Xana, "Arte opaca e outros fantasmas", exposição antológica 1988-2005, Culturgest, Lisboa (e Palácio da Galeria, Tavira)
Texto do catálogo:
«…mas ainda estamos a tempo de salvar o mundo»
Antologiar é também excluir. No caso de Xana, em que a criação e a
instalação efémeras bem como as obras de vocação pública e dimensão
urbana, temporárias ou permanentes, são partes essenciais do seu
percurso, e talvez a sua direcção de trabalho mais conhecida, mais
admirada, o que esta antologia exclui, ou não mostra, não deve passar
em silêncio, logo no início da sua apresentação. É muito o que aqui se
expõe e é muito, igualmente, o que não se pode expor ou não se quis
expor. Há critérios de organização que importa esclarecer já.
Por natureza, não se podem expor as obras de escala urbana nem as
construções ou instalações temporárias - Xana reconstrói ou recicla,
por vezes, secções das suas instalações, mas não se interessa pela
respectiva conservação readaptada a diferentes lugares, mesmo que
museológicos. Seria contraditório com a própria razão de ser da
efemeridade, quando ela é consequente, como é o caso, reconstituir
ambientes e transformações de espaços concretos, que tiveram a sua
razão de ser num tempo e num lugar bem precisos.
Kulturgeschichtliches Museum, madeira pintada, 8,6 x 16,5 m Osnabruck, "Arte Portuguesa 1992"