la em 2010 no Mercado de Santa Clara.
Pancho conseguira o apoio do Turismo de Lourenço Marques para fazer viajar as obras e o grande agrupamento dos Marimbeiros de Zavala, que fez escândalo ao tocar o hino nacional, como fazia em todas as actuações. Tristan Tzara ficou tão entusiasmado com o "dadaísmo" e a obra de Pancho Guedes que fez alterar o bilhete de regresso a Paris e foi até L.M. Infelizmente morreu no ano seguinte e o seu interesse ficou sem consequências.
P.G. já fizera em 1961 representar Moçambique como país - com a sua própria obra arquitectónica ( o Leão que Ri, etc) - na IV Bienal de São Paulo usando credenciais obtidas de um amigo do Turismo de L.M., e pensara então mudar-se para o Brasil. Nesse ano organizou também a 1ª exp. de Malangatana, no edifício das Actividades Económicas, e recebeu a visita de Eduardo Mondlane em L.M. Como muitos visitantes internacionais e muitas estadias no estrangeiro, a PIDE tinha mais razões para não o largar... A certa altura supunham-no chefe da Frelimo...
Abaixo, capa do catálogo da exposição e 1ªas páginas dos "Proceedings". Depois os Marimbeiros de Zavala actuando no 1º ICAC de 1962 , em Salisbúria, diante dos congressistas e do público. A foto é certamente de Pancho Guedes, e é pelo menos do seu espólio).
Posted at 01:24 in 1962, ICAC, Pancho Guedes | Permalink | Comments (0)
Tags: CCF, ICAC, Pancho Guedes
Malangatana
(1958-1968 first years: Pancho Guedes, Julian Beinart, Ulli Beier, from L.M. to Ibadan, London, Bombay)
(tradução a rever)
Malangatana (1936-2011) had a studio at his disposal at Pancho Guedes’ house since January 1960 and it was Pancho who organized with the Núcleo de Arte (an artists association founded in 1936) his first individual show of paintings, in April 1961, on the very official headquarters of the “Economic Entities” (Actividades Económicas) inaugurated in the presence of military and civil authorities.
Inauguration April 1961 (Photo archive Guedes)
On 1961 also, the Ibadan flyer (Ulli Beier, 1961) mentions a collective exhibition at Cape Town, organized by students (certainly via Julian Beinart) at the local university, including Susanne Wenger — “but apart from that his work has not been seen outside Lourenço Marques.” Furthermore, the upcoming publication of an article on Malangatana by Julian Beinart in Black Orpheus magazine is mentioned (issue nº 10, 1962, which also includes two poems translated by Dorothy Guedes).
Pancho wrote in the catalogue (April 1961), as A. d’Alpoim Guedes:
“The complete painter
These paintings are the result of little more than a year and a half’s work by an ex-waiter.
Malangatana is a natural and complete painter. With him, composition and the harmony of colour is not an intellectual game; they occur to him as naturally as stories and visions do.
He knows without knowing.
His vision has odd parallels with the European tradition. Certain paintings are close to the primitive Catalonians; some are like the macabre apparitions of the Dutch visionaries, while others suggest an involuntary, direct and magical surrealism.
He seems to come from that tradition without ever having had access to it or any form of training.
He is visited by spirits; certain paintings are hallucinations, fragments of a hell that once belonged to Bosch.
Malangatana has a thorough understanding of man’s subterraneous reasons, which, combined with his extraordinary formal vision, produces painting of such a rare totality that, despite being a beginner, he is already one of Africa’s major painters. “ (translated from the Portuguese)
In the 1961 flyer Ulli Beier introduces the beginning of Malagatana’s painting, patronized by Guedes, as follows:
“(...) his artistic potentialities were recognised by Amâncio Guedes, the brilliant architect, who met Malangatana when he was working as ball boy in the Lourenço Marques club. Through the friendship with Guedes, Malangatana blossomed forth as a painter. It is not so much that he was taught things in a conventional sense. But for the first time in his life Malangatana found that his work was taken seriously. He had an audience and encouragement. He lived in surrounding where art mattered and was practiced. More over there was an affinity of spirits. Guedes – when he is not designing buildings -– is a surrealist painter. Malangatana’s work does not show the slightest influence of Guedes work – nor of anybody else’s work. But seeing it may have confirmed Malangatana in his aspirations.”
Malangatana by Ulli Beier, 1962, with a self-portrait (flyer/invitation - photo Archive Guedes)
In fact, Malangatana was already attending the Núcleo de Arte, since 1958, as an occasional student with João Ayres (a modern master), protected by Augusto Cabral and José Júlio, when, at the end of 1959, Pancho Guedes visited him with Frank McEwen and offered to buy a painting a month from him. A while later he invited Malangatana to occupy a studio in his house at Nevala Street (The Smiling Lion), making him get out from under the influence of the Núcleo artists.
To this version of the story, often told by the painter, Pancho adds an earlier episode:
“And then Malangatana came, adopting a kind of ironic, humorous attitude. Feigning that he was a bit mad (within accepted limits) permitted him to behave in an extraordinary manner towards white people. He came into the office and asked me to design a house for him, speaking in a quite distorted but flowery Portuguese. Then he said that he was going to become a painter and that I should come to look at his work.” (U.B.’s interview, 2009. See also Pancho Guedes, 1998)
Inauguration 2009, Malangatana at Pancho Guedes retrospective show, Lisbon . With portrait of Dorothy Guedes and the Saipal Bakery (Photo A.P.)
The two men will be friends until the end: it was Malangatana who spoke (and sang and danced) at the opening of Guedes’s big retrospective show in Lisbon (2009) – and it would not be wrong to see Malangatana and Tito Zungo, a outsider artist from South Africa, to some extent, as Pancho’s alter-egos.
#
As soon as 1962 (June) Malangatana has a solo exhibition at the Mbari Ibadan (“Exhibition of Paintings by Malangatana”), repeated at the gallery at the Mbari Mbayo club, which opened in Oshogbo in the first half of 1962 (U.B. remembers it in the aforementioned interview, 2009).
Beier writes in the flyer/invitation (“Valente Malangatana”, signed U.B.), but the text (like the 1961 notes) is not referenced in the extensive bibliography published under the title The Hunter Thinks the Monkey Is not NOT Wise, a Bibliography of Writings by Ulli Beier (Obotunde Ijimere & Co).
Catalogue, with a drawing by Ibrahim el-Salahi, 1963
Malangatana’s paintings then travel to London to be shown at Roland Penrose’s Institute for Contemporary Art, along with works by Ibrahim El-Salahi (b. 1930, Sudan). The 4-page catalogue of “2 Painters from Africa. Salahi & Malangatana. ICA. Dover St.” includes a poem by Malangatana and autobiographical extracts from both painters, out of Black Orpheus nº 10. Malangatana’s work had been shown in Salisbury, at the International Congress of African Culture (ICAC’62), a show Penrose attended, but not El-Salahi’s work.
This groundbreaking London show is not mentioned in the catalogue of El-Salahi’s retrospective at the Tate Modern in 2013, precisely 50 years later, although it made for an absolutely revealing juxtaposition of the questions which where then posed to the new African art of the 1960’s – to “Neo-African art” (a designation proposed by Janheinz Jahn, in 1958), or to the “renaissance of African art” or “modern art in Africa”, as Beier writes in the preface and conclusion of his 1968 book: “Nor does it matter how we label them” (Contemporary Art in Africa, p. 169).
In his seminal book of 1960, Art in Nigeria, Beier said that those that are called then “modern african artists were European trained and were merely copying Europe”. But “the African new art forms have been evolved independently of European teaching and influence” (p. 4, Introduction). He writes:
“Art teaching suffers from the same failing from witch the whole of Nigerian education suffers: it is foreign-orientated. If independence means anything at all, it will mean the Nigerianisation of education” (p. 24 Conclusion).
Malangatana came from the “jungle” and Pancho Guedes’s studio; he was an attentive and supported self-taught artist. El-Salahi had graduated from Slade School and was a scholarly painter, although he had already altered the “modern style” he learned in London, as a consequence of an unsuccessful return to Sudan and the contact with Ulli Beier’s Mbari Club, reacquainting himself with local influences, in search of a possible synthesis.
In a recent interview published in The Guardian, El-Salahi recalls a visit to Nigeria in 1961, when he “met the writers Chinua Achebe and Soyinka Wolke, and became aware of a renaissance under way across the continent, with writers and artists in areas from all over taking from traditional art to create new forms for a new era” (naming Uche Okeke, Demas Nwoko and Malangatana).
“It was Africa's great modernist moment, and Salahi’s work fitted the bill”, Mark Hudson writes in “Ibrahim el-Salahi: from Sudanese prison to Tate Modern show”, The Guardian). However, “modernism” is an ambiguous word, which should be scrutinized and avoided – is not the same as modern art (as African modern art or Modern art in Africa).
The approach chosen by the commissioner, Salah M. Hassan (Tate Modern), was to integrate El-Salahi in a generic ”modernist movement in African visual arts", aimed at “interrogating and repositioning African modernism in the context of modernity as a universal idea” – and in a near nominal reference includes Malangatana among the pioneer African modernists (p. 11). This is about the existence and valuing of a mainstream international modernism that African modernism would fit into, especially when it is based on academic training, and when “in form, style, and aesthetic sensibility, their art reflects the strict adherence to the Western academic schooling they receive in Europe” (p. 14) But this kind of analyzes that claim to be post-colonial and anti-ethnocentric ignore the tensions and ruptures that exist in the dominant panorama of institutionalized modernism of the Cold War’s 50’s (ignoring the Cobra artists and Dubuffet, in particular) .
In the same catalogue, the Chika Okeke-Agulu’s text identifies in right terms, I think, the Beir’s complex attitude between the promotion of artists trained in workshops and the interested approval of those formally trained as contemporary artists - but he doesn’t talk about Malangatana.
Later, 1963 and 64, with the addition of Uche Okeke (Nigeria), there are three painters in an exhibition that travels to India and Pakistan, organized by the Committee for Cultural Freedom. A small 8-page catalogue with a text by Ulli Beier is referenced at worldcat.org: “Exhibition of African Art: Salahi * Malangatana * Okeke”, Exhibition held at the Jehangir Art Gallery, Bombay 1964. Ulli Beier always mentions the Committee and the Congress’ grants for the publication of Black Orpheus and the activity of the Mbari Club; the exiled South African writer Ezekiel Mphahlele represented it in Nigeria in the 60s. In 1967 that support would be terminated for relying on funding from the CIA.
Ulli Beier’s 1968 book Contemporary art in Africa features Malangatana at length, and Chapter 4, “Finding the short cut”, is almost completely devoted to him (pp. 62-72):
“Malangatana may have been the first African artist to find the short cut – to become a sophisticated artist while bypassing education.” (p. 72).
On El-Salahi he writes (Chapter 2: “Without a tradition...”):
“No artist could create a more perfect synthesis of the cultural elements that make up the modern Sudan, the Islamic tradition and the wider all-African orientation of today. Yet Salahi is not a self-consciously ‘African’ artist, he is no preacher of Négritude, he is no preacher of anything; he is a dreamer”. (pp. 30-31)
Malangatana does not travel in those years, even though that has been printed. At the end of 1964 he is imprisoned (for 18 months), accused of being a member of Frelimo, but it should be noted that in the same year he won the first prize at the Lourenço Marques City Exhibition and that he painted mural panels for the headquarters of the very official Banco Nacional Ultramarino.
Only in 1971 will he receive a grant from the Gulbenkian Foundation to come to Lisbon to study ceramics and printmaking (he holds his first exhibition in Lisbon in 1972), travelling through Europe then.
Bibliography
Ulli Beier, 1960, Art in Nigeria 1960, Cambridge, at the Universitary Press, in collaboration with the Information Division, Ministry of Home Affairs, Ibadan, Nigeria. (24 pages + 77 plates)
Pancho Guedes (A. d’Alpoim Guedes), 1961, “O pintor completo” (The complete painter). In catalogue “Malangatanha Goenha Valente”, Lourenço Marques, Exposição organizada pelo Núcleo de Arte”. April. (Archive Guedes - photo)
Ulli Beier (unsigned), 1961, “Seen in South Africa”. In Flyer/invitation published by the Department of Extra Mural Studies, at the “Opening of an Exhibition of Photographs documenting Art and Architecture in Mozambique and the Union of South Africa”, at the Mbari, Ibadan (September 22nd to 7th October). (Archive Guedes - photo)
Julian Beinart,1962, “Malangatana”, Black Orpheus, issue nº. 10 ( includes two poems translated by Dorothy Guedes)
Ulli Beier (U.B.), 1962, “Valente Malangatana”. In 4-pages Flyer/invitation “Exhibition of Paintings by Malangatana”, June 25t, Mbari Ibadan. (2 photos) (Archive Guedes - photo)
National Gallery Salisbury, 1962, Exhibions to be held on the occasion of the First International Congress of African Culture, August 1 - September 30. Catalogue.
Institute for Contemporary Art, 1963, “2 Painters from Africa. Salahi & Malangatana. ICA. Dover St.”. 4-page catalogue, Ibrahim El-Salahi and Malangatana (poem and autobiographical extract).
Ulli Beyer 1964, “Exhibition of African Art: Salahi * Malangatana * Okeke”, Exhibition held at the Jehangir Art Gallery, Bombay, February 24-29. Catalogue. ( http://www.worldcat.org/title/exhibition-of-african-art-salahi-okeke-malangatana/oclc/40393513&referer=brief_results ) (unknown)
Ulli Beier, 1968, Contemporary Art in Africa, Pall Mall Press London.
Ulli Beier, 1996 (1975), The Hunter Thinks the Monkey Is not NOT Wise, a Bibliography of Writings by Ulli Beier, Ed. Obotunde Ijimere & Co. Third edition. ( http://www.thorolf-lipp.de/publications/documents/TheHunterthinksthemonkeyisnotwise.pdf )
Pancho Guedes (Amâncio d’Alpoim Guedes), 1998, “Lembrança do pintor Malangatana Valente Ngwenya quando ainda joven”, in Júlio Navarro org., Malangatana, Lisboa, Caminho (exists English edition).
Ulli Beier (and Pancho Guedes), 2009, “Interview, Joannesburg, September 19th 1980, in Pancho Guedes, Vitruvius Mozambicanos, Ed. Pedro Guedes, Museu Colecção Berardo, Lisbon. Catalogue.
Graça Gonçalves Pereira (org.), 1912, Malangatana, Painéis e Murais, ed. Consulado Geral de Portugal, Maputo. Catalogue.
Salah M. Hassan, 2013, “Ibrahim El-Salahi and the Making of African and Transnational Modernism”, in Ibrahim El-Salahi A visionary Modernist, Edited by Salah M. Hassan, Tate Publishing in association with the Museum for African Art. Tate Modern, London (July- September). Catalogue.
Chika Okeke-Agulu, 2013, “Ibrahim El-Salahi and Postcolonial Modernism in the Independence Decade”, idem.
Mark Hudson, 2013, “Ibrahim el-Salahi: from Sudanese prison to Tate Modern show”, The Guardian, July 3rd. ( http://www.theguardian.com/artanddesign/2013/jul/03/ibrahim-el-salahi-tate-modern )
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“Suddenly I understood what colonialism meant: arrogance based on ignorance, sniggering condescension towards people one had come to 'help', an arrogance which reduced whole cultures to the level of curios.” Ulli Beier
Posted at 02:00 in 1962, Congress, ICAC, Malangatana, Moçambique, Pancho Guedes, Ulli Beier | Permalink | Comments (3)
INFLUENCE OF AFRICA
Frank McEwen
apresentaçao do catálogo de
Exhitions to be held on the occasion of the FIRST CONGRESS OF AFRICAN CULTURE
National Gallery Salisbury / August 1 — September 30, 1962
INFLUENCE OF AFRICA
THERE HAVE BEEN MANY, lN RECENT YEARS ALMOST TOO MANY, GREAT EXHIBITIONS OF AFRICAN ART lN EUROPE AND lN AMERICA. BEGINNING lN THE 1910'S AND EARLY 20'S, THEY HAVE NOW BECOME FREQUENT NECESSITIES, ESPECIALLY lN AMERICA.
IT IS THEREFORE HIGH TIME THAT AFRICAN ART WERE SHOWN MORE OFTEN lN AFRICA, AND RECLAIMED CULTURALLY BY ITS CREATORS.
WE HAVE BEEN ASKED WHY WE HOLD A FESTIVAL OF AFRICAN ART lN RHODESIA, WHERE IT IS LlTTLE KNOWN —BUT SURELY THIS IS WHERE IT IS MOST NEEDED.
SOME WORTHIES WILL SAY "AFRICAN ART WAS NOT MADE AS 'ART' ". FOR THAT MATTER, NEITHER WERE ROMANESQUE CHURCHES NOR GOTHIC CATHEDRALS. LlKE AFRICAN ART THEY WERE CREATED WITH MAGICAL, MYSTICAL KNOWLEDGE AND ASPIRATION. WHEN THAT MYSTICISM WAS OVERWHELMED BY NEWER, LESSER THINGS THE REMAINING EFFIGIES BECAME 'ART' — ART FOR URGING, EXCITING, PROVOKING, EXPRESSING, INSPIRING .....
WE ARE TOLD THAT DR. LlVINGSTONE 'DISCOVERED' THE VICTORIA FALLS AND THAT SOMEBODY ELSE, A THOUSAND YEARS AFTER PTOLOMEY CHARTERED THEM, 'DISCOVERED' THE SOURCES OF THE NILE. BUT WHO 'DISCOVERED' THAT AFRICAN ART WAS 'ART'? BEFORE THE EXPRESSIONISTS, BEFORE THE PICASSO GROUP, AND LONG BEFORE THE MOVEMENTS OF INDEPENDENCE, A VERTIGINOUS FASCINATION FOR IT SPREAD OVER EUROPE. IT WAS LlKE PATTERING RAIN, ANNOUNCING A VIOLENT SQUALL. THE SQUALL BLEW UP AT THE TURN OF THE CENTURY WHILE AFRICA WAS STILL lN THE GREAT SLEEP AND SPANISH, FRENCH AND GERMAN ARTISTS —EXPLORERS lN AESTHETtCS — WERE BLOWN BEFORE ITS BLAST LlKE FULL-RIGGED SHIPS UNDER BARE POLES.
NOT YET QUITE SPENT, lN 60 YEARS, THE SQUALL HAS CHANGED THE FACE OF WESTERN ART. VITAL, UNWRITTEN MUSIC IS ALSO BEING RE-DISCOVERED BY THE OCCIDENT AND THE IMPELLlNG FORCE OF JOY lN DANCE. GONE ARE THE NAUSEATING NUDES A LA MANIERE DE BOUGUEREAU, GOING IS THE SICKLY MUSIC. THIS ESCAPE TO NEW REALlTIES WAS ONLY HERALDED BY THE FANTASTIC CEZANNE. THEN INTO THE ROBOT-MINDED WORLD BLEW A HALF-ROBOT, HALF-MAGICAL ART CONSCIOUS OF AFRICA. BUT AS THE STORM ABATES WESTERN ART ITSELF IS PETERING OUT. QUANTITY DESTROYS QUALlTY lN AN ODIOUS GAME OF MONEY AND RIGGED ART FAIRS.
THE HARD AFRICAN SKY IS WHERE THE STORM CAME FROM. ITS BLAST STRUCK SUGARY AESTHETICS AND, AT THE SAME TIME, ANOTHER VISION OF VIRILE CREATIONS IS CLOSE AT HAND — A NEW, NON-TRADITIONAL, AFRICAN ART. AGAIN, IT MAY LACK lN LATIN SOFTNESS. IT IS NOW CONCERNED WITH THE REALlTIES OF LlFE AND DEATH — WITH THE DRUM BEAT OF A VAST HEART WHERE WARM BLOOD FLOWS AND WISER SPIRITS BECOME INCARNATE.
AFRICA IS THAT WELCOME OTHER EXTREME TO OUR UNRELAXED INQUIETUDE AND THE ROBOT 'WELFARE' STATE. SHE EXISTS FOR RHYTHM AND IMAGINATION, EXPRESSION, ECSTASY AND TRANCE. SHE EXISTS FOR THE KNOWLEDGE THAT DE-HUMANISING EDUCATION HAS EFFACED lN US AND WHICH MECHANISATION_ MAY TEMPORARILY OBSCURE lN AFRICA. AFRICA IS THE WIDE EXCHANGING GROUND WHERE OUR VAUNTED ADVANTAGES MIX WITH CONCEPTIONS OF ART, RELlGION AND LlFE WHICH ARE, TO US, UNBELlEVABLY VARIED AND OBSCURE. BUT lN THIS VIGOROUS ENCOUNTER WHICH, LlKE ALL OTHER HUMAN DEVELOPMENTS, WAS PRECEDED BY MOVEMENTS lN ART A WORLD OF HASTE COMES TO LEARN FROM ANCIENT AFRICA, THINGS IT FORGOT!
WITH INCREDIBLE VARIATIONS lN STYLE AND MEANING TO AN EXTENT UNKNOWN ELSEWHERE lN HISTORY, AFRICAN ART IS MAINLY EXPRESSIONISTIC. HERE EXPRESSIONISM AND SURREALlSM SERVE HALLUCINATORY INTENSITIES OF SHOCK AND FEELlNG. BUT ALL STYLES WERE ACTIVE lN AFRICA FROM THE LINEAR PURISM OF THE PORPIANONG OR THE OGBOM HEAD-DRESS TO THE SPIRITUALLY ILLUMINATED REALlSM OF IFE. WHEN CONFRONTED WITH THIS 14TH CENTURY IFE WORK, SO WELL INFUSED WITH LlFE, THE UNFAMILlAR EUROPEAN, HIDEBOUND BY GRECO-VICTORIAN ACADEMISM IS FORCED TO 'SEE' SOME 'GOOD' lN AFRICAN ART! BUT MANY SOPHISTICATED MODERN AFRICANS, DIVORCED FROM THEIR DYNAMIC PAST, MISUNDERSTAND EQUALLY WELL; CHOCOLATE-BOX AND AIRPORT ART SENTIMENTALlTY ABOUNDS WHILE THEY EVEN INDULGE lN ROCK AN' ROLL! SOME NEWLY INDEPENDENT AFRICAN NATIONS, BURSTING WITH MUSICAL LlFE OF THEIR OWN, HAVE GONE SO FAR AFIELD AS TO HAVE THEIR NATIONAL ANTHEMS COMPOSED lN EUROPE!
AS TIME ADVANCES RAPIDLY, SIGNIFICANT FACTS OF THE CONTROVERSIAL AFRICAN AFFAIR WILL BECOME APPARENT. IT WILL BE SEEN THAT, lN THE 20TH CENTURY, AFRICA WAS THE FIRST TO MAKE HER CONTRIBUTIONS TO THE WESTERN HUMANITIES - TO ART, FAITH, MUSIC, ENTHUSIASM. HER DONATIONS TO THE WEST WERE, HOWEVER, DISCREETLY, EVEN UNCONSCIOUSLY MADE. THEY WERE NOT PATERNALlSTICALLY PROCLAIMED BY MISSIONARlES, FREEDOM-RIDERS OR PEACE CORPS! THERE WAS NO CASHING lN, HURRIEDLY, ON ALL THAT WAS BEING DONE FOR THE 'BACKWARD', 'UNDER-DEVELOPED', CONTINENTS OF EUROPE AND AMERICA!
THESE GIFTS FROM AFRICA CAME BEFORE THOSE OBVIOUS ONES - GIFTS MADE BY US lN RETURN FOR VALUABLE MEDICINES AND MACHINERY OR SUCH SOUL-DESTROYING INTRUSIONS AS SPUTNIKS, PORTABLE RADIOS, JET TRAVEL TO NOWHERE, NOT TO MENTION THE ABUSIVE USE OF MOVIES AND TELEVISION!
AND NOW TO SUM UP, AS THE PENDULUM OF OPINION SWINGS, THIS GROUP OF EXHIBITIONS OF AFRICAN, NEO-AFRICAN AND NEW AFRICAN ART IS MADE TO PROVE TO ALL PEOPLES ALlKE, FOR JOY AND FOR MEDITATION, SOME LESSER KNOWN FACTS.
BUT THE STRANGE AFFAIR OF 'GIVE' AND 'TAKE' HAS SEVERAL FACETS. ONE IS OUR PRESENT CONCERN - TO SHOW WHAT EUROPEAN GENIUS OWES TO THE ANCIENT GENIUS OF AFRICA.
FRANK McEWEN.
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(2010) "A exposição paralela ao congresso foi uma muito vasta mostra de arte africana, a maior de sempre até à data, segundo a Time Magazine (28-09-1962). Iniciava-se com as culturas que precederam a chegada da influência europeia e continuava até à “arte africana não tradicional dos anos 60” (The London Times, 12-08-1962). À época, enquanto “para muitos colonos brancos a arte africana era vista como uma treta (“a mumbo-jumbo sort of thing”), prova da ausência de instintos culturais nos nativos africanos”, o Rhodesia Herald dizia que nada mais se via que “crueldade, primitivismo e selvajaria”. McEwen pretendia mostrar que “todo o movimento moderno na arte ocidental tem uma dívida para com a África primitiva”, já que são “muito poucos os artistas de estilo contemporâneo que não possuem alguma influência de África, bem digerida mas evidente” (Time Magazine N6). Barr comprou então as primeiras obras africanas modernas para o MoMA. P { margin-bottom: 0.21cm; }A:link { }
6 Citado em Adele Aldridge, “Frank McEwen: Rhodes National Gallery in Salisbury, Rhodesia”, 2007, http://www.adeleart.com/McEwen/Articles.html
Frank McEwen showing Queen Elizabeth the opening for The Rhodes National Gallery in Salisbury, Rhodesia, 1956
"Malangatana é referido na cronologia do Met e em outras fontes como um dos artistas africanos participantes no Congresso (ao lado de Vincent Kofi, do Gana, e do nigeriano Ben Enwonwu). Trata-se de um equívoco, já que apenas as suas obras estiveram presentes na representação de Moçambique enviada por Pancho Guedes, ao lado de Abdias Muhlanga / no cat. Abdias Júlio Muchanga / – era uma revelação recente, cujo itinerário posterior foi muito atribulado – e do esquecido Metine Macie, mas também de Augusto Naftal e Alberto Mati, dois artistas muito jovens sem qualquer aprendizagem formal a quem Pancho comprava regularmente desenhos. É agora a primeira vez que se pode rever parte significativa dessa representação." (Cat. 2010)
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"I feel that this business of stressing the difference of African culture is something like cultural apartheid. I feel that creators are always magicians, whether they are in Europe, in Africa or in America. I feel that we should concern ourselves with the universality of art, with the forces that make people do things, and not try to look for the very slight differences. I think that an African carver finds the same pleasure in the work as a European sculptor or a Chinese water-colour painter. There is something in all men which looks forward to the joys that come from this magic thing; this making of things." Pancho Guedes, 1962 (aliás, "Amancie", sic - por Amâncio - d'Alpoim Guedes*)
Statement at the First International Congress of African Culture, August 2, Lecture 1. Rhodes National Gallery, Salisbury / Harare, Southern Rhodesia / Zimbabwe. Proceedings..., p. 20) “Acho que o interesse de sublinhar a diferença da cultura africana é uma espécie de apartheid cultural. Acho que os criadores são sempre mágicos, onde quer que se encontrem, na Europa, em África ou na América. Acho que nos deviamos interessar pela universalidade da arte, pelas forças que levam as pessoas a fazer coisas, em vez de tentar descobrir diferenças sem importância. Penso que um entalhador africano obtém o mesmo prazer no trabalho que um escultor europeu ou um aguarelista chinês. Há algo em todos os homens que anseia pelas alegrias que resultam desta coisa mágica, a criação de coisas.” Pancho Guedes, 1962 (Intervenção improvisada no 1º Congresso Internacional da Cultura Africana, 2 de Agosto, Conferência 1. Rhodes National Gallery, Salisbúria / Harare, Rodésia do Sul / Zimbábue. Proceedings..., p. 20)
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"Mr. McEwen and Mr. Barr have told us about a brilliant and immensely rich past, wich influencied most of modern art. I believe that now, there is a second wave of something coming. Here (in Salisbury), in Nigeria, in Ibadan, in Khartoum, in Lourenço Marques, and in Johannesburg, something is happening, which I believe is going to bring a change to art, a change to painting, to sculpture, and even to architecture. This is something new. It has something to do with direct communication. It is something which comes originally from Europe and that Africa is now giving back to Europe and to America. So far, it is mostly painting by amateurs, painting without patrons, painting without dealers. It is the painting of necessity. It is painting done by waiters, by people who never learnt to paint, by people who work somewhere else and after hours do their painting and do their sculpture. It is very simple, very direct, it is accessible to all, and I think this will be very fruitful to the rest of modern art - to all the rest of contemporary artists everywhere." Pancho Guedes, 1962 (Statement at the Opening Ceremony of the First International Congress of African Culture, August 1. Proceedings..., p. 16.)
“Frank McEwen e Alfred Barr falaram-nos do brilhante e imensamente rico passado, que influenciou muita arte moderna. Eu acredito que agora há uma segunda vaga de alguma coisa que está a chegar. Aqui (em Salisbúria), na Nigéria, em Ibadan, em Cartum, em Lourenço Marques, e em Joanesburgo, alguma coisa está a acontecer, algo que eu acredito que vai trazer uma mudança na arte, mudar a pintura, a escultura, e até a arquitectura. Isto é algo de novo e é algo que tem a ver com comunicação directa. É alguma coisa que vem originalmente da Europa e que a África está agora a devolver para a Europa e a América. Até ver, é essencialmente pintura de amadores, pintura sem patronos, pintura sem comerciantes. É a pintura da necessidade. Pintura feita por criados, por gente que nunca aprendeu a pintar, por gente que trabalha noutras coisas e que faz a sua pintura e a sua escultura fora de horas. É muito simples, muito directa, é acessível a todos, e penso que será de grande proveito para o resto da arte moderna - para os outros artistas contemporâneos de todo o mundo.” Pancho Guedes, 1962 (Intervenção improvisada na sessão de abertura do 1º Congresso Internacional da Cultura Africana, 1 de Agosto. Proceedings..., p. 16 )
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“I have had no time to talk to Frank (McEwen) about what I am doing here, and I really do not know whether I should start telling you. I got a letter from him saying that I should come and lecture, and I do not know what he wants me to speak about, but I have got quite a number of things to talk about. One of them is on my things, and that will be called "Things are not what they seem to be." The second one could be on "Another Architecture - an Architecture of Less Windows and More Feeling." The third could be something on the Mapoggas. The fourth could be about some African painters from Lourenco Marques and perhaps some poetry reading of Malangatana's poems which I have brought along already translated for Englishmen. A fifth could be on Gaudi, and I suppose there could be some more.
I did not know about it before, but I am terribly glad that we have a Dadaist here tonight, and that we will have a Dadaist at the Congresso I want to congratulate Frank McEwen on having got this meeting off the ground. It is something that I have known him to worry about, to fuss about and to write about for the past four years. I have watched part of it becoming and I feel that today it is "Happy Birthday, Frank McEwen." (Pancho Guedes, 1962 (Statement at the Opening Ceremony of the First International Congress of African Culture, August 1. Proceedings..., p. 16.)
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TRISTAN TZARA, Monsieur Tzara, Introduction to Guedes' Lecture
"One has indeed to come to the end of the world, and for me at least to Africa, to find the most ancient, the most archaic things and also - surprising though it may seem - the most up-to-date, the most extraordinary things - things which were dreamt of 30 ar 40 years ago and are now becoming reality on this soil of Africa. Mr. Guedes, apart from being a sculptor, considers that painting and sculpture are not solely arts of pleasure, but should be applied to housing, to social life, to spiritual life, to the life of the imagination and above all of the architect. He has built some extraordinary houses at Lourenço Marques, in Mozambique, which you are going to see presently. A whole architecture of the imagination, which, of course, links Guedes with the Dadaist and Surrealist schools, and I am very happy to have met him here and to be able to say in Paris that certain realisations, which they can not have seen in the West, are coming to fruitlon in this new world, which is in a state of ferment - Africa - which is clearly going to be the world of the future." Tristan Tzara (August 6, Lecture 3. Proceedings... p.84)
Introdução à Palestra de Pancho Guedes
Realmente é preciso vir ao fim do mundo e para mim pelo menos a África, para descobrir as coisas mais antigas, mais arcaicas e também - por estranho que pareça - as coisas mais actuais, mais extraordinárias - coisas que foram sonhadas há 30 ou 40 anos e que agora se estão a tornar realidade neste solo africano. Guedes, para além de ser um escultor, acredita que a pintura e a escultura não são apenas artes de prazer, mas que deveriam ser aplicadas ao lar, à vida social, à vida espiritual, à vida da imaginação e acima de tudo à arquitectura. Construiu algumas casas extraordinárias em Lourenço Marques, em Moçambique, que terão a oportunidade de ver agora. Toda uma arquitectura de imaginação, que, obviamente, liga Guedes às escolas Dadaísta e Surrealista, e estou muito feliz por o ter conhecido aqui e por poder afirmar, em Paris, que certas obras, que não podem ter visto no Ocidente, estão a dar frutos neste novo mundo, que está em estado de ebulição - África - que irá certamente ser o mundo do futuro.
* Amâncio ("Amancie", sic) d'Alpoim Guedes, List of Delegates to Congress, Proceedings p. 8. "Architect and Promoter of contemporary African Art. Lourenço Marques, Portuguese East Africa".
FOTO 1: Atelier da Rua de Nevala, nº 61 A, véspera da partida para a viagem à Europa em 1960. "Para a foto, o Pedro pulou para a prateleira e está sentado, a Llonka está de pé e ao lado temos o jovem Malangatana, que já se instalou na garagem; por trás fica o mural quadriculado. A Dori está à extrema-esquerda, antes da Bibila Navarro; depois estou eu, também empuleirado numa das gavetas arquivo; segue-se o Filipe, o entalhador; o António Fernandes, grande amigo e colaborador; o André "tira cópias" e o Diogo Gonçalves, pedreiro e meu grande ajudante nos murais e relevos. Mais alto está o Mateus Mabote, desenhador e chefe do atelier; mais à direita um outro, (de) que me esqueci do nome, por trás o Inhamuce, carpinteiro; em baixo está o Fernando Samuel, o bordador. Julgo que foi o Rodrigues que tirou a fotografia. Apontamos uns para os outros sorridentemente. Vamos estar fora uns quatro ou cinco meses."" Pancho Guedes, "O ANNUS Mirabilis MCMLX", in Miguel Santiago, Pancho Guedes, Metamorfoses Espaciais, ed. Caleidoscópio, 2007 (pág. 6)
FOTO 2. 1961 Janeiro, Escola de Verão / Summer school, Lourenço Marques, Infantário Piramidal (ainda em construção)
FOTO 3. Anos 1980, Joanesburgo, (?) Universidade de Witwatersrand. Em cima e à direita, esculturas de Pancho Guedes; ao centro, desenho de Tito Zungu com moldura de P.G.
FOTO 4. Com Tristan Tzara, Lourenço Marques, 1962. (Terminado o Congresso - ICAC'62 - , Tzara alterou o seu plano de viagem para visitar PG em L.M. antes de regressar a Paris. Morreu no ano seguinte.)
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The Queen of Sheba's Ship, escultura de Amâncio Guedes (Pancho), datada de 1963, ao lado de um xilofone Chopi (marimba) certamente de Moçambique (na legenda, from South Africa).
A foto é da casa de Roland Penrose e os retratos são do pai (James Doyle Penrose, retratista de sucesso) e da mãe de Roland Penrose e do próprio Roland em criança, c. 1907.
É uma fotografia de The Home of the Surrealists: Lee Miller, Roland Penrose and Their Circle at Farley Farm, da autoria de Antony Penrose (filho) e Alen Macweeney, fotografias
Frances Lincoln ltd, 2008 - 144 páginas.
(Written by Anthony Penrose, son of American photographer and feminist icon Lee Miller and British artist Roland Penrose, this work provides a personal insight into their life together at Farley Farm, Sussex where they played host to some of the greatest 20th-century artists.)
Guedes e Penrose participaram ambos no 1º Congresso Internacional de Cultura Africana (1962, Salisbury). Pancho levou consigo os Marimbeiros de Zavala e uma exp. de artistas moçambicanos em que se destacava Malangatana.
Penrose era director do Institute of Contemporary Arts (ICA) in London, onde em 1963 expôs Malangata com Ibrain-el-Salahi, pintor sudanês de longa carreira, depoid tb professor e político, a quem a Tate Modern vai dedicar uma grande retrospectiva, organised by the Museum for African Art, New York:
3 July – 22 September 2013
Salahi, n. 1930, estudou na Slade School of Fine Art in London from 1954-57, e esteve depois associado ao Mbari Club de Ulli Beier na Nigéria (de onde parte então a circulação internacional de Malangatana).
Já ao lado do nigeriano Uche Okeke e sempre com Salahi, Malangatana é exposto em Bombaim e a mostra segue atá ao Paquistão em 1964. A digressão foi patrocinada pelo Congresso para a Liberdade da Cultura (Congress for Cultural Freedom) de que mais tarde (1967) se viria a saber que contava com financiamentos da CIA. Ulli Beier refere sempre os subsídios do Congresso à publicação de "Black Orpheus" e à actividade do Mbari Club. Martin Luther King fora o porta-voz da actividade do Congresso, numa sessão em Paris, e o escritor sul-africano exilado Ezekiel Mphahlele representava-o na Nigéria nos anos 60.
A junção de Malangatana com o sudanês Ibrahim El Salahi e o nigeriano Uche Okeke é particularmente significativa, desde logo pelo que as suas origens e carreiras representam (dois pintores com formação académica e um auto-didacta - "the short cut"), e pela importância que todos eles assumem na promoção da nova arte africana dos anos 60, ou do "renascimento" da arte africana, por Ulli Beier, na sua condição de crítico, editor e director de uma galeria de arte (prefácio de Contemporary Art in Africa).
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Programa para desenvolver e actualizar, de regresso a Lourenço Marques
1ª pág. do artigo publicado na revista "Black Orpheus", Ibadan, Nigéria, Nº 10, 1962 (grafismo de Susanne Wenger). Capa do catálogo do ICA, Londres, 1963
Ulli Beier, Frank McEwen, Amâncio (Pancho) Guedes e Julian Beinart: uma rede africana informal de mediadores e patronos ao tempo das independências dos anos 50/60
No início dos anos 1960, Lourenço Marques (hoje Maputo) era um dos pólos a Sul de uma África em mudança, apesar do regime colonial, que então buscava caminhos reformistas (Eduardo Mondlane foi convidado a instalar-se em LM no início de 1961, e fundou a FRELIMO em ‘62). Ao tempo da “euforia dos 60” que se vivia em geral no continente, a possibilidade de uma cultura africana e moderna, na área cultural anglófona e lusófona, procurava-se em LM graças ao dinamismo do arquitecto Amâncio (Pancho) d'Alpoim Guedes e à afirmação fulgurante do pintor Malangatana, apoiados pela actividade itinerante de Julian Beinart, jovem arquitecto de Cape Town (depois de 1974 Professor de Arquitectura, no Massachusetts Institute of Technology).
O optimisto interrompe-se a partir de 1964, com o início da guerra de libertação em Moçambique, com a declaração unilateral de independência da Rodésia (65) e a Guerra do Biafra (66). O intenso trânsito cultural caíu depois no esquecimento, agravado pela reduzida circulação da informação em língua portuguesa.
A ligação de Pancho Guedes com Ulli Beier, em Ibadan, e com Frank McEwen, em Salisbúria ( Rodésia do Sul/Zimbabwe), ilustra-se por uma muito rápida sequência de factos. A escola de verão (summerschool) em LM, de Janeiro de 1961, dá origem a um segundo worshop em Ibadan, já orientado por Beinart e Guedes, a que se seguem mais quatro em diferentes locais, animados por Beinart. Malangatana, que expôs em 1961 em LM, é apresentado por Beinart na revista “Black Orpheus” em 1962 e exposto em Ibadan e Oshogo no mesmo ano, e logo em 1963 no ICA de Londres, com Ibrahim el-Salahi. (Beinart escrevera sobre Guedes na “Architectural Revue”, de Londres (Abril 1961).)
Entretanto, Pancho Guedes é um interveniente destacado no 1º Congresso Internacional de Cultura Africana, promovido por McEwen na então Rhodes National Gallery (agora National Gallery of Zimbabwe) (Agosto 1962), cujas actas são muito pouco conhecidas. É apresentado por Tristan Tzara, mostra a sua obra de arquitecto e expõe Malangatana com outros artistas de Moçambique. Beinart em “Visual Education for Emerging Cultures: The African Opportunity” (in Gyorgy Kepes, The Education of Vision, NY 1965), e Ulli Beir em Contemporary Art in Africa (1968, com edição alemã em 1967) deixaram alguma memória desses episódios e do exemplo original de Malangatana.
1ªs páginas das Actas do 1º ICAC (não editadas)
ICAC - Exhibitions to be held on the occasion of the First International Congress
of African Culture. National Gallery Salisbury, August 1 - September 30, 1962. 335 lots (+ Photographs 50 ns), photos in b&w. (from Pella Books, Pella IA, USA - recebido a 13-3-2013)
Catálogo (...) Mocambique: Muchanga, Abdias Julio nºs 303-307 (rep. The Emigrants) / Nafetale, Augusto nºs 308-312 / Mati, Alberto nºs 313-317 / Valente, Malangatana Goenha nºs 318-323 (rep. Song of songs with Jonas)/ Macie, Metine nºs 324-327
Ulli Beier, Frank McEwen, Pancho Guedes and Julian Beinart: an informal african network of mediators, patrons and benefactors during the 1950s-1960s.
In the early 1960s, Lourenço Marques (currently Maputo) was one of the focal points in the South of a changing Africa, despite the colonial regime, in search for reformist paths. (E. Mondlane was invited to settle in L.M. in 1961, and founded FRELIMO in ‘62).
During the “60s euphoria”, experienced throughout the continent, a quest for the possibility of a modern African culture within the English and Portuguese speaking cultural world took place in L.M., due to the drive of architect Amâncio (Pancho) d’Alpoim Guedes and the meteoric affirmation of painter Malangatana, both supported by the itinerant activity of Julian Beinart, a young architect from Cape Town (Professor at the MIT, after 1974).
The optimism was halted in 1964, with the start of the Liberation War in Mozambique, the unilateral declaration of independence of Rhodesia (‘65) and the Biafran War (‘66). This intense cultural interchange fell into oblivion, and was further hurt by the reduced circulation of information in Portuguese language.
The connection between Guedes and Ulli Beier, in Ibadan, and with Frank McEwen, in Salisbury (Southern Rhodesia; now Harare/Zimbabwe) is illustrated by a rapid sequence of events. The summer school in L.M., in January 1961, originated a second workshop in Ibadan, already led by Beinart and Guedes, that was followed by four more, in different locations, led by Beinart alone. Malangatana, who had a first exhibition in ’61, was presented by Beinart in “Black Orpheus” magazine, in ‘62. He exhibited his work in Ibadan in the same year, and in London’s ICA, in ‘63, alongside Ibrahim el-Salahi. (Beinart had written an article on Guedes in London’s “Architectural Review”, in April 1961.)
Meanwhile, Pancho Guedes was a prominent figure in the 1st International Congress of African Culture, organized by McEwen at the Rhodes National Gallery (today the National Gallery of Zimbabwe) in August 1962, which Proceedings very few might know. He was introduced by Tristan Tzara, and presented his architectural work, as well a exhibition of Malangatana alongside other artists from Mozambique.
Some testimony of these events and of the originality of Malangatana (“the short cut”) was left by Beinart, in “Visual Education for Emerging Cultures: The African Opportunity” (in Gyorgy Kepes, The Education of Vision, NY 1965), and by Ulli Beir, in Contemporary Art in Africa (1967).
cf
Thomas J. Watson Library
The Catalog of the Libraries of The Metropolitan Museum of Art:
(event) International Congress of African Culture (1st 1962 Harare Zimbabwe)
(Title) Festival of African and neo-African art and music: and influences on the western world: congress, exhibitions, music festival / First Biennial International Congress of African Culture, Rhodes National Gallery, August-September 1961 [i.e. 1962], Salisbury, Southern Rhodesia
[23] p. : ill. ; 26 cm
Prospectus for the Congress
English and French
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Pintura mural no Hotel Chuabo, Quelimane (Foto Arquivo Pancho Guedes)
2 - Jorge Dias e Margot Dias tinham publicado uma imagem de página inteira, em extra-texto,
na parte relativa a MOÇAMBIQUE do 3º volume de "A ARTE POPULAR EM PORTUGAL Ilhas Adjacentes e Ultramar" (dir. Fernando de Castro Pires de Lima, editorial Verbo, 1975 - ed. em fascículos terminada depois da morte de Jorge Dias e do fim do Ultramar português). Referiram-se às pinturas citando informações recebidas de um administrador colonial:
"na construção de um hotel em Quelimane deram-se a uns artistas nativos simplesmente tintas à livre escolha e indicaram-se as superfícies murais por preencher. O resultado foi maravilhoso, segundo os diapositivos a cores que nos foram postos amavelmente à disposição. Os artistas encheram o espaço compactamente, e sem consideração de proporções (o que é muito típico), com figuras de animais bravos e mansos, sempre em movimento e ocupados em qualquer actividade, 'contando' cenas curiosas, tudo entremeado por montes, casas, plantas, árvores, flores, comboio, avião, e enchendo as restantes superfícies de corpos geométricos, de preferência triângulos. Não respeitam muito a força da gravidade; os planos mudam como o seu sentido artístico do espaço o exige. Mas a fantasia é tão pujante, tão prolifera, é usada com tanta sensibilidade, e o sentido da harmonia da composição e das cores tão seguro que há partes que se assemelham no estilo, embora não nas formas, quase a certas miniaturas persas ou indianas. (...) O administrador Gama Amaral diz: ' ... pinturas murais executadas por lómues no Hotel Chuabo de Quelimane. As pinturas são de inspiração própria dos artistas, sem influências estranhas e apenas diferem das que praticam nas suas próprias palhotas na qualidade das tintas empregadas: nestas foram usadas tintas preparadas que eles escolheram livremente'». Págs. 157-158
Entretanto o Hotel Chuabo de Quelimane e as suas pinturas murais resistiram ao tempo apesar das muitas convulsões posteriores e da guerra civil, enquanto se perdiam as informações sobre a sua construção nos anos 50/60, os autores do projecto e a iniciativa do mural que se conserva no último piso, do restaurante e boite. Sabe-se que o Hotel era muito apreciado pelo Samora Machel, que o usou para receber os presidentes dos países amigos, o que justificou a perfeita conservação do edifício enquanto se degradava a cidade à volta.
Segundo informação do arq. Pancho Miranda Guedes, o hotel Chuabo foi um projecto do arq. Arménio Losa (e Cassiano Barbosa), com atelier do Porto, sendo a construção acompanhada no local pelo arq. Figueirinhas, a quem coube a iniciativa de entregar a decoração mural a pintores locais, em 1962 (o que referi no catálogo da exposição "Colecção Pancho Guedes", ed. Sextante/CML, 2010, pág. 50 e 53)
3 - A história do Hotel Chuabo aparece agora documentada, com referência também à pintura mural, no "DOCODOMO Journal" (nº 43, 2010/2) num artigo de Ana Tostões e Maria Manuel Oliveira, pp. 7073: "Moderno Transcontinental: o Complexo Monteiro & Giro em Quelimane, Moçambique" (título em português da comunicação apresentada no 9º Seminário Docodomo Brasil). Ana Tostões é também presidente do Docodomo Internacional.
(DOCOMOMO es la sigla de Documentation and Conservation of buildings, sites and neighbourhoods of the Modern Movement y se corresponde con una organización internacional creada en 1990 con objetivo de inventariar, divulgar y proteger el patrimonio arquitectónico del Movimiento Moderno. La Fundación DOCOMOMO Ibérico, con sede en Barcelona, coordina la consecución de esos objetivos en España y Portugal)
pág. 71: o Hotel Chuabo e o Complexo Monteiro & Giro, Quelimane, anos 50/60
(Continua)
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Tags: Hotel Chuabo
Revisto, 1 Maio
Depois de uma primeira apresentação da pintura de Malangatana no Mbari Club de Ibadan, em Setembro de 1961, através de fotografias, Ulli Beier expõe os seus quadros em Junho de 1962,
acompanhados por um texto de convite e apresentação que ele próprio assina. Beier refere que é a primeira mostra individual fora de Lourenço Marques e que a revista "Black Orpheus", de que é um dos directores, já publicara no seu nº 10, de 1962, uma "brilhante análise" da obra de Malangatana da autoria de Julian Beinart.
A imagem é um pormenor do quadro "Feitiço" reproduzido em Contemporary Art in Africa, de Ulli Beier, 1968: "Witchcraft (Lourenço Marques). Oil. Scene with self-portrait.", pág. 71.Um auto-retrato, portanto.
O texto (tal como as notas do convite de 1961) não é referenciado na extensa bibliografia de U.B. publicada sob o título THE HUNTER THINKS THE MONKEY IS NOT WISE , A BIBLIOGRAPHY OF WRITINGS BY ULLI BEIER, OBOTUNDE IJIMERE & CO.
A mostra repetiu-se na galeria do clube Mbari Mbayo, que abrira em Oshogbo na 1ª metade de 1962 (é o que U.B. refere na entrevista com Pancho Guedes, já antes transcrita - ver entrada sobre 1961), e certamente o texto publicou-se de novo. Malangatana não se deslocou à Nigéria, ao contrário do que é por vezes referido (por exemplo, cat. Africa Remix, pág. 273). E por outro lado a exposição não é referida na Biografia incluida no catálogo de Malangatana, SEC/SNBA 1989, embora o texto de Beier aí seja parcialmente transcrito (in Excertos de textos sobre M., pág. 142), tal como sucede no livro Malangatana, org. Júlio Navarro, 1998.
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Tags: Malangatana, Ulli Beier
Ulli Beier (1922-2011, recentemente falecido em Sidney, Austrália) - o professor alemão da Universidade de Ibadan, na Nigéria dos anos 1950 e 60, autor de vários livros sobre a cultura Yoruba e a literatura e arte modernas africanas, um dos fundadores do Mbari Club e da revista "Black Orpheus", mais tarde também activo na Papua Nova Guiné... - desempenhou um papel essencial na apresentação e na muito rápida internacionalização da obra de Malangatana (*N1).
Pouco depois da primeira mostra individual de Malangatana em Lourenço Marques - Maputo (inauguração a 10 Abril de 1961; organizada com o apoio de Pancho Guedes, que assinou o texto do catálogo, "O pintor completo", como A. d'Alpoim Guedes), Ulli Beier mostrou a sua pintura - através de fotografias - numa das primeiras exposições do Mbari Club, em Ibadan (*N2), de 23 Setembro até 7 Outubro de 1961. Expôs também e em simultâneo a arquitectura de Amâncio Guedes.
"SEEN IN SOUTH AFRICA" (título da mostra) contou com a edição de uma folha/convite onde se anuncia como uma iniciativa do Departamento de Extra Mural Studies da Universidade de Ibadan :
an Exhibition of Photographs documenting
Art and Architecture in Mozambique and the Union of South Africa.
"Recentemente, Ulli Beier viajou para a África do Sul e Moçambique com uma bolsa Rockefeller para estudar novos desenvolvimentos em Arte e Literatura. Esta exposição apresenta algumas das coisas que viu:"
Seguem-se 4 breves notas sobre VALENTE MALANGATANA, AMANCIO GUEDES, as CASAS NDEBELE (Transval) e a WEST NATIVE TOWNSHIP
(actualizado a 30 Abril)
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Tags: Amâncio Guedes, Julian Beinart, Malangatana, Mbari Club, Pancho Guedes, Ulli Beier
“There were a lot of people hovering around” (*1)
(Ulli Beier, Frank McEwen, Pancho Guedes and Julian Beinart - an informal network of mediators, patrons and benefactors, Africa 1950s/60s)
“1950s-1960s - Amâncio Guedes, a Portuguese architect residing in Maputo, Mozambique, organizes informal workshops for young artists. Among the participants is Malangatana Ngwenya (born 1936), whose paintings are later shown by the Mbari Artists and Writers Club in Ibadan, Nigeria”. Information from Heildbrunn Timeline of Art History, on the New York Metropolitan Museum of Art website, chapter “Southern Africa, 1900 A.D. – present”, http://www.metmuseum.org/toah/ht/?period=11®ion=afo#/Key-Events).
Later, there is another, rather inaccurate reference to Malangatana; however, this is the only event of artistic importance in so-called Portuguese Africa. Angola and Mozambique appear on the timeline with the dates of the armed struggles (1961 and 1963, respectively – when it should be 1964), and then only much later in 1975 because of the countries’ independence. There is a void of information that separates them drastically from neighbouring areas; however, if there was a true lack of events, there was also a lack of knowledge. The reference to Amâncio Guedes illustrates a hazy recollection of the facts; firstly because of the inaccurate date given, which puts it before the other key events of the 1950s, such as the founding of Drum magazine in South Africa, in 1951 and the beginning of Frank McEwen’s intervention in Salisbury in 1954, for example.
Malangatana, "A mulher que chora", 1959 (A woman cries)
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Tags: Amancio Guedes, Frank McEwen, Julian Beinart, Pancho Guedes, Ulli Beier
O acesso ao catálogo da 1ª exp. de Malangatana, em 1961, permite conhecer os títulos originais de alguns quadros que foram sendo nomeados de outras formas em posteriores exposições e edições retrospectivas, nomeadamente em "As Áfricas de Pancho Guedes - Colecção Dori e Amâncio Guedes" (2010-11):
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Dois artistas presentes (com outras obras) na Colecção de Dori e Amâncio/Pancho Guedes - e na exposição AS ÁFRICAS DE PANCHO GUEDES:
Álvaro Passos (com data de 1974):
e Rosa Passos:
datado de 1974, será o retrato de um casal brasileiro (que terá vindo a Lourenço Marques/Maputo para estarem presentes como modelos) e essa seria uma das linhas de produção da artista
As fotos, sem quaisquer indicações, são dos arquivos de Pancho Guedes
Álvaro Passos, n. 1934, Inhambane; f. 6 Novembro 2010, Portugal. Formou-se no Núcleo de Arte (Lourenço Marques) e fez a 1ª individual em 1962. Premiado em 1965 no Salão de Artes Plásticas das Festas da Cidade. Viveu e trabalhou em Portugal depois de 1975. Ver Wikipedia : Ganhou o Primeiro Prémio do Salão do Outono em 1981 na Galeria do Casino do Estoril
Rosa Passos, n. 1900 (25 Jan.), Porto; f. 1977 (3 Agosto) em Lisboa. Viveu em Lourenço Marques de 1919 a 1975, depois no Estoril. Interessada pelo trabalho do filho (Álvaro), começou a pintar aos 65 anos. Expôs no Salão de Arte Moderna, 1966, e obteve o Prémio de pintura e o Grande Prémio no Salão de Artes Plásticas de 1967. Expôs no Palácio Foz (SNI, Lisboa) em 1970 (a confirmar).
ver cat. Salão de Pintura "Naif", Galeria de Arte do Casino Estoril, Maio, 1980 (uma rep. na capa, lista de obras e nota biográfica)
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Tags: Rosa Passos, Álvaro Passos
“Havia muitas pessoas a pairar à volta” ( 1)
Frank McEwen, Ulli Beier, Julian Beinart e Amâncio Guedes: uma rede africana ao tempo das independências dos anos 50/60
“1950/60 - Amâncio Guedes, arquitecto português residente em Maputo, Moçambique, organiza workshops informais para jovens artistas. Entre os participantes está Malangatana Ngwenya (n. 1936), cujas pinturas são mais tarde expostas pelo Mbari Clube de Artistas e Escritores em Ibadan, Nigéria". A informação é da Heildbrunn Timeline of Art History, residente no site do Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, capítulo “Southern Africa, 1900 a.d. – present”, http://www.metmuseum.org/toah/ht/?period=11®ion=afo#/Key-Events).
Há adiante outra referência a Malangatana, aliás pouco certeira, mas este é o único acontecimento com relevância artística ocorrido na África dita portuguesa aí citado. Angola e Moçambique figuram depois na "timeline" (a linha do tempo, nome bem mais sugestivo que cronologia) com as datas de início das lutas armadas (1961 e 1963, respectivamente - devia ser 1964) e muito mais tarde, só em 1975, com as independências. É um vazio informativo que os distingue drasticamente das áreas vizinhas, mas, se houve realmente falta de acontecimentos, há também insuficiência de conhecimentos. A referência a Amâncio Guedes deixa perceber uma memória imprecisa dos factos, desde logo pela datação pouco acertada, que a faz preceder os outros eventos marcantes da década de 50, como, por exemplo, logo a seguir, a fundação da revista Drum em 1951 na África do Sul ou o início da acção de Frank McEwen em Salisbúria, em 1954.
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Os artistas (plásticos) representados em "As Áfricas de Pancho Guedes"
1. Moçambicanos e portugueses
Abdias Júlio Muhlanga, ou Muchanga, n.1940, Gaza. Frequentou o curso nocturno de Pintura Decorativa na Escola Industrial, enquanto trabalhava como pintor de automóveis. Pancho Guedes (P.G.) incluiu-o na exposição que levou em 1962 ao 1º Congresso Internacional de Cultura Africana, em Salisbúria – com Malangatana, Alberto Mati, Augusto Naftal e Metine Macie (que foi servente e também aluno no Núcleo de Arte – na colecção subsiste uma obra em mau estado de conservação). Foi o autor, escolhido em concurso, do cartaz das festas da cidade de Lourenço Marques (L.M.) também em 62. Participou em 1964 numa mostra do Núcleo de Estudantes Secundários Africanos de Moçambique (NESAM) e foi preso pouco depois, permanecendo na cadeia vários anos. Voltou a pintar e a expor depois de 1975.
Alberto Chissano, n. 1935, Chicavane, Manjacaze; f. 1994. Frequentou o Núcleo de Arte (N.A.), primeiro como servente, começou a expor em 1966 no 1º Salão de Arte Moderna, onde Jorge Nhaka foi o escultor premiado. Esteve representado em 1969 na mostra "Contemporary African Art" no Camden Art Centre, Londres (o primeiro panorama internacional de arte africana na Europa), ao lado de Malangatana, Valente Mahumana Mankew e do também escultor Munidawu Oblino Mabyaba - ou Mundau Oblino Mabjaia (Magaia, Mabyaya). Criou o Museu Galeria Alberto Chissano na cidade da Matola.
Alberto Mati foi empregado no atelier de Pancho Guedes, que apresentou os seus desenhos, alguns deles bordados, no Congresso de 1962 (ver Abdias).
Álvaro Passos, n. 1934, Inhambane; f. 6 Novembro 2010, Portugal* (*actualização). Formou-se no N.A. e fez a 1ª individual em 1962. Premiado em 1965 no Salão de Artes Plásticas das Festas da Cidade. Viveu e trabalhou em Portugal depois de 1975. (Wikipedia)
Amaro é certamente Rui Amaro, presente na exposição "Pinturas", colectiva de alunos do Núcleo, ou seja, da Escola de João Ayres, em 1958, prefaciada por José Blanc de Portugal, também com Zé Júlio e Álvaro Passos. O Edifício Capitania, em estilo colonial do tempo da arquitectura do ferro, junto à Fortaleza, foi demolido nos anos 50.
Antero Machado, n. 1934, em L.M. Foi aluno de Frederico Ayres no N.A. e estreou-se em 1949 na 1ª Exposição Geral de Artes Plásticas. Foi pintor, decorador, ilustrador. Nos anos 60 fixou-se na África do Sul, onde em 1983 foi um dos fundadores do TAM, Tertúlia de Artistas Moçambicanos /Tertulia of Mozambican Artists. O Restaurante Zambi e os pavilhões de exposição anexos foram construídos em 1956 por ocasião da visita do Presidente Craveiro Lopes, com projecto de P.G., também autor de três painéis murais que subsistem muito alterados.
António Quadros, n. 1933, Viseu; f. 1994, Santiago de Besteiros, Tondela. Curso de Pintura, no Porto. Entre 1964 e 1984 viveu em Moçambique. Ganhou em 1965 os primeiros prémios de pintura e desenho e o Grande Prémio do Salão de Artes Plásticas por ocasião das Festas da Cidade, organizado pelo N.A. (Ver António Quadros. O Sinaleiro das Pombas, ed. Árvore, Porto 2001.)
Augusto Naftal era um muito jovem artista a quem PG foi adquirindo inúmeros desenhos e que apresentou no Congresso de 62 (ver Abdias).
B. J. Sande seria criado de mesa em L.M. O quadro foi adquirido numa loja de mobiliário.
Bertina Lopes, n. 1924 em L.M. Estudou nas Escolas António Arroio e de Belas Artes, em Lisboa, ensinou desenho em L.M. de 1953 a 61; foi bolseira da Fundação Gulbenkian e reside em Itália desde 1963. Retrospectiva na F.G. em 1993. Pormenores dos desenhos expostos ilustraram a 1ª edição de Nós Matámos o Cão Tinhoso, de Luis Bernardo Honwana, em 1964. ("Para a capa e para ilustrar as histórias aproveitaram-se fragmentos de desenhos que a Bertina tinha feito sem conhecer os meus escritos e que o Pancho usou depois de ver que as coisas que os desenhos contam são parecidas com as histórias que fiz." L.B.H (contracapa da 1ª edição).
Francisco Relógio, n. 1926, Vila Verde de Ficalho, Serpa; f. 1997. Começou no Prémio da Jovem Pintura, Galeria de Março, Lisboa, 1953. Esteve em L.M. em 1963/64 onde realizou um notável mural de 100 por 5 metros, gravado em pedra, na sede do Banco Nacional Ultramarino, depois Banco de Moçambique. Expôs em 1964 na galeria do Café Djambu. Retrospectiva em 1992 na Galeria Municipal da Amadora.
Malangatana Valente Ngwenya, n. 1936, Matalana, Marracuene; f. 5 de Janeiro de 2011, Matosinhos, Portugal* (*actualização). Em 1958, apoiado por Augusto Cabral, começou a frequentar o N.A. Primeira colectiva em 1959 na Casa da Metrópole e 1ª individual em 1961, na Associação dos Organismos Económicos. Em 1962, no nº 10 da revista "Black Orpheus" (Idaban, Nigéria), Julian Beinart dedicou um longo artigo à sua pintura (16 páginas e 15 reproduções) acompanhado por dois poemas. 1º prémio de pintura na Exposição de Artes Plásticas por ocasião das Festas da Cidade em 1964 - nesse ano é preso pela polícia política, durante 18 meses. Em 1968, Ulli Beier no seu livro Contemporary Art in Africa (Pall Mall Press, Londres), confere grande destaque à sua obra (pp. 62-72, 7 ilustrações). Bolseiro da F. Gulbenkian em Portugal, 1971; expôs em Lisboa pela primeira vez em 1972, na Galeria Buchholz e na SNBA. (Ver Malangatana, org. Júlio Navarro, ed. Caminho, Lisboa, 1998)
inauguração da 1ª exp. individual
Pedro Guedes, n. 1948, Joanesburgo, filho de Pancho Guedes. Participou no 1º Concurso de Arte Infantil em Moçambique, patrocinado pelo Núcleo, em 1958. Arquitecto e professor em Brisbane, Austrália.
Pedro Josefa Menge foi um artista que se dedicou aos bordados e à sua oferta comercial. Eram feitos por homens (em especial por soldados) e para auto-consumo, em travesseiros destinados ao enxoval, segundo P.G. Os primeiros filmes de cowboys exibidos ao ar livre tiveram grande impacto no início dos anos 60, e foram um tema frequente de desenhos e bordados.
R. Mabota é um pintor sobre o qual não há informações, mas um outro quadro de 1974 é reproduzido numa tese alemã (Romuald Tchibozo, U. Humboldt, Berlim: L’ART ET L’ARBITRAIRE: Une étude de la réception de l’Art africain contemporain en occident, le cas allemand de 1950 à nos jours.).
Rosa Passos, n. 1900, Porto; f. 1977 em Portugal. Viveu em L.M. de 1919 a 1975. Interessada pelo trabalho do filho (Álvaro), começou a pintar aos 65 anos. Expôs no Salão de Arte Moderna, 1966, e obteve o Prémio de pintura e o Grande Prémio no Salão de Artes Plásticas de 1967. Expôs no Palácio Foz (SNI, Lisboa) em 1970.
Zé Júlio, José Júlio Ferreira, n. 1925, Caldas da Rainha. A partir de 1949 viveu em Moçambique, com a profissão de faroleiro, e desde 1977 reside em Lisboa. Frequentou o curso de desenho e pintura no Núcleo de Arte desde 1957, aluno de João Ayres, e fez a 1ª individual em 1960.
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2. outras nacionalidades
Douglas Portway, n. Johannesburg 1922; f. 1993. Com uma primeira exposição em 1945, participou na Bienal de Veneza em 1956 e no ano seguinte instalou-se na Europa (Ibiza, St. Ives, na Cornualha, Dordogne, etc). Expôs em 1949, na Constantia Galery, Joanesburgo, com Pancho Guedes e Rosalind Hertslet.
Frank McEwen (1907-1994), artista britânico activo entre a vanguarda parisiense dos anos 30, depois delegado do British Council em Paris, foi o primeiro director da Rhodes National Gallery, Salisbúria (Harare), Rodésia do Sul (Zimbábue), de 1956 a 1973, onde criou a Workshop School e promoveu o movimento da escultura Shona. A colecção que legou ao British Museum não inclui nenhuma obra da sua autoria.
Isa Kabini, n. 1948, Vlakfontein, Gauteng, África do Sul, é – com Ester Mahlangu e Francine Ndimande - uma das mais importantes artistas cuja obra continua a tradição das pinturas murais dos Ndebele.
Manolis Callyanis, pintor grego amigo de Pancho Guedes, terá vindo para a África de Sul estudar arquitectura e partiu depois para Paris (percurso não localizado).
Tito Zungu (1939-2000), pintor autodidacta desde os anos 1960, viveu como camponês pobre em Mapumulo, KwaZulu-Natal, e trabalhou como cozinheiro em Durban. Primeira exposição individual em 1982 na Wits University Gallery, por iniciativa de Pancho Guedes, foi antes patrocinado por Jo Thorpe, do African Art Centre, e exposto pela Durban Art Gallery. Teve uma retrospectiva em Durban em 1997, e foi integrado desde 1990 nas grandes representações da África do Sul (Bienal de Veneza em 1993).
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Biographical notes
1. Artists from Mozambique and Portugal
Abdias Júlio Muhlanga, or Muchanga, (b.1940, Gaza). Muhlanga attended decorative painting night classes at Escola Industrial, while working as a car painter. Pancho Guedes included him in the exhibition that he took to the First International Congress of African Culture in Salisbury in 1962 – along with Malangatana, Alberto Mati, Augusto Naftal and Metine Macie (who was a servant, and a student at the Núcleo de Arte – one of his works in poor condition can be found in the collection). He was responsible for the Lourenço Marques city festival poster, which was selected in competition (also in 1962). In 1964, he participated in a Nucleus of African Secondary School Students from Mozambique exhibition, being arrested shortly after, remaining in prison for several years. After 1975, he went back to being a painter and exhibiting his art.
Alberto Chissano, (b.1935, Chicavane, Manjacaze; d. 1994). Chissano attended the Núcleo de Arte, first as a servant, and started exhibiting in 1966 at the first Salão of Modern Art, where Jorge Nhaka was the award-winning sculptor. In 1969, his work was exhibited at the Contemporary African Art show at the Camden Art Centre, London (the first international panorama of African art in Europe), alongside Malangatana, Valente Mahumana Mankew and the sculptor Munidawu Oblino Mabyaba - Mundau Oblino Mabjaia (Magaia, Mabyaya). He founded the Alberto Chissano Museum Gallery in the city of Matola.
Alberto Mati worked at the atelier of Pancho Guedes, who presented his drawings, some of them embroidered, at the 1962 Congress (see Abdias).
Álvaro Passos, (b. 1934, Inhambane - f. 6 Novembro 2010). Passos trained at the Núcleo de Arte and had his first solo show in 1962. He received an award in 1965 at the Plastic Arts Salão at the City Festival. He has lived and worked in Portugal since 1975.
Amaro is certainly Rui Amaro, who featured at the exhibition ”Paintings”, a collective show of students from the Núcleo de Arte, in other words, from the João Ayres School, in 1958, presented by José Blanc de Portugal, alongside Zé Júlio and Álvaro Passos. The Capitania Buildings near the Fortress, which was built in the colonial style from the iron architecture era, was demolished in 1950s.
Antero Machado, (b. 1934, Lourenço Marques). Antero was a student of Frederico Ayres at the Núcleo de Arte and made his debut in 1949 at the 1st General Exhibition of Plastic Arts. He was a painter, decorator and illustrator. In the 1960s, he settled in South Africa where, in 1983, he was one of the founders of TAM (Tertulia of Mozambican Artists). The Zambi Restaurant was built in 1956 before the visit of President Craveiro Lopes, designed by Pancho Guedes, who was also author of three mural panels that have been much altered since.
António Quadros, (b.1933, Viseu; d.1994, Santiago de Besteiros, Tondela). Quadros graduated in painting in Porto and lived in Mozambique between 1964 and 1984. In 1965, he won the 1st prizes for painting and drawing and the Grand Prix of the Plastic Arts Salon during the City Festival, organized by the Núcleo de Arte (See António Quadros. O Sinaleiro das Pombas, ed. Árvore, Porto 2001.)
Augusto Naftal was a very young artist that Pancho Guedes acquired many drawings from and whom he exhibeted at the Congress of 62 (See Abdias).
B. J. Sande was a waiter in Lourenço Marques. The painting was acquired in a furniture shop.
Bertina Lopes, (b. 1924, Lourenco Marques). Bertina was a students at the António Arroio and Belas Artes schools in Lisbon and teached drawing in Lourenco Marques from 1953 to 1961. She won a scholarship from the Gulbenkian Foundation (F.G.) and has lived in Italy since 1963. In 1993 she had a retrospective at the F.G., in Lisbon. Details of this exhibited drawings illustrated the 1st edition of We Killed Mangy Dog by Luis Bernardo Honwana, in 1964. ("We used fragments of drawings that Bertina had done without knowing my work for the cover and to illustrate the stories. Pancho used these after seeing that the things that the drawings describe resemble the stories I wrote.") L.B.H (back cover of 1st edition).
Francisco Relógio, (b. 1926, Vila Verde de Ficalho, Serpa; d. 1997). Relógio started at Young's Painting Prize, Galeria de Março, Lisbon, 1953. He was in Lourenco Marques in 1963/64, where he painted a remarkable 100 by 5-metre mural, engraved in stone, at the headquarters of Banco Nacional Ultramarino, later Banco de Moçambique. In 1964, he exhibited at the Café Djambu gallery. He had a retrospective at the Amadora Municipal Gallery in 1992.
Malangatana Valente Ngwenya, (b. 1936, Matalana, Marracuene - d. 5 January 2011, Matosinhos, Portugal*). In 1958, with the support of Augusto Cabral, Malangatana started attending Núcleo de Arte. He had his first collective exhibition in 1959 at Casa da Metrópole and his 1st solo exhibition in 1961 at the Associação dos Organismos Económicos. In 1962, in the 10th issue of the magazine "Black Orpheus" (Idaban, Nigeria), Julian Beinart dedicated a long article to his painting (16 pages and 15 reproductions) accompanied by two poems. He won 1st prize for painting at the Plastic Arts Exhibition during the City Festival in 1964 – in the same year, he was arrested by the political police and served 18 months. In 1968, in his book Contemporary Art in Africa (Pall Mall Press, London), Ulli Beier gave major focus to his work (pgs. 62-72, 7 illustrations). He gained a Gulbenkian Foundation scholarship in Portugal, in 1971, and exhibited in Lisbon for the first time in 1972, at the Buchholz Gallery and SNBA. (See Malangatana, org. by Júlio Navarro, ed. Caminho, Lisbon, 1998)
Pedro Guedes, (b. 1948, Johannesburg). Pancho Guedes’s son. Participated in the 1st Children's Art Competition in Mozambique, sponsored by the Núcleo de Arte in 1958. Architect and teacher in Brisbane, Australia.
Pedro Josefa Menge was an artist whose work focussed on embroidery and its commercialisation. Embroidery was produced by men (especially soldiers) and for internal consumption, for pillows for the trousseaus of would-be-brides, according to Pancho Guedes. A common theme used in drawings and embroidery was that of cowboys and westerns, due to the major impact that this genre had in outdoor screenings in the early '60s.
R. Mabota is a painter about whom there is no information; however there other picture from 1974 that is reproduced in a German thesis (Romuald Tchibozo, U. Humboldt, Berlin).
Rosa Passos, (b. 1900, Porto; d. 1977 in Portugal). Lived in Lourenço Marques from 1919 to 1975. Interested in her son’s work (Álvaro), she started painting at the age of 65. She exhibited at the Modern Art Salon, in 1966, and was awarded the Painting Prize and the Grand Prix of the Visual Arts Salon of 1967. Passos exhibited at Palácio Foz (SNI, Lisbon) in 1970.
Zé Júlio, José Júlio Ferreira, (b. 1925, Caldas da Rainha). Júlio moved to Mozambique in 1949, where he worked as a lighthouse keeper. Since 1977, he has lived in Lisbon. He attended the drawing and painting course at the Núcleo de Arte in 1957, and was pupil of João Ayres, having his first solo exhibition in 1960.
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2. Other nacionalities
Douglas Portway, b. Johannesburg (1922-1993). His first exhibition took place in 1945. After participating at the Venice Biennale in 1956, he settled in Europe (Ibiza, St. Ives, Cornwall, Dordogne, etc.). In 1949, he had an show at the Constantia Gallery, Johannesburg, with Amâncio Guedes and Rosalind Hertslet.
Frank McEwen (1907-1994), British artist active among the Parisian avant-garde of the 1930s. He later became the British Council delegate in Paris and first director of Rhodes National Gallery in Rhodesia (Zimbabwe), between 1956 and 1973, where he founded the Workshop School and promoted the Shona sculpture movement. The collection he bequeathed to the British Museum does not include any sculpture of his own.
Isa Kabini, b. 1948, Vlakfontein, Gauteng, South Africa, is one of the most important artists whose work continues the traditional art of Ndebele mural paintings, alongside Ester Mahlangu and Francine Ndimande.
Manolis Callyanis, Greek painter and friend of Amâncio Guedes, went to South Africa to study architecture, later moving to Paris (unknown career).
Tito Zungu (1939-2000), self-taught painter since the 1960s, he lived as a poor farmer in Mapumulo, KwaZulu-Natal and worked as a cook in Durban. He had his first solo exhibition in 1982 at the Wits University Gallery, on the initiative of Pancho Guedes. Previously, he had been sponsored by Jo Thorpe, from the African Art Centre, and his work was exhibited at the Durban Art Gallery. He had a retrospective in Durban in 1997, and since 1990 his work has been included in virtually all of South Africa’s major representations of art (Venice Biennale in 1993).
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Foi indispensável a consulta do trabalho de Alda Costa, Arte e Museus em Moçambique (tese de doutoramento), Lisboa, 2005, na Biblioteca Nacional.
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África do Sul, Moçambique, Rodésia do Sul Nigéria, pela "timeline" do Metropolitan, a propósito de "As Áfricas de Pancho Guedes":
- a referência ao movimento CoBrA (1948) é um ponto de partida a ter em conta; Dubuffet e a Arte Brut (Raw Art, Outsider Art, designações próximas, for art produced by non-professionals working outside aesthetic norms) são contemporâneos (1949: Jean Dubuffet précise sa définition de l’Art Brut dans « L’Art Brut préféré aux arts culturels ». Ce texte, qui a valeur de manifeste, figure dans le catalogue accompagnant la première exposition d’ensemble de La Compagnie de l’Art Brut, à la galerie René Drouin, à Paris.) entre a ideia de "low art" e a procura dos "primitivos".
- o workshop de Amâncio/Pancho Guedes é de Janeiro de 1961 (1); em Abril a Architectural Review, em Londres, dedica a capa à obra de arquitecto (2), que expõe na Bienal de São Paulo como representante de Moçambique (3); no mesmo ano ocorre a 1ª exp. individual de Malangatana em Lourenço Marques (4). Em 1962, a revista Black Orpheus (Ibadan, Nigéria) dedica-lhe um longo artigo (5), e é exposto no Mbari Club (6).
- Frank McEwen em Salisbury (Rodésia do Sul), organizador do Congresso de 1962; Ulli Beier, fundador do Mbari Club na Nigéria (7), e Julian Beinart, autor dos artigos sobre Pancho Guedes e Malangatana antes citados, co-animador dos workshops de Lourenço Marques, Ibadan, etc, são as figuras decisivas de uma rede de promotores ou patronos activos no início dos anos 60.
A cronologia africana do Met (Heilbrunn timeline of art history): Amâncio Guedes, Malangatana, Frank McEwen, Ulli Beier...
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(1), Malangatana no workshop de Janeiro de 1961
(2) Architectural Review, capa com pormenor do Hotel para São Martinho do Bilene, não construído (1963)
(3) Bienal de São Paulo, 1961, com o Leão que Ri em 1º plano
(5) Malangatana pintor e poeta (1962, reimpressão de 1983)
(6) convite com texto de Ulli Beier
(Uche Okeke, Ibrahim El-Salahi, Twins Seven Seven, Vincent Kofi e Malangatana são os artistas com maior destaque à época - e o norte-americano Jacob Lawrence, de visita à Nigéria).
É Tristan Tzara quem apresenta a comunicação de Amâncio/Pancho Guedes no Congresso de Salisbúria; visita em seguida Lourenço Marques/Maputo.
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Tags: Amâncio Guedes, Frank McEwen, Julian Beinart, Malangatana, Mbari Club, Pancho Guedes, Ulli Beier
"As Áfricas de Pancho Guedes"
Mercado de Santa Clara, Campo de Santa Clara /Feira da Ladra), Lisboa, Portugal
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Uma colecção africana
A arte tradicional das máscaras e outros artefactos rituais, de que se ocupam as colecções dedicadas a África mais habitualmente mostradas, e que documentam um passado histórico e tribal mais ou menos distante, primitivo e perdido, reune-se na colecção de Dori e Amâncio Guedes com as obras ditas de artes plásticas com que se começou a afirmar a modernidade artística do continente, a partir dos anos 50, ao tempo das primeiras independências. Um excepcional conjunto de 17 pinturas de Malangatana dos anos 1959-61, no exacto início da sua carreira, é a expressão mais forte desse núcleo da colecção.
Mas a exposição "As Áfricas de Pancho Guedes" inclui também manifestações de arte popular onde se revelam novas formas de criatividade original que respondem às transformações das sociedades tradicionais, com destino aos mercados urbanos, como é o caso especial da escultura oriunda dos arredores da antiga Lourenço Marques, agora Maputo. E acolhe igualmente objectos de uso quotidiano, de restrito prestígio social ou de uso corrente e democrático, que aliam a exigência da funcionalidade à invenção de formas distintivas de diferentes culturas e regiões, de que são exemplos mais frequentes os bancos e os apoios de cabeça que fazem as vezes de travesseiros.
A diversidade dos núcleos da colecção assim vistos em contiguidade põe em questão as fronteiras entre géneros e as respectivas hierarquias, ilustrando a multiplicidade e a simultaneidade das práticas numa África viva e sempre em mudança – aqui, a partir de um momento decisivo da história comum, as décadas de 50/60.
O acervo que se expõe, depois de ir viajando e ampliando-se pelos vários espaços domésticos dos seus proprietários (Lourenço Marques, Joanesburgo, Lisboa), também permite pôr em diálogo ou em conflito as variadas relações que se estabelecem com o diferente e o exótico, o tradicional e o moderno, questionando o valor atribuído às antiguidades e as reacções face à novidade, proporcionando a abordagem erudita do antropólogo ou do historiador de arte e o olhar sensível mais interessado pelas formas, ou pelo acordo entre a função e a forma, mesmo se a localização ou a cultura de origem não está identificada.
Viaja-se da chamada "arte tribal" (que já foi arte negra e foi arte primitiva e que alguns designam agora como artes primeiras) até à arte popular destinada ao consumo urbano, passando pelas situações de convivência ou transição entre as tradições locais e as técnicas artísticas de lição ocidental, com atenção às criações de amadores e artistas "outsiders”. “É tudo arte popular”, diz Pancho Guedes.
A formação da colecção acompanha a intensa actividade desenvolvida em Moçambique e depois na África do Sul por Pancho Guedes, arquitecto e professor, testemunhando o seu interesse constante pelo diálogo concreto com outros modos de expressão. Os objectos que coleccionou, como ele próprio também afirma, ajudaram-no a livrar-se “do eurocentrismo dominante do homem branco que vive na terra dos outros” (In Pancho Guedes, Vitruvius Mozambicanus, Museu Colecção Berardo, 2009, pág. 165).
Noutras situações, mais frequentes, a selecção coleccionista dos objectos, com os seus critérios próprios de atribuição de valor e distinção, é um exercício possessivo de eurocentrismo. Ao contrário das colecções que se querem especializadas ou sistemáticas, feitas na Europa e no mercado dos antiquários, esta é uma colecção africana vivida em África, reunida ao sabor das viagens, das circunstâncias e dos encontros pessoais, feita de escolhas próprias, com algumas recolhas no terreno e também com um olhar subtilmente erudito e atento exercido sobre a oferta múltipla dos vendedores de feira. Dos cemitérios Mbali em Angola aos terreiros de adivinhos Yoruba, na Nigéria, e aos contactos directos com os populares macua-lómue, a quem adquiriu tanto as raríssimas máscaras de entrecasca de árvore como os bancos pessoais que os homens transportam consigo na bicicleta.
É uma colecção plural e diversificada, uma colecção de colecções, mas em especial um acervo singular e ideossincrático, associado à própria actividade criadora de um grande arquitecto com inúmeras obras construídas em África, que é também pintor e escultor (tudo isso se mostrou amplamente na exposição apresentada no CCB/Museu Colecção Berardo, em 2009). E que – ponto menos referido - é igualmente reconhecido internacionalmente como um dos principais patronos ou impulsionadores da arte contemporânea africana numa década decisiva, a das independências de muitas antigas colónias, em diálogo estreito com figuras determinantes como Frank McEwen, em Salisbúria/Harare, o organizador do 1º Congresso Internacional da Cultura Africana em 1962, ou Ulli Beier, fundador do Mbari Club e da revista Black Orpheus, em Ibadan, Nigéria.
O cenário expositivo bifurca-se pela galeria das chamadas artes plásticas e pelo itinerário através dos objectos tribais e/ou populares. No percurso lateral do Mercado de Santa Clara, as máscaras estão desde logo em evidência com a teatralidade específica dos lómues e macondes, e destacam-as duas antigas e muito raras máscaras Ngoni/Nyau de Moçambique, cujo naturalismo identifica uma direcção estética aí muito presente, divergente das orientações sintéticas e abstractas que interessaram as vanguardas do século XX. A arte funerária Mbali, de Angola, é entretanto um caso específico de aculturação, de arte popular. A arte do bronze e o tráfico do ouro da antiga Nigéria comparece em versões aí recolhidas nos anos da respectiva independência, e no campo dos objectos rituais destacam-se como muito pouco vistas as bonecas do Sudoeste de Angola, que também são brinquedos. As peças de escultura maconde documentam momentos de transição de um grupo étnico há muito identificado pela produção de arte - agricultores e artistas -, sendo exemplos singulares as figuras dos dois veneráveis casais e depois as ilustrações da ordem colonial.
No espaço dedicado a processos e suportes artísticos de lição europeia (a pintura móvel), atravessa-se também uma situação plural onde convivem artistas de origem portuguesa e os primeiros pintores locais, de formação escolar ou sem ela, mas aí podem caber práticas da escultura que têm fortes linhas de continuidade com a tradição. Ao lado de Malangatana estão os outros africanos que Pancho Guedes levou ao Congresso de 1962, até agora nunca de novo reunidos, e mais pintores que intervieram numa situação que os impasses da guerra colonial afectou. Artistas eruditos ou de aprendizagem local, conhecidos e desconhecidos – são as obras que valem por si, e por terem sido coleccionadas por Dori e Pancho Guedes.
Entre as derivas mais originais, estão os bordados feitos por homens de Lourenço Marques/Maputo, vindos de uma recente tradição perdida, e já ignorada, e o caso singular do pintor Tito Zungu, de que Pancho Guedes apresentou a primeira exposição individual em 1982, e que em 1993 pôde integrar a representação oficial da África do Sul na Bienal de Veneza. São as Áfricas, várias Áfricas, que aqui comparecem, e de que assim nos podemos aproximar, não uma qualquer ideia redutora das muitas diferenças locais e das múltiplas relações a estabelecer.
Alexandre Pomar
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Foi um acto de grande significado político a homenagem prestada pelo Governo português a Malangatana, e em especial a escolha do lugar onde ela teve lugar, o refeitório do Mosteiro dos Jerónimos. Para além de grande pintor, que é seguramente o maior pintor africano, a figura de Malangatana tem uma notoriedade única no seu país, que atravessou os diferentes regimes com uma comunicabilidade, com uma capacidade de identificação com o seu povo, com uma presença emblemática largamente reconhecida dentro e fora de fronteiras, que não tiveram outros nomes da cultura ou da política. A criação de imagens tem poderes únicos.
Desaparecidos os grandes dirigentes nacionais, Mondlane e Machel, Malangatana representou muito mais do que a sua obra de pintor, mas mantendo com esta, ao longo de cinco décadas, as promessas que marcaram a sua fulgurante revelação no início dos anos 60. A sua obra e a sua divulgação internacional participaram da euforia da década das independências, mesmo se Moçambique iria ter uma longa guerra de libertação, uma problemática revolução e uma cruel guerra civil no seu difícil futuro. Essa energia inicial de Malangatana reafirmou-se até ao fim, o que é muito raro.
Associando-se à dimensão política e de Estado que tem a morte de Malangatana, a par da dimensão artística que lhe serve de base, os Ministérios da Cultura e dos Negócios Estrangeiros de Portugal assumiram a responsabilidade de valorizar a longa ligação do pintor a Portugal (em todas as suas dimensões, melhores e piores, incluindo a prisão pela PIDE em 1964-65) e, com ela, a importância estratégica dessa decisão para o futuro da relação entre os países, e entre culturas e populações que têm fortes histórias comuns.
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Posted at 05:52 in Africa, Exposições 2010, Pancho Guedes | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
Guarda-se para ver depois, parece ter pistas interessantes e boas referências, Pancho Guedes, Peter Rich, etc:
"The work of architect Pancho Guedes is a fusion of European modernism with African artistry."
O link para o pdf, via:
http://www.nkafoundation.org/competitions.html
GHANA: 2011 OPEN ARchiTecture CHALLENGE
(International art+architecture Design Competition)
CALLING ALL ARCHITECTS, ECO-COMMUNITY DESIGNERS, STRUCTURAL ENGINEERS & IMAGINATIVE OTHERS:
In West Africa, from the cities to the low-income villages, earth architecture is fast giving way to modern dwellings (made of cement-blocks and corrugated zinc-roof that are expensive and thermally and acoustically problematic). On the fringes of environmental issues and Open Source concept, we are developing a model arts village in the Ashanti Region of Ghana for replication in other parts of West Africa. The challenge i s to design and build units, such as a Multipurpose Arts Center, Residential Courtyard that sleeps 21 persons, Community Kitchen, Courtyard for arts studios and a Recreational Sports Ground on a 10-acre lot and with a budget of $42,000-$62,000 and earth under the feet. We are interested in design solutions that integrate art into architecture for a more sustainable future. We emphasize that the design should provide a comfortable, and multi-use of space and should be easily built from local materials and local labor at low cost for use by the international arts community.
O Abetinm art Centre... "Each One Teach One by Gregory Simoes.pdf"
www.nkafoundation.org/.../Abetenim%20Art%20Centre%20-...
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Uma boa surpresa é encontrar na Biblioteca da Gulbenkian o pequeno livro de Ulli Beier intitulado "Art in Nigeria 1960":
Um livro pioneiro e ainda oportuno, insubstituível, publicado pela Cambridge University Press, com 24 páginas de texto e muitas ilustrações. Foi o ano da independência da Nigéria (entre 17 países africanos) e parece ter sido Ulli Beier quem organizou a respectiva exp. comemorativa.
Em 1968, depois de ter deixado a Nigéria após o 1º golpe de estado, publicou o livro CONTEMPORARY ART IN AFRICA, ed. Pall Mall Press, London, que continua a ser uma obra sem paralelo pelos critérios de proximidade pragmática ou de declarada cumplicidade crítica com que percorre o seu tema e se relaciona com as obras e os artistas. (E esse a Biblioteca não possui...)
Continue reading "(consultas) Passagem pela Nigéria, 1960" »
Posted at 02:12 in Africa, Pancho Guedes, Ulli Beier | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
Nº 10, 1962 (reprint 1983) (Col. Nuno Salgueiro Lobo, obrigado)
Julian Beinart, "Malangatana" (pp. 22-27 + 10 páginas de ilustrações pb). Two poems, by Valente Malangatana (pp. 28-29). in Black Orpheus, pub. Mbari Artist and Writers Club, Ibadan, Nigéria, editors: Ezekiel Mphahlele, Wole Soynka e Ulli Beier.
É o 1º artigo (um dos 1ºs?) publicado fora de Moçambique sobre M.
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A bibliografia de referência sobre arte moderna e contemporânea africana deve estar em "Modern African Art : A Basic Reading List", estabelecida por Janet L. Stanley, do National Museum of African Art Branch Library.
http://www.sil.si.edu/SILPublications/ModernAfricanArt/newmaa.cfm
A classificação "Modern African art" é definida assim: "here means academic artists, but it also embraces those who have not passed through the academy - self-taught, street artists, workshop artists. Similarly, references to popular arts, including tourist arts, are not beyond the pale. However, it generally excludes contemporary craft producers, such as potters, basket weavers, jewelry makers and the like." O que caracteriza um universo artístico em que as fronteiras vacilam constantemente.
É significativo que Inclua uma só exp. para os anos 60, já em 1969, em Londres - e que essa seja a 1ª da lista. A publicação/catálogo muito ilustrado que a acompanhou encontrei-a num alfarrabista em Lisboa ( http://alexandrepomar.typepad.com/alexandre_pomar/2009/12/african-art-1969.html ), com o que se abriu ou, melhor, reforçou outra linha de interesses)
Contemporary African Art (published by Studio International as the catalogue of an exhibition of Contemporary African Artheld at the) Camden Arts Centre, London. August 10 - September 8 1969. (London, New York: Studio International, 1969. 40 pp. illus. (pt. color), map, ports.) (24 x 24 cm)
Posted at 04:29 in Africa, Pancho Guedes | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
1 . Short century: independence and liberation movements in Africa, 1945-1994 / edited by Okwui Enwezor. Munich; New York: Prestel, 2001. 496pp. illus. (pt. color).
A project of Museum Villa Stuck, Munich, in co-operation with House of World Cultures, Berlin - Museum Villa Stuck, Munich 15 Febr. 2001 / Martin-Gropius-Bau, Berlin / Museum of Contemporary Art, Chicago - 8 Sept. - 30 Dec. 2001 / P.S.1 and Museum of Modern Art, New York - 10 Febr. - 5 May 2002: ver http://universes-in-universe.org/eng/specials/2001/the_short_century
Susanne Wenger*, Yemoja. 1958, Batik © Photo: Haupt & Binder
(*1915 Graz, Austria. Lived in Nigeria, where she was a Yoruba priestess. + 2009 Osogbo, Osun State, Nigeria)
Posted at 16:58 in Africa, Pancho Guedes, Ulli Beier | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
http://www.metmuseum.org/toah/ht/?period=11®ion=afg#/Key-Events
Metropolitan Museum - HEILBRUNN TIMELINE OF ART HISTORY - Guinea Coast, Central Africa, Southern Africa... 1900 A.D.–present:
CRONOLOGIA ÁFRICAS (selecção)
1937 The Fine Arts School is founded at Makerere College in Kampala, Uganda, and Margaret Trowell is appointed its director. She develops a curriculum that cultivates and preserves indigenous African styles and aesthetic values while introducing new media and methods of art production such as silkscreen printing and easel painting. Promising students, such as Tanzanian painter Sam Ntiro (1923–1993), are sent to study at the Slade School of Fine Art and the Royal Academy of Arts in London. The work of her students is displayed at the Imperial Institute, London, in 1939.
1938 Walter Battiss (1906–1982), Alexis Preller (1911–1975), and other young South African artists coalesce as the New Group in response to the British-inspired academicism of current South African art. Having seen indigenous African artworks such as San rock paintings, the artists seek an alternative modern art rooted in the integration of African and European aesthetics, and organize exhibitions showing work of black South African artists such as painter Gerard Sekoto (1913–1993). The New Group, and South African artists in general, benefit from the immigration of European intellectuals fleeing the totalitarian regimes emerging in Europe at this time.
1948 Apartheid in South Africa commences as the Afrikaner National Party comes to power under the leadership of Daniel F. Malan and the all-white parliament.
1948 The Polly Street Centre is established in Johannesburg as a community center for black township youths. Cecil Skotnes (born 1926) becomes the director of the arts workshop in 1952, and encourages students to study West and Central African sculpture. Artists such as Durant Sihlali, Ephraim Ngatane, Sydney Kumalo, Ben Macala, Louis Maqhubela, Lucas Sithole, and Helen Sebidi receive their initial training there.
1948 South African artist Ernest Mancoba (1904–2002) participates in the HØST COBRA exhibition in Copenhagen.
1950s-60s Amancio Guedes, a Portuguese architect residing in Maputo, Mozambique, organizes informal workshops for young artists. Among the participants is Malangatana Ngwenya (born 1936), whose paintings are later shown by the Mbari Artists and Writers Club in Ibadan, Nigeria. (a nota faz uma antedatação: será de facto 1960s)
Posted at 17:49 in Africa, ICAC, Pancho Guedes, Ulli Beier | Permalink | Comments (0)
Pancho Guedes, Lourenço Marques e Malangatana (1959...), com Frank McEwan e Julian Beinart: "the short cut", em
Beier, Ulli. Contemporary art in Africa. London: Pall Mall Press; New York: Frederick Praeger, 1968. xiv, 173pp. illus. (pt. color).
"An important early survey of contemporary African art focusing on the new artists, that is, those working in non-traditional modes and settings. Covers all the new schools of art with particular emphasis on Beier's own experience with the Oshogbo artists." Reviewed by E. Okechukwu Odita in Africa report (New York) January 1970, pp. 39-40. in Modern African Art : A Basic Reading List General Surveys and Critiques - http://www.sil.si.edu/SILPublications/ModernAfricanArt
Lourenço Marques, 1959..., Pancho Guedes no centro /num dos centros da afirmação da nova arte africana (contemporânea), com Frank McEwen, Julian Beinart, Ulli Beier e... Malangatana (o único nomeado, além da ref. a desenhos murais urbanos)
Lourenco Marques, Salisbury and Oshogbo "schools"
37 Valente Malangatana, Mulheres (óleo. s-d.), pág. 70
Posted at 11:29 in Africa, Arte Africa, Moçambique, Pancho Guedes, Ulli Beier | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
A primeira grande exposição colectiva internacional (first attempt at a compreensive view) de artistas africanos, designados pelos seus nomes e como contemporâneos, realizada na Europa, aconteceu em 1969, há 40 anos apenas:
CONTEMPORARY AFRICAN ART, Published by Studio International as the catalogue of Contemporary African Art held at the Camden Arts Centre, London, August 10 - September 8 1969 (24 x 24 cm, 40 p.)
(Num livreiro alfarrabista perto de nós)
Estiveram então representados quatro artistas de Moçambique (dados biográficos no cat., sem lista ou reprodução de obras - existe separata com lista de autores e obras):
Alberto Mabungunyana Chissano,
Munidawu Oblino Mabyaya, escultores;
Valente Malangatana (1936, n. Marracuene)
e Valente Mahumana Mankew (n. Matalana), pintores.
Nenhuma intermediação portuguesa, oficial ou privada, é referida no cat., mas Pancho Guedes (ou "a portuguese architect of international reputation, Amancio D'Alpoim Guedes") é referido como um dos patronos (ou mecenas) responsáveis pela "descoberta" ou pelo encorajamento dos artistas africanos, ao lado de outros dois nomes essenciais neste domínio e que desde o início dos anos 60 estavam em contacto com ele: Ulli Beier (então na Nigéria) e Frank McEwen (Rodésia) - três nomes, com Julian Beinart, referido por Dennis Duerden (2010).
Pancho Guedes é citado nos artigos "African art today" de Dennis Duerden e "Art in Africa" de Lionel Ngakane, para além da nota biográfica de Malangatana. Esse mesmo papel de mecenas ou mediador é sinteticamente reconhecido a Pancho Guedes (e aos dois outros referidos e a poucos mais) no livro Contemporary African Art de Sidney Littlefield Kasfir, Thames & Hudson - 1999, trad francesa de 2000.
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Foto Annett Bourquin, "O Leão que ri", Maputo (1958-2006?)
A exposição terminou (no CCB / Museu Berardo), mas um comentário que chegou a uma nota antiga - quando a mostra de Pancho Guedes da Suíça não tinha sequência em Lisboa (e acabou por ter numa escala bem maior e com outro comissariado) - justifica uma nova referência.
"His connection with Africa allowed Pancho to liberate himself from the
constraints and restrictive ideas that dominate the mainstream of the
art world" - escreve Isabel Barros
Posted at 14:25 in Arquitectura, CCB, Exposições 2009, Moçambique, Museu Berardo, Pancho Guedes | Permalink | Comments (3) | TrackBack (0)
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Na véspera da inauguração...
...da exp. "Pancho Guedes - Vitruvius Mozambicanus", no CCB: dia 18 domingo às 19h30.
Pedro Gadanho (rfealização de ) foi o comissário da mostra PANCHO GUEDES - AN ALTERNATIVE MODERNIST, apresentada no S AM, Swiss Architecture Museum, Basel, em 2007.
A actual retrospectiva do CCB é comissariada por Pedro Guedes, Professor da Universidade de Queensland (Austrália), arq. e filho de Pancho.
O filme ( documental, informativo, conciso, emocionante por vezes ) é uma apresentação eficaz da obra e da pessoa de Pancho Guedes, um dos mais importantes arquitectos portugueses do séc. XX (depois de Marques da Silva, de Cassiano Branco, de Keil do Amaral, sem esquecer Siza Vieira). Com a qualidade de ser uma figura única da arquitectura de África. Que tudo tenha acontecido em Moçambique (e depois na África Austral) é uma oportunidade suplementar para repensar o passado nacional recente.
Certamente o filme voltará a passar várias vezes durante o período de apresentação da (ou na própria) exposição.
Posted at 19:28 in Inaugurações 2009, Pancho Guedes | Permalink | Comments (0) | TrackBack (0)
Tags: CCB, Museu Berardo, Pancho Guedes
Em Setembro de 2007 uma exposição dedicada a Pancho Guedes inaugurou-se no Museu Suíço de Arquitectura (S AM), em Basileia, assinalando a presidência portuguesa da UE e em conjunção com a - e em resposta à - extensa retrospectiva de Le Corbusier no Vitra Design Museum. Esta mesma mostra do Le Corbusier já esteve no CCB, onde foi um dos grandes acontecimentos discretos de 2008, e agora chega a de Amâncio d'Alpoim Miranda Guedes, ou Pancho Guedes. Lá chamou-se em subtítulo "UM MODERNISTA ALTERNATIVO" e aqui vai chamar-se VITRUVIUS MOZAMBICANUS.
NÃO É A MESMA EXPOSIÇÂO PANCHO GUEDES DA SUÍÇA QUE VEM AO CCB - VER COMENTÁRIO ABAIXO
Posted at 19:15 in Arquitectura, CCB, Exposições 2009, Moçambique, Museu Berardo, Pancho Guedes | Permalink | Comments (2) | TrackBack (0)
Tags: CCB, Museu Berardo, Pancho Guedes
Depois de Maputo ,
PANCHO GUEDES, An alternative Modernist
Museu Suíço de Arquitectura SAM Basileia - 30.09.07 – 20.01.08
Curated by Pedro Gadanho * (Ver abaixo comentário de Pedro Gadanho)
INVITATION TO THE EXHIBITION OPENING ON SATURDAY, 29. SEPTEMBER 2007, AT 7 PM, #
S AM SWISS ARCHITECTURE MUSEUM, BASEL
On the occasion of the Portuguese Presidency of the European Union, his Excellency the Ambassador of Portugal to Switzerland and the Swiss Architecture Museum cordially invite you to the opening.
The first major exhibition on the Portuguese architect Pancho Guedes focusses on 25 years of his life and work in Mozambique from the 1950s onwards. Pancho Guedes incorporated the richness of African culture and developed a prolific range of styles, confounding conventional preconceptions on the nature of architectural production. Combining the experimental freedom of the artist with the
creative wealth of the specialist, he is an architect who realises that at the heart of the true modernist lies an enduring openness to a myriad of cultural influences.
S AM No. 3: the accompanying publication, pulished by Christoph Merian Verlag
will be presented on the occasion of the opening.
S AM will be host to the first major exhibition on Pancho Guedes, the portuguese Architect and eclectic modernist. The exhibition will open In September 2007 in conjunction with - and as a response to - the large scaleretrospective on Corbusier at the vitra design museum.
Living and working for most of his life in Mozambique, Pancho Guedes absorbed the influences of African culture and developed an extraordinary range of styles in a manner that confounds conventional preconceptions on the nature of architectural production.
His wide range of styles and his painting, sculpture, and built works meld into a world that combines the experimental freedom of the amateur, with the creative wealth of the specialist; an architect who realised that at the heart of the true modernist lies an enduring openness to a myriad of cultural influences.
"With work drawn from Pancho Guedes' previously unpublished archives, the exhibition can reveal the prolific output of an architect who, working in one of the most cosmopolitan contexts in Africa in the 1950s, anticipated various trends and ways of thinking that are still to be found today in the international context." - Pedro Gadanho
O Leão que ri, LM 1955-56
E VIRÁ A LISBOA??? * Ver comentários
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Tags: Pancho Guedes, Pedro Gadanho, SAM
Posted at 21:31 in Arquitectura, Moçambique, Pancho Guedes | Permalink | Comments (1) | TrackBack (0)
Tags: Maputo, Pancho Guedes